O ano eleitoral de 2020 para o Presidente Donald John Trump não tem sido tão fácil como imaginava. O resultado devastador do COVID-19 sobre a economia
Redação Publicado em 15/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h37
O ano eleitoral de 2020 para o Presidente Donald John Trump não tem sido tão fácil como imaginava. O resultado devastador do COVID-19 sobre a economia norte-americana, com um desemprego elevadíssimo para os padrões daquele país, revelam uma realidade que pode afetar-lhe no momento em que o eleitor se perguntar: “estou melhor que a 4 anos atrás?”
Trump, embora tenha entregado muito do que prometeu em sua campanha eleitoral, jamais vencerá a eleição baseada no elemento simpatia ou carisma. Sua grande marca tinha sido os resultados positivos alcançados durante os últimos três anos. A esperança dele agora reside na expectativa de o eleitor acreditar em duas coisas: que ele é o único capaz de reviver a economia e também vencer a China em seu processo de ascenção global.
Um dos aspectos mais impressionantes a destacar é o fato de que, apesar de todas as bravatas de Trump, complementadas pelo desengajamento dos Estados Unidos em muitas áreas, seu governo tem sido um dos mais pacíficos da história recente. A única guerra que Trump travou ao longo desse tempo foi a comercial com a China. Ele vinha acumulando vitórias, neste sentido, até que o Covid-19 alterou o cenário profundamente. Joe Biden, ex-Vice Presidente, cresceu eleitoralmente nesse período.
Trump esperava da China o fortalecimento dos laços econômicos entre as duas grandes potências, no continente que mais cresce no mundo, e que, sem dúvida, será o novo centro político e global no século XXI, afinal os Estados Unidos são uma potência Atlântica e Pacífica.Ademais, Trump pretendia retomar o lugar perdido nas últimas décadas, particularmente pela fraca diplomacia do predecessor, Barack Obama, que, ao cunhar a frase “liderar por detrás”, reduziu substancialmente a relevância dos Estados Unidos no contexto global. De fato, Obama catalisou e impulsionou o declínio norte-americano diante do mundo. Isto se deveu a uma ausência de liderança efetiva em momentos cruciais nos últimos anos, como no caso do massacre humano na Síria, no crescimento do Estado Islâmico, na falência da Líbia e numa ausência de engajamento sem precedentes na América Latina.
Os Estados Unidos – líderes do mundo livre – vêm, como resultado, perdendo gradativamente a sua relevância. A América, campeã de valores do liberalismo e da liberdade individual, caiu na cilada do politicamente correto, da esquerdização de valores, da arrogância e da divulgação global, via Hollywood, de valores e princípios deteriorados. O último bastião da civilização ocidental e dos princípios judaico-cristãos não tem sido capaz de oferecer mais ao mundo valores claros. A América já não é mais grande.
Trump tem tentado reverter essa tendência recorrendo ao isolacionismo do “America em Primeiro Lugar”, além deminar a ascensão global da China. Para tanto, tem praticamente revigorado uma nova Guerra Fria, desta vezcom a China. Seu maior equívoco, no entanto, tem sidoacreditar que para retomar a posição de “cidade que brilha na montanha” seria necessário ampliar a sua atuação como potência econômica global. Trump nãoprega valores, mas sim resultados econômicos. E valores foram o que tornaram a América grande no passado.
A diferença de perspectiva quanto ao futuro entre China e Estados Unidos é abissal. Trump tem enfrentado uma oposição irascível – muitas vezes sem sentido – em casa e no Exterior, desde que assumiu a presidência. O Presidente Xi Jinping, apesar de algumas situações complicadas, como Hong Kong e o COVID-19, conta com o apoio da população satisfeita com os resultados obtidos. Trump é resultado da democracia, um sistema pautado, nos últimos anos, pelo binômio eleitoral “eleição e arrependimento”. Xi é fruto de um processo de seleção do mandarinato chinês e do Partido Comunista Chinês, baseado no binômio “seleção e eleição”. O processo chinês propulsiona o país a colocar na liderança indivíduos altamente capacitados e testados administrativamente. O fato é de que estamos, diante de uma nova guerra fria. Tratar a China como a União Soviética ou o Japão será um equívoco. A China é muito maior que os dois.
O novo normal revela uma situação que será às vezes, belicosa; às vezes cooperativa; muitas vezes dolorosa. Mas uma coisa evidente: quando os Estados Unidos abandonaram os seus valores, o seu excepcionalismo e relevância declinaram rapidamente.Resta, ainda, saber quais serão os novos valores que surgirão vindos de Beijing.
O Brasil deveria ter a sabedoria de capitalizar este momento de transição global.
Marcus Vinicius de Freitas, Professor de Direito e Relações Internacionais, na Universidade de Relações Exteriores da China
Twitter/Instagram: @mvfreitasbr
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