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Manaus vai transferir bebês internados, e governos de SP, PR, MG oferecem leitos; Maranhão diz que vai receber nove prematuros

A Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas informou nesta sexta-feira (15) que vai transferir para outros estados brasileiros bebês prematuros internados em

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Redação Publicado em 16/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h44


Sistema de saúde do Amazonas vive colapso com recordes de internação devido ao alto contágio do novo coronavírus e a falta de cilindros de oxigênio nos hospitais. Governo do Paraná fala em 61 bebês que precisam ser transferidos.

A Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas informou nesta sexta-feira (15) que vai transferir para outros estados brasileiros bebês prematuros internados em maternidades públicas amazonenses, por conta da falta de oxigênio dos hospitais. O sistema de saúde amazonense entrou em colapso após as internações por Covid-19 no estado baterem recorde.

governo amazonense não informou a quantidade de bebês que serão transferidos, mas disse que “técnicos da secretaria estão trabalhando no planejamento da logística de transferência” e que os recém-nascidos “passarão por avaliação clínica” para saber se têm condições de transferência.

Segundo a secretaria, os recém-nascidos serão transferidos com autorização dos pais e serão acompanhados pelas mães nos voos que estão sendo preparados pelas autoridades locais.

O Ministério da Saúde informou, no começo da noite desta sexta, que adquiriu cilindros de oxigênio que devem durar 48h para manter 61 bebês prematuros em leitos de UTI em Manaus. Apesar disso, diversos estados já se ofereceram para receber pacientes transferidos.

Os estados que receberão as transferências ainda não foram divulgados pelas autoridades amazonenses, mas, o Maranhão deve receber ao menos nove bebês prematuros de Manaus. A informação é do Secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Os bebês devem chegar ainda nesta sexta-feira (15) no Aeroporto de Imperatriz, no interior do estado.

Nesta sexta o governo de São Paulo anunciou que vai disponibilizar leitos e assistência médica para bebês e gestantes internados em Manaus e que correm o risco de ficar sem oxigênio.

O governo do Paraná também ofereceu leitos de UTI neonatal para pacientes do Amazonas nesta sexta. De acordo com a secretaria estadual do Paraná, há a necessidade de transferência de 61 pacientes recém-nascidos.

Além de São Paulo e Paraná, o governo de Minas Gerais, também anunciou na tarde desta sexta que vai disponibilizar leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátricas para crianças do Amazonas. O anúncio foi feito pelo governador Romeu Zema (Novo) durante visita a Juiz de Fora nesta sexta-feira (15).

Projeção no centro da cidade de São Paulo, SP, com os dizeres ¨Oxigênio pra Manaus¨, nesta quinta feira, 14. — Foto: ALLISON SALES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Projeção no centro da cidade de São Paulo, SP, com os dizeres ¨Oxigênio pra Manaus¨, nesta quinta feira, 14. — Foto: ALLISON SALES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Oferta de SP

O secretário da Saúde de SP, Jean Gorinchteyn, disse em coletiva de imprensa que tomou conhecimento da necessidade de leitos por meio da imprensa e prontamente entrou em contato com a secretaria da Saúde do Amazonas para oferecer suporte.

“Imediatamente já fizemos contato com o secretário da Saúde do Estado do Amazonas, o doutor Marcellus. Ele está fazendo um levantamento porque vários estados, de forma humanitária, estão acolhendo esses bebês. E não são apenas bebês, mas são também mulheres grávidas. São essas gestantes que também foram comprometidas pelo Covid e que necessitam de assistência. Então desta forma nós queremos saber quantas ainda precisam da nossa assistência e prontamente estaremos acolhendo aqui em SP”, disse Gorinchteyn.

Jean Gorinchteyn — Foto: Reprodução/GloboNews

Jean Gorinchteyn — Foto: Reprodução/GloboNews

Durante a coletiva de imprensa, o governador João Doria demonstrou irritação com a falta de oxigênio para bebês em Manaus.

“Acabo de falar com o secretário de Saúde e São Paulo atenderá integralmente esses 60 bebês. Eu já pedi a ele, ao término da coletiva, para falar com o secretário de estado do Amazonas. Nós acolheremos todos os bebês que puderem ser transportados aqui pra SP. É o fim do mundo isso. Pra quem é pai e quem é mãe, não tem oxigênio pra bebê? A irresponsabilidade do governo Bolsonaro, me choca isso, como brasileiro”, disse Doria.

 O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira, 15, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, o endurecimento das regras de quarentena no Estado a fim de conter o avanço da covid-19. — Foto: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira, 15, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, o endurecimento das regras de quarentena no Estado a fim de conter o avanço da covid-19. — Foto: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDOO governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira, 15, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, o endurecimento das regras de quarentena no Estado a fim de conter o avanço da covid-19. — Foto: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

Envio de respiradores

O governador de SP anunciou também que irá enviar quarenta respiradores a cidade de Manaus. Segundo João Doria (PSDB), os respiradores que serão enviados são desenvolvidos pela Universidade de São Paulo (USP). O governador disse ainda que o estado vai oferecer leitos em hospitais públicos e privados para pacientes do Amazonas que puderem ser transportados até São Paulo.

“Solicitei à USP para encaminharmos imediatamente para o Amazonas quarenta respiradores. Quarenta respiradores produzidos na Universidade de São Paulo, demonstrando a capacidade tecnológica desta grande universidade para o atendimento emergencial àqueles que estão sofrendo com a Covid-19 no estado do Amazonas.”, disse Doria.

“Orientei também o nosso secretário da saúde em SP a disponibilizar leitos nos hospitais públicos e a gerenciar leitos em hospitais privados para aqueles que puderem ser transportados até São Paulo para o atendimento prioritário”, completou.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), apresenta o respirador produzido pela Universidade de São Paulo (SP) que será enviado para Manaus, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, nesta sexta-feira, 15 de janeiro de 2021. — Foto: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), apresenta o respirador produzido pela Universidade de São Paulo (SP) que será enviado para Manaus, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista, nesta sexta-feira, 15 de janeiro de 2021. — Foto: VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO

Durante coletiva de imprensa nesta sexta, Doria voltou a fazer críticas ao governo federal e responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela crise no Amazonas.

“Tenho a sensação de que o governo Bolsonaro gosta do cheiro da morte, e não de celebrar a vida, pois se quisesse celebrar a vida já teria contribuído com o estado do Amazonas para oferecer condições mínimas de atendimento aos brasileiros que lá vivem. Não teríamos assistido às cenas dramáticas que vimos ontem na televisão”, afirmou o governador.

O governador João Dória apresenta respirador da USP durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo (SP), nesta sexta-feira (15), para atualização da situação da Covid-19 no estado.  — Foto: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

O governador João Dória apresenta respirador da USP durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes em São Paulo (SP), nesta sexta-feira (15), para atualização da situação da Covid-19 no estado. — Foto: DANILO M YOSHIOKA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Segundo Marcelo Zuffo, professor da USP e responsável pelos equipamentos de suporte à respiração, os primeiros respiradores devem ser enviados ainda nesta sexta (15) para cinco hospitais da cidade. A previsão é a de que todos eles cheguem à região de Manaus até a próxima terça-feira (19).

“Há praticamente dez dias nós estamos em forte interação com cinco hospitais de Manaus: Santa Júlia, Santa Alberta, Delfina, Hospital Adventista e o Beneficência, e foi constituída uma comunidade para receber esses ventiladores e hoje nós começamos a embarcar os primeiros lotes. Até terça da semana que vem nós teremos 40 ventiladores em pleno uso na região de Manaus”, disse Zuffo.

De acordo com o governador, uma companhia aérea vai fazer o transporte dos equipamentos até Manaus.

“Conseguimos a solidariedade da Latam para encaminhar, transportar e entregar imediatamente à Secretaria da Saúde do Estado do Amazonas esses 40 respiradores. É uma pequena ajuda, mas é um sentimento solidário do estado de SP aos seus irmãos do estado do Amazonas”, disse Doria.

Colapso em Manaus

Amazonas está sob toque de recolher por 10 dias

Amazonas está sob toque de recolher por 10 dias

Sobrecarregados, os hospitais de Manaus ficaram sem oxigênios para pacientes. Médicos transportando cilindros nos próprios carros para levar ao hospital e familiares tentando comprar o insumo foram algumas das cenas registradas pelo G1 nesta quinta. Doentes começaram a ser levados para outros estados. Cemitérios estão lotados e instalaram câmaras frigoríficas.

Dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) carregados com cilindros de oxigênio chegaram a Manaus no início da madrugada desta sexta-feira (15). Eles foram enviados de Guarulhos para ajudar na crise de saúde que assola o estado do Amazonas.

Nesta quinta (15), durante transmissão ao vivo por uma rede social ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Pazuello havia dito que há um “colapso” no sistema de saúde de Manaus.

No último domingo, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), enviou um pedido de ajuda aos governadores do país por conta da “iminência de sofrer desabastecimento” de oxigênio.

A partir desta sexta-feira (15), o estado iniciou toque de recolher por 10 dias. Ninguém pode sair de casa entre 19h e 6h. A medida é uma tentativa de conter a propagação do vírus.

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G1- Globo

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