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Medicamentos de ‘kit intubação’ repassados pelo Ministério da Saúde vão se esgotar em 48 horas, diz secretário da Saúde de SP

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou nesta sexta-feira (16) que a quantidade de medicamentos do chamado "kit

Medicamentos
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Redação Publicado em 17/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h26


Segundo Jean Gorinchteyn, as cerca de 407 mil doses de medicação entregues ao estado pelo governo federal não resolverão o problema de abastecimento dos hospitais. Nesta sexta, o Ministério Público Federal protocolou um pedido de liminar para que a União faça a reposição emergencial de remédios para intubação no estado.

O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou nesta sexta-feira (16) que a quantidade de medicamentos do chamado “kit intubação” repassada pelo Ministério da Saúde ao estado é suficiente apenas para atender a demanda de pacientes pelo período máximo de 48 horas.

Também nesta sexta-feira (16), o Ministério Público Federal (MPF) protocolou um pedido de liminar para que a União faça a reposição emergencial dos medicamentos do “kit intubação” no estado de São Paulo.

Na ação, o MPF solicita à União que São Paulo receba, em caráter de urgência, volume equivalente à demanda correspondente a três vezes o consumo médio mensal desses remédios, como apontado em monitoramento realizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Sobre o repasse de medicamentos já feitos ao estado, segundo Gorinchteyn, foram 552 mil doses em março, “e tiveram uma durabilidade de quatro dias no nosso estado. Dos 2,3 milhões que vieram das empresas privadas para o Ministério da Saúde, São Paulo terá um quantitativo de 407 mil doses, o que dará apenas para 48 horas”.

De acordo com o secretário, com o reforço dos produtos enviados pelo governo federal, os estoques de medicamentos do “kit intubação” em São Paulo oferecem apenas sete a nove dias de dianteira da secretaria no fornecimento desses produtos aos municípios.

“Estamos há 40 dias falando que temos estoques para apenas sete ou nove dias. E nós não tivemos problema nesse estoque, porque continuamos adquirindo pequenas quantidades de um ou outro fornecedor. E, dessa forma, fazendo o realocamento dessas medicações para todos os municípios. Dessa forma, estamos, como digo, sobrevivendo a cada dia e ajudando todos os municípios para que nós não tenhamos problemas. Então, dessa maneira, fazendo essas aquisições, mesmo em pequenas quantidades, é o suficiente para acolher a todos”, disse.

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Gorinchteyn reafirmou que o estado de São Paulo pretende fazer uma compra internacional na próxima semana para reabastecer o estado e não deixar os pacientes com Covid-19 desassistidos. Ele declarou, porém, que o estado tem feito realocamentos diários dos produtos de intubação entre hospitais e municípios e até substituindo medicamentos para dar conta da alta demanda.

“Estamos, como digo, sobrevivendo a cada dia. Nós também tivemos a preocupação, há 40 dias, de mudar a referência das drogas que eram usadas, através de novos protocolos. Esses protocolos garantiram que cada classe de medicação pudesse ter outras alternativas, para que todos pudessem ter uma intubação absolutamente qualificada e efetiva”, afirmou.

Em nota, a gestão Doria afirmou que o lote de medicamentos repassados pelo ministério só começou a chegar ao almoxarifado da Secretaria da Saúde no fim da tarde desta sexta, 24 horas depois do anúncio do governo federal e que o carregamento passará por conferência da equipe técnica.

“O plano de distribuição já foi elaborado pela Coordenadoria de Assistência Farmacêutica e o envio aos serviços de saúde ocorrerá neste final de semana. As 407 mil ampolas previstas para o Estado equivalem a no máximo três dias de consumo frente à demanda atual dos serviços de saúde de referência para COVID-19 no SUS de SP”, diz o texto.

Chegada do avião que trouxe carregamento de remédios para intubação de pacientes — Foto: Divulgação

Chegada do avião que trouxe carregamento de remédios para intubação de pacientes — Foto: Divulgação

Doações privadas

Segundo o Ministério da Saúde, foram comprados 2,3 milhões de medicamentos de intubação orotraqueal. O estado de São Paulo vai receber 407.507 medicamentos, uma quantidade insuficiente e deve durar no máximo três dias, já que a demanda é de 3,5 milhões por mês.

O lote saiu da China na madrugada desta quarta (14) e desembarcou no Aeroporto de Guarulhos na noite de quinta (15). Os produtos foram doados ao governo federal por um grupo de empresas formado por Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen.

O repasse acontece depois de nove ofícios enviados pelo governo de São Paulo pedindo ajuda emergencial na reposição dos produtos usados no tratamento de pacientes internados com Covid-19 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de todo o estado.

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A cidade de Arujá tem medicamento para apenas 5 dias. Diadema para 7 dias. São Caetano para 9 dias. Já nos municípios de Juquitiba, Ribeirão Pires e São Bernardo, o medicamento deve durar 10 dias. Em Osasco e Poá têm o suficiente para até duas semanas.

De acordo com o Conselho de secretários municipais de Saúde do estado, pelo menos um remédio para intubação está em falta em 75% dos serviços municipais de saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, serão repassados para São Paulo:

  • Fentanil 5.513 unidades, um potente analgésico;
  • Propofol 152.808 unidades, um sedativo;
  • Midazolans 66.801 unidades, também usado para sedação;
  • Cizatracuro 182.385 unidades, um bloqueador neuromuscular.

Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta (15), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, cobrou que “grandes estados” busquem comprar os medicamentos por conta própria.

“Os próprios governadores, sobretudo dos grandes estados, poderiam buscar esses medicamentos no mercado nacional ou internacional. Eles têm elementos para fazer isso. Não adianta só ficar enviando ofício para o ministério”, disse.

“Não é só empurrar isso para as costas do Ministério da Saúde. Por que grandes estados não fazem isso?”, questionou Queiroga.

Nesta sexta (16), o governador João Doria escreveu, em uma rede social, que o governo federal requisitou 100% dos medicamentos do kit intubação feitos no Brasil e, por isso, o Ministério da Saúde é responsável pela distribuição.

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Fonte: G1 – Globo.

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