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Mais de 24 mil crianças no Brasil são superdotadas, mostra censo

Dependendo do universo em que a criança vive e sua diferenciação, eventuais manifestações depressivas podem ser recorrentes, alerta o psicólogo. “Sem ter um

Mais de 24 mil crianças no Brasil são superdotadas, mostra censo
Mais de 24 mil crianças no Brasil são superdotadas, mostra censo

Redação Publicado em 10/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h22


Vocabulário, criatividade e raciocínio avançado são características

Dependendo do universo em que a criança vive e sua diferenciação, eventuais manifestações depressivas podem ser recorrentes, alerta o psicólogo. “Sem ter um preparo especial, essa criança pode ter problemas também de colocação profissional, por isso é importante o apoio familiar. Sem apoio, ela pode ficar desmotivada e perder o interesse em certas coisas, como também por ser superdotada – pode haver incongruências nas amizades, principalmente no que tange à faixa etária e ao grupo social em que vive”.

Além disso, o perfeccionismo pode trazer componentes emocionais negativos à vida da criança. “A pressão em lidar com as expectativas dos pais pode ser bem contraproducente. Eles também podem ter intensa sensibilidade, pela falta de amigos compatíveis com a sua esfera intelectual, o que pode gerar dificuldade ao se agrupar socialmente. Essa situação pode gerar conduta de autoisolamento. Outros pontos podem ser timidez excessiva e dificuldade para relacionamentos íntimos-conjugais”, diz Bez.

Segundo os pais de Pedro, com o início da pandemia o garoto ficou mais ansioso. “Ele já era uma criança extremamente ansiosa, teve seu quadro intensificado e, em alguns momentos, tivemos muita dificuldade para ajudá-lo. Mostrou também dificuldade de lidar com seus próprios sentimentos e emoções. Por sorte, ele é muito tranquilo, amoroso e educado, o que ajuda bastante a dialogarmos”.

A família tem dado muito apoio à criança. “Além da mudança de escola, Pedro, eu e o pai [o supervisor de produção Rafael Mariano Nogueira] fazemos acompanhamento com terapeuta, o que tem nos ajudado bastante a compreender a diferença de raciocínio e o tempo dele em relação a tudo. Assim conseguimos ajudá-lo com mais consciência nesse processo de autoconhecimento, para que consiga ter maior domínio em relação às expectativas e descobertas, já que ele tem apenas 9 anos”, afirma Fernanda.

Apoio familiar

Ao ter uma criança diagnosticada com superdotação, a compreensão da família é necessária para proporcionar todo o apoio e atenção. “O apoio da família é essencial. Não se escolhe ser gênio ou superdotado diferenciado, se nasce. Esse apoio familiar será altamente motivador, coibindo todas e quaisquer frustrações que poderiam aparecer”, reforça o psicólogo.

Nesse sentido, a presença da família, em especial, as ações do pai e da mãe, têm que ser sempre incentivadoras e motivacionais, como também apoiadoras. “A prevalência da harmonia no lar é fundamental para a criança ter uma ambiente saudável, sem estresse”, diz o especialista.

Mesmo com apenas 9 anos, Pedro já diz qual carreira pretende seguir. “Ele sempre demonstrou interesse e facilidade pela área de informática e engenharia. Mesmo sendo muito novo, fala que essas são suas opções para seguir carreira”, conta a mãe.

PNEE

O governo federal lançou em 2020 a nova Política Nacional de Educação Especial para ampliar o atendimento educacional especializado a mais de 1,3 milhão de educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

Por meio da PNEE, os sistemas de ensino estaduais e municipais poderão receber apoio para instalar salas de recursos multifuncionais ou específicas, dar cursos de formação inicial ou continuada de professores, melhorar a acessibilidade arquitetônica e pedagógica nas escolas, e ainda criar ou aprimorar centros de Serviço de Atendimento Educacional Especializado. A adesão de estados e municípios é voluntária.

Decreto nº 7.611/2011  estabelece que os sistemas de ensino que tenham estudantes com altas habilidades ou superdotação, matriculados em classes comuns e em salas de recursos, onde participam do atendimento educacional especializado no contraturno, já recebem duplamente o valor relativo ao financiamento da educação, por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Outro programa fundamental é a Formação Continuada de Professores e Profissionais de Educação na área da educação especial. O MEC constantemente desenvolve cursos, em parceria com instituições federais de ensino, envolvendo as diversas áreas, inclusive as altas habilidades ou superdotação visando à formação continuada de docentes da educação básica. O MEC também apoia técnica e financeiramente estados, o Distrito Federal (DF) e municípios para a oferta de cursos de formação continuada de professores, por iniciativa dos entes federados, no âmbito do Plano de Ações Articuladas, em busca das metas pactuadas no Plano Nacional de Educação.

Há também o Programa Sala de Recursos Multifuncionais, cujo principal objetivo é a aquisição de materiais didáticos e pedagógicos, equipamentos de tecnologia para as salas de recursos (atualmente são mais de 31 mil salas), para atender às especificidades pedagógicas dos estudantes da Educação Especial, matriculados nas escolas públicas das redes estaduais, do DF e municipais. No ano de 2020 foram destinados R$ 254 milhões para compor novas salas de recursos ou equipar as existentes.

Também o Programa Escola Acessível, implementado no âmbito do Programa Dinheiro Direto na Escola, busca promover condições de acessibilidade não apenas ao ambiente físico, mas, aos recursos didáticos e pedagógicos e à comunicação e informação nas escolas públicas de ensino regular. Em 2021, o aporte previsto é de R$100 milhões, que serão empenhados para beneficiar cerca de 4.500 escolas.

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AGÊNCIA BRASIL

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