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Mancini analisa novo esquema de jogo e vê Corinthians “altamente competitivo” em clássico

O técnico do Corinthians, Vagner Mancini, disse que saiu da Neo Química Arena satisfeito com a atuação e o resultado obtido por sua equipe no clássico contra

CORINTHIANS
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Redação Publicado em 03/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h53


Veja o que disse o treinador após empate com o São Paulo

O técnico do Corinthians, Vagner Mancini, disse que saiu da Neo Química Arena satisfeito com a atuação e o resultado obtido por sua equipe no clássico contra o São Paulo, na noite deste domingo, pela décima rodada do Campeonato Paulista. Luan e Gustavo Mosquito fizeram os gols do Timão no empate por 2 a 2.

– O time de hoje foi altamente competitivo, agressivo, marcou bem. Bobeou no gol do São Paulo, naquela bola em que o Miranda apareceu sozinho, bobeou em um ou outro lance que, felizmente, acabaram não resultando em gol. Mas teve muita coisa boa. Teve muitos méritos, melhorou demais na segunda etapa, pressionou. O São Paulo chegou muito pouco ao nosso gol, são fatos que acabam, de certa forma, fazendo com que essa equipe tenha grande possibilidade de ser mantida – afirmou o técnico do Corinthians.

O treinador também comentou a opção por três zagueiros. Ele escalou o Timão no Majestoso com João Victor, Jemerson e Raul Gustavo, dando mais liberdade para os laterais Fagner e Lucas Piton.

– Não tenha dúvida de que a avaliação é altamente positiva, embora a gente tenha sentido um pouco de dificuldade no início da partida, o que é natural, porque fizemos, além da mudança de esquema, a entrada de alguns atletas. Não é uma tarefa fácil, mas acima de tudo foi uma tarefa bem executada. Essa dificuldade foi imposta porque no começo de jogo o São Paulo foi bem agressivo na marcação, e a gente não estava conseguindo uma estabilização que toda equipe precisa numa mudança de sistema de jogo – analisou Mancini.

Melhores momentos de Corinthians 2 x 2 São Paulo pela 10ª rodada do Campeonato Paulista 2021

– A partir de meia hora, a equipe começou a se soltar um pouco mais. No começo também teve um pouco de erro de passe, que acaba sendo um peso nessa análise, mas a partir do momento em que a gente se soltou um pouco mais, chegamos mais à frente, fizemos o gol de empate e, na segunda etapa, eu vi um Corinthians melhor do que o São Paulo, com uma força, uma saída de bola acima. Dentro do que foi a partida, tivemos um pouco de dificuldade no começo, mas soubemos melhorar durante a partida. Vejo um fato extremamente positivo – completou.

– O saldo é de um time que jogou bem no meu ver, entendeu o sistema de jogo ao longo da partida, teve disposição, técnica, fez gols bonitos, de jogadas bem elaboradas, mas o que eu mais gostei foi a entrega, a alma, isso vem em primeiro lugar em qualquer time que quer ser campeão, chegar a conquistas e títulos.

O Corinthians volta a campo na quinta-feira, quando encara o Sport Huancayo, no Peru, pela Copa Sul-Americana. Já classificado para o mata-mata do Paulistão, o Timão encerra sua participação na fase de grupos contra o Novorizontino, domingo, em Itaquera.

Vagner Mancini Corinthians São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

Vagner Mancini Corinthians São Paulo — Foto: Marcos Ribolli

O técnico não assegurou que esse time que foi a campo contra o São Paulo será o titular. Ele também comentou o “veto” a alguns titulares consolidados, como Fábio Santos e Gil.

– Não foram só esses atletas que acabaram ficando de fora, o Bruno (Méndez) ficou, o Léo Natel acabou ficando fora da relação, o Camacho ficou no banco… Não eram só esses jogadores. Eu tenho como hábito conversar com diversos jogadores ao longo da semana, eu fiz isso olhando no olho. “Minha ideia para esse jogo é fazer alterações, assim como vocês entraram no lugar de alguém um dia, agora alguém vai entrar no lugar de vocês”. De uma forma muito simples, direta, olho no olho, sem rodeios. Isso faz parte de uma boa gestão de grupo. Você sentar com o jogador, deixar que o jogador fale, até porque não pode ser uma ditadura, a gente não vive mais isso, vive com diálogo, comunicação. Todos os atletas que saíram deram força àqueles que foram entrando, e hoje no banco vi isso também.

– O time titular pode ter mudado muito em função do que foi apresentado no jogo de hoje. O futebol moderno, um pouco diferente do futebol jogado há uma ou duas décadas, não funciona muito com titular e reserva, você tem que montar a estratégia daquele jogo.

Confira abaixo outros trechos da entrevista coletiva de Vagner Mancini:

Três zagueiros

– É óbvio que tudo tem sua hora. A partir do momento em que estudamos o São Paulo, vimos que o fato de espelhar a marcação nos daria talvez a possibilidade de quebrar um pouquinho o sistema de jogo do São Paulo. Como eu tinha as características dos jogadores, com o João de um lado, o Raul de outro, e o Jemerson pelo meio, e a equipe já vinha jogando com esses jogadores e o Piton numa linha de quatro, foi só adiantarmos o Fagner de um lado e o Piton de outro para que o sistema fosse executado. No começo, João Victor e Raul tiveram um pouco de dificuldade até se assentarem bem, é uma adaptação difícil para todo mundo, mas com pouco tempo de treinamento eu acho que fizeram uma bela partida. Se soltaram melhor no segundo tempo, houve um desempenho mais perto do que todos aqui consideram ideal, que precisa de ajustes, mas que já deu para a gente vislumbrar alguma coisa diferente. A mudança trouxe algo até em relação ao ânimo e foi extremamente positiva dentro da análise que fizemos da partida.

Fagner mais avançado

– Eu acho que tem tudo para potencializar. O Fagner foi meu atleta em 2010 no Vasco e tinha um pouco de dificuldade na marcação. Ao longo do tempo ele evoluiu muito e talvez seja hoje o melhor marcador nessa função no futebol brasileiro. Mas ele também é extremamente importante na parte ofensiva porque tem bom passe, chega no fundo com facilidade, talvez seja o momento de a gente dar para ele a possibilidade de atuar de forma diferente quando a gente usar esse sistema. Não quer dizer que vamos jogar todas as vezes assim, mas é importante que quando a gente jogar que tenhamos a característica para isso, pois fica mais fácil. O Fagner é muito importante do meio para frente, todo mundo sabe disso, tanto que no lance do segundo gol ele entra com uma frieza muito grande, dá o passe na medida certa. Nesse sistema, temos a garantia, não só dele, como do outro lado com o Fábio Santos e o Piton, uma situação de acréscimo.

Piton x Fábio Santos


– (Piton) Ganhou a vaga para este jogo, não quer dizer em todas as partidas. Aí depende muito do que for apresentado nos jogos. Costumo dizer para os atletas que não sou eu que escalo o time, mas eles mesmos, a partir do momento que mostram dentro de campo quem deve ser escolhido. O Piton teve a oportunidade no jogo do Santos e em alguns jogos atrás. Hoje ele acabou mostrando mais uma vez que tem condições de ser titular, assim como o Fábio tem. Diante de algumas equipes, algumas estratégias, podemos usar o Fábio e em outras o Piton. Gostei da entrega do Piton, assim como gostei de outros jogadores. Um atleta que não foi citado e merece destaque é o Cauê, fez um grande jogo, muitas vezes jogou sozinho no ataque porque o Otero e o Luan acabavam voltando um pouco mais, mas ele sustentou bem, brigou com Arboleda e Miranda o jogo inteiro. Então, os atletas tiveram um bom desempenho, felizmente. Ficamos muito contentes quando isso acontece, pois, de certa forma, além de recuperar alguns, dá oportunidade a outros, é importante quando todos eles jogam bem, pois isso gera confiança no trabalho que está sendo feito.

Pênalti no fim

– Olha, não é fácil você digerir um gol no último minuto. O mais importante é a gente ter consciência de que o futebol prega essas peças. Fizemos o segundo gol no fim da partida, faltavam dez ou oito minutos para o fim. Era importante que a gente se defendesse bem porque o São Paulo ia se jogar à frente. E acabou acontecendo um lance, que eu nem tenho certeza se a bola iria sobrar para finalização do Luciano, mas o João acabou segurando. E a conversa que a gente sempre tem é olho no olho, dentro do vestiário do Corinthians não tem o diz que me disse, aquilo que se fala só no particular… Existem casos que sim, mas a maioria é falado na frente de todos, para que todo mundo aprenda. E eu sempre falo para eles que não é necessário que você aprenda só com o seu erro, você pode aprender com o erro dos outros. Nesse caso, o João fez uma grande partida, acabou bobeando no último lance, espero que isso sirva para o crescimento dele, assim como de outros atletas, do Raul, do Piton, jovens que vão passar por isso no futebol. Ali, no meu ver, foi mais um ato de instinto do que segurar o atleta para ele não finalizar, o lance é muito rápido, a decisão em menos de um segundo, e o atleta acaba se afobando, se atrapalhando. Mas o João tem a nossa confiança, fez uma grande partida e também vai aprender com isso, porque também é importante quando você sai de um jogo como esse, a gente lamenta o fato de termos dois pontos no último lance, mas a gente aprendeu mais alguma coisa.

Léo Natel fora do banco

– Não há nada, a questão é que temos um elenco grande e todas as vezes em que relaciono 23 atletas acabam ficando 12 fora. Eu tento, até pela gestão de grupo, sempre fazer a entrada e a saída de alguém, oxigenando não só o time titular, mas também quem fica no banco de reservas, então sempre vai sobrar um ou outro. Se você olhar dessa forma, no jogo de quinta-feira a pergunta vai ser sobre outros jogadores, sempre alguém vai ter que ficar fora. Foi uma opção dentro da estratégia de jogo. Tenho que ter um termômetro em cada atuação, em cima daquilo que está acontecendo com cada jogador do elenco, não posso desgastar ninguém ou deixar que o atleta fique esquecido. Essa oxigenação faz parte do grupo, foi o que aconteceu nesse caso do Léo Natel. Não tem nada além disso.

Estratégia

– Sabíamos que o São Paulo jogava em um sistema diferente e nos adequamos à partida, usei as peças que se encaixavam nisso. Não quer dizer que eu vá retornar àquela equipe de quinta-feira e não quer dizer que esse esquema vai ser mantido em todas as partidas. A gente abriu mais uma página de um leque interessante, vendo outros atletas atuarem. Estamos num momento de jogos seguidos, sem nenhum tipo de descanso, é fundamental que quanto mais cartas na manga eu tiver, sabendo usar, o time ganhe com isso.

Time com alma?

– Não podemos achar que os jogadores desenvolvendo só a parte técnica em campo vai ser suficiente. Não vai ser suficiente e eles sabem disso. O que mais gostei foi a entrega, a alma, o suor com convicção. Isso acaba tornando seu time diferente. Quando alia tudo isso com uma entrega determinante, acaba tendo bons resultados. Foi uma pena tomar o gol no último minuto, mas acho que o Corinthians mostrou que pode se recuperar muito bem de jogos como o de quinta-feira e apresentar, 72 horas depois, um futebol que convença e que seja altamente produtivo.

– O Corinthians não iniciou bem o jogo, teve um pouco de dificuldade e foi, ao longo do primeiro tempo, ganhando confiança até que empatou o jogo e voltou bem melhor para o segundo tempo. Quando você muda um sistema de jogo e também muda peças, você corre esse risco, ainda mais enfrentando uma equipe que vem arrumada, que tem uma agressividade natural. Era importante que passássemos nesse teste e estávamos passando com vitória, até que levamos o gol de empate no último minuto. A gente lamenta, é lógico, pois é sempre importante ganhar um clássico, é muito valioso, você consegue ter conquistas internas, de vestiário, mas sabemos que isso acontece no futebol e não vai diminuir a atuação do time. Fizemos um jogo extremamente seguro, forte, com alma mesmo quando não teve um bom desempenho técnico, é isso que esperamos do time.

Copa Sul-Americana

– O jogo é muito importante para nós, temos ambições na Sul-Americana. Ainda restam quatro jogos e tudo pode acontecer no futebol. Nós temos que ir lá para o Peru, o jogo é em Lima, felizmente não tem altitude. Vamos fazer um grande jogo para apagar essa última atuação diante do Peñarol e para enfrentar bem a equipe do Huancayo, até para que a gente possa voltar e continuar a briga contra o Peñarol. Temos um jogo no Uruguai. Dá para reverter? Dá para reverter. Ficou mais difícil, ficou muito mais difícil, mas a gente ainda acredita, pois defendemos o Corinthians e essa é uma marca do Corinthians que precisa ser levada até o final.

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Fonte: Ge – Globo Esporte.

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