Era uma segunda-feira ensolarada e calma aquele 6 de agosto de 1945. Um dia normal, se pode haver um dia normal durante uma guerra devastadora.
Redação Publicado em 19/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 08h36
Era uma segunda-feira ensolarada e calma aquele 6 de agosto de 1945. Um dia normal, se pode haver um dia normal durante uma guerra devastadora.
As pessoas acordaram e seguiram seus afazeres diários. As crianças foram às escolas. Os país aos seus locais de trabalho. A rotina seguia normal. O sol brilhava radiante na Terra do Sol Nascente naquele lindo dia de verão e a expectativa era de que aquele seria mais um dia no calendário da vida. Com seus desafios e realizações. A expectativa seguia igual: vencer a batalha de mais um dia, enfrentar os desafios, seguir adiante e construir um legado.
O sol brilhava e muito. O mesmo sol que aquece a nossa alma e nossos dias e que, com um raio divino, ilumina a Terra, este condomínio que compartilhamos, e faz crescer a vegetação e nos sinaliza com uma esperança renovada de cada dia.
De repente, às 8h16, um bombardeiro norte-americano, batizado como Enola Gay, nome esse dado em homenagem à mãe do piloto que o conduzia, lançou a primeira bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima. O mundo nunca mais foi o mesmo. O sol jamais foi o mesmo.
Oitenta mil pessoas morreram imediatamente. Trinta e cinco mil ficaram feridas. E mais sessenta mil pessoas morreriam até o fim daquele fatídico ano de 1945 como resultado da bomba assassina.
Das noventa mil edificações existentes em Hiroshima, somente vinte e oito mil resistiram e ficaram em pé. Dos duzentos médicos antes da bomba, somente vinte sobreviveram ou mantiveram a capacidade para trabalhar.
Dos 1780 enfermeiros, somente cento e cinquenta sobreviveram para atender os enfermos e os mortos. Trinta e nove escolas foram destruídas. 8187 estudantes feridos. 6.268 estudantes mortos. 132 professores mortos.
Três dias depois, numa quinta-feira, às 11h02 do dia 09 de agosto de 1945, em outra cidade, localizada a trezentos quilômetros ao sul de Hiroshima, um outro bombardeiro B-29, lançaria uma outra bomba atômica em Nagasaki, aniquilando cerca de oitenta mil vidas. Uma bomba cuja explosão correspondia a vinte e duas mil dinamites.Osceús escureceram e o sol verteu lágrimas diante daquela enorme devastação. Um cemitério a céu aberto de esperanças, sonhos, realizações e futuros.
A voz de Hiroshima e Nagasaki vem das cinzas dos corpos daqueles homens e mulheres, crianças e adultos. É como se D´us, por um milésimo de segundos na longa saga da humanidade, virasse o seu rosto e se esquecesse de sua Criação.
Felizmente, os filhos e filhas de Hiroshima souberam reconstruir-se. Como uma fênix, ali surgiu uma belíssima cidade, organizada, altruísta, com uma mensagem para o mundo. A tristeza foi transformada em alegria.
O tempo passou. Hiroshima – que tive a inesquecível oportunidade de conhecer por um generoso convite do Governo do Japão no Programa Juntos – renasceu das cinzas com mensagem ao mundo: “Que todas as armas nucleares e guerras desapareçam e que as nações vivam em verdadeira paz!”
Esta é a linda a mensagem que nasceu daquelas cinzas e daqueles que morreram naquelas trágicas manhãs de agosto de 1945. Não às armas nucleares, mas, principalmente, não às Guerras. E sim à paz. Um alto e altivo sim à paz.
As cinzas de Hiroshima e Nagasaki precisam falar hoje mais alto do que há 75 anos. Elas devem inspirar e incentivar-nos a agir para que a humanidade não seja a sua maior inimiga.
Infelizmente, esta não é a realidade atual. O mundo se arma até os dentes, os gastos militares cada vez maiores. Vivemos a insanidade do adágio latino Si Vis Pacem, Para Bellum (“se queres a paz, prepara-te para a guerra). Se queres a paz, busque a paz, e não a guerra.
Em tempos de pandemia global, com muitos criticando as Nações Unidas, é importante ressaltar o preâmbulo da Carta de São Francisco de 1945, que afirma a necessidade de preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra e de “praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais”.
A construção da paz é um trabalho diuturno. Por isso, relembrar Hiroshima e seu legado é uma obrigação, por que nos força a acreditar que podemos mais, como benefício para nós e para as futuras gerações. Como Confúcio bem ensinou: “A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido”.
Marcus Vinicius de Freitas, Professor de Direito e Relações Internacionais, na Universidade de Relações Exteriores da China
Twitter/Instagram: @mvfreitasbr
Leia também
Brasil volta ao mapa dos investimentos internacionais: país sobe no ranking da Kearney
Investimento para programa de incentivo no setor de eventos é de R$ 15 bi
Bombeiros continuam procurar pescadores desaparecidos há 6 dias
Bruna Marquezine é flagrada em cima de João Guilherme e fãs vão a loucura
Participantes do "Enem dos concursos" já podem acessar o cartão de confirmação; veja como consultar
USP criará porcos para produzir órgãos para transplantes em humanos; entenda
Ricardo Nunes se junta a Mobiliza e frente ampla para reeleição chega a 10 partidos
Cobra gigante é encontrada em chácara onde quatro jovens foram mortos; entenda
Haddad entrega projeto de regulamentação da Reforma Tributária ao Congresso
Quem é a modelo argentina de 60 anos pode concorrer ao Miss Universo?