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Manifestantes levam 200 marmitas ao Masp em protesto contra policiais que mataram jovem negro que almoçava

Após uma semana, parentes, amigos e manifestantes levaram nesta terça-feira (26) 200 marmitas de isopor com areia vermelha dentro para a frente do Museu de

Manifestantes levam 200 marmitas ao Masp em protesto contra policiais que mataram jovem negro que almoçava
Manifestantes levam 200 marmitas ao Masp em protesto contra policiais que mataram jovem negro que almoçava

Redação Publicado em 26/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h06


Após uma semana, parentes, amigos e manifestantes levaram nesta terça-feira (26) 200 marmitas de isopor com areia vermelha dentro para a frente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), no centro da cidade, em protesto contra a ação da Polícia Civil que matou um jovem negro durante abordagem no Morro do Piolho, Zona Sul da capital.

Gabriel Augusto Hoytil Araújo tinha 19 anos quando foi morto com três tiros disparados por policiais civis que participavam de uma operação contra o tráfico de drogas na comunidade. O caso ocorreu na última quarta-feira (20). De acordo com parentes do rapaz e testemunhas ouvidas pelo g1, ele estava comendo uma marmita quando foi baleado.

O ato ‘Era um marmita – Justiça por Gabriel’ foi organizado pelo Rio de Paz e pelo Mochileiros de Cristo num dos locais mais movimentados da cidade, o Masp, na Avenida Paulista. Cerca de 15 pessoas participavam da manifestação nesta manhã. Entre elas a mãe de Gabriel, Fabiana Hoytil da Silva, de 41 anos, que deixou o local após passar mal para ser levada ao Hospital das Clínicas. Ela foi medicada para controlar o nervosismo e seria liberada em seguida.

Na quinta-feira (21) Fabiana havia dito à reportagem que moradores do Morro do Piolho lhe disseram que os agentes confundiram a marmita que Gabriel segurava com uma arma e por isso atiraram no rapaz. Ele não morava na comunidade e tinha ido ao local para se alimentar depois de vender água para motoristas numa rua próxima, segundo familiares.

“Como confunde uma marmita com um revólver?”, perguntou Fabiana, que trabalha no serviço público de Saúde, na última quinta (21). “Ele [Gabriel] não precisava ser morto daquele jeito. Nem chegou a comer a marmita. Atiraram no meu filho sem defesa para ele. Não perguntaram nada. Me disseram que os policiais confundiram uma marmita com um revólver e atiraram. Que mundo é esse que matam primeiro para depois perguntar?”.

“Quando foi morto, ele estava almoçando. Estava com um marmita nas mãos. Então a gente trouxe ela com uma areia vermelha para simbolizar o sangue dele que estava na marmita no momento que ele foi morto. Então é simbolizando uma marmita com sangue. O número de marmitas é para trazer esse impacto do que foi esse crime”, disse nesta terça Juneo Videira, do Mochileiros.

Segundo a família, Gabriel tinha deficiência intelectual e residia com ela, o padrasto, dois irmãos gêmeos de 12 anos e o avô materno no bairro do Jabaquara, também na Zona Sul.

Marmita de isopor com areia vermelha representa o sangue que ficou na marmita que Gabriel Araújo segurava quando foi baleado por policiais civis durante ação contra o tráfico no Morro do Piolho, segundo manifestantes — Foto: Fábio Tito/g1
Marmita de isopor com areia vermelha representa o sangue que ficou na marmita que Gabriel Araújo segurava quando foi baleado por policiais civis durante ação contra o tráfico no Morro do Piolho, segundo manifestantes — Foto: Fábio Tito/g1

Segundo boletins de ocorrência do caso, dois dos seis policiais civis do 96º Distrito Policial (DP), Brooklin, que participavam da operação no Morro do Piolho, disseram que dispararam contra Gabriel, segundo eles, para se defenderem depois de verem o rapaz traficando, ameaçando atirar com uma arma e ouvirem tiros de “criminosos” na comunidade. Posteriormente os policiais disseram que a arma que estava com o jovem era de brinquedo.

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G1

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