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Marina Bragante: Wifi para todos é fundamental para construção de uma cidade mais inclusiva

O primeiro passo é que todas as escolas tenham um número suficiente de computadores e uma boa   conexão. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o número de

Marina Bragante: Wifi para todos é fundamental para construção de uma cidade mais inclusiva
Marina Bragante: Wifi para todos é fundamental para construção de uma cidade mais inclusiva

Redação Publicado em 11/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 11h53


Wifi para todos é fundamental para construção de uma cidade mais inclusiva

A quarentena imposta pela pandemia do covid-19 escancarou um dos grandes problemas que a sociedade brasileira enfrenta: a exclusão digital. A essa altura o você já deve ter visto diversas reportagens mostrando crianças e jovens pobres sofrendo para fazer aulas online.
Essa questão é das faces mais perversas, mas apenas uma entre tantas que a falta de políticas públicas de inclusão digital acarretam. O pouco acesso ao mundo online atrapalha o planejamento das 32 subprefeituras, já que as demandas de cada bairro seriam muito mais fáceis de serem organizadas, ouvidas e atendidas se mais pessoas tivessem wifi gratuito, sobretudo nos lugares mais distantes do centro.

O primeiro passo é que todas as escolas tenham um número suficiente de computadores e uma boa   conexão. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o número de escolas com computador e acesso à internet não passa de 50%. Levantamento feito pela empresa Kairós Desenvolvimento Social com base no Censo Escolar 2019 mostra que os dados são alarmantes: 56,97% das escolas não têm computador – quase  dois terços das escolas da cidade. Isso coloca a capital paulista na posição 496º no ranking de escolas digitais entre todos os 645 municípios do estado.

Com  o coronavírus fica claro  que as políticas públicas devem ir muito além. Disponibilização de Wi-Fi em praças, centros culturais e comunitários, computadores em bibliotecas.

Ainda é pouco. Wifi para todos é primordial para que o cidadão tenha acesso aos seus direitos e possa ter sua voz e demandas ouvidas pelo poder público. Segundo a PNAD contínua divulgada em abril, 98% dos brasileiros acessam a internet pelo celular. Partindo desse pressuposto, governos que se dispõe a ser abertos e atender o cidadão que está na ponta, devem começar falando com as pessoas por meio deles, os smartphones. Aplicativos como Colab, permitem que a população tenha voz, participe das decisões e faça parte do dia a dia da gestão pública da cidade.

Tenho 15 anos de experiência na administração pública e nos últimos anos venho me dedicando a estudar o tema. Tanto a teoria como a prática me mostraram que a inclusão digital, dando conexão, acesso e abrindo canal, poder ser, nos dias de hoje, a principal forma da democracia representativa de fato representar o cidadão. Essa é uma das formas mais potentes, a meu ver, de responder ao movimento anti político que vemos e vivemos atualmente. A política faz parte de nossas vidas, não conseguimos nos afastar dela. Cada rua mal iluminada ou buraco na calçada é político e impacta no nosso dia a dia.

São Paulo é uma cidade pujante em inovação e que atrai investimentos de toda ordem e em todos os setores. Mas a cidade precisa estar preparada para essa “nova era” que bateu à nossa porta. O mundo digital veio para ficar e não podemos deixar, mais uma vez, nossas crianças e jovens para trás. Eles são um dos motivos pelo qual eu faço política e são o motor de uma sociedade que quer mudança.

Para podermos ter educação para todos, com o mínimo de equidade, o wifi gratuito é necessário. Construir políticas públicas que de fato dialoguem com as pessoas é trabalhar por uma cidade que seja de todos/as.

Marina Bragante
Mestre em Administração Pública pela Universidade de Harvard, formada em psicologia pela PUC-SP. Trabalha na gestão pública há 15 anos, foi Chefe de Gabinete da deputada estadual de São Paulo pela REDE, Marina Helou, foi Secretária Adjunta de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, trabalhou na CMSP (Câmara Municipal de São Paulo) por seis anos e na Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento do município de São Paulo. 

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