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Mães de Rayssa e Duda contam como as filhas precoces viraram potências

No Dia das Mães, o ge conta como é ser mãe destes dois furacões do esporte brasileiro, que ganharam o mundo com suas conquistas inéditas e são cotadas como

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Redação Publicado em 09/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h42


No Dia das Mães, ge conta a jornada de Lilian e Cida como mães de dois furacões do esporte mundial, referências no skate e no vôlei de praia

Duda Lisboa brilha na praia, e Rayssa Leal arrebenta nas pistas. Apesar das diferenças, elas têm muito em comum, nasceram “furacão”. Duda se tornou a mais jovem atleta da história a conquistar o Circuito Mundial de vôlei de praia, eleita melhor jogadora do mundo com apenas 20 anos, em 2018. Aos 11, Rayssa sagrou-se a mais jovem skatista de todos os tempos a vencer uma etapa da Street League Skateboarding, em 2019. Você já imaginou como é ser mãe de talentos tão precoces, que rapidamente assumiram grandes responsabilidades? Já imaginou como é ver um filho desabrochar numa velocidade assustadora?

No Dia das Mães, o ge conta como é ser mãe destes dois furacões do esporte brasileiro, que ganharam o mundo com suas conquistas inéditas e são cotadas como favoritas nas Olimpíadas de Tóquio (Rayssa ainda não tem oficialmente vaga garantida). As personagens deste domingo: Cida Lisboa e Lilian Leal. Sonhos conquistados e construídos ao lado de Duda e Rayssa.

A primeira prova de que Duda veio para revolucionar a vida de “mainha” foi há 10 anos, em 2011. Em Aracaju, mãe e filha se inscreveram na mesma etapa do Campeonato Estadual, categoria adulta. Aos 11, Duda foi capaz de enfrentar de igual para igual mulheres com larga experiência, terminando seu primeiro campeonato na quinta colocação, duas atrás de Cida, que foi terceiro.

– Ela sempre foi muito esperta para essa modalidade, sempre me dizia algumas coisas: “mainha, essa menina faz mais bolas para a diagonal”, “mainha, a senhora não pode ficar em tal lugar”. Ela já tinha um entendimento maior entre 7 e 9 anos, já entendia muita coisa – lembra Cida.

Duda, filha de Cida, desabrochou para o vôlei de praia de forma muito precoce — Foto: Arquivo Pessoal

Duda, filha de Cida, desabrochou para o vôlei de praia de forma muito precoce — Foto: Arquivo Pessoal

Também aos 7 anos, Rayssa iniciava o processo de mostrar-se para o mundo. Foi nesta idade que a pequena de porte esguio e sorriso arrebatador viralizou na internet ao andar de skate fantasiada de “fadinha”. Naquele 7 de setembro de 2015, a criança de Imperatriz do Maranhão estava apressada para brincar e sequer tirou a roupa que usara no desfile da escola para celebrar o feriado da Independência. A mãe, encantada ao ver sua fada voar nas quatro rodas, disponibilizou o vídeo na internet. O apelido pegou.

– Eu postei de noite, a gente nem tinha, nem estava assim sabendo da proporção que já estava. Aí, quando a gente acordou no dia seguinte, estava com mais de 1 milhão de de visualizações e muita gente do skate estava postando o vídeo dela. Muita gente famosa do skate, o Tony Hawk compartilhou – lembra Lilian.

Rayssa Leal, a "Fadinha", é filha da Lilian — Foto: Reprodução Instagram

Rayssa Leal, a “Fadinha”, é filha da Lilian — Foto: Reprodução Instagram

Lilian lembra que a jornada para ter Rayssa foi um desafio desde o princípio. Aos 16 anos, descobriu que estava grávida da futura Fadinha e teve muito medo do que encontraria pela frente. Começaram de fato sucessivas abdicações, desde a escola – sequer completara o ensino médio -, depois o trabalho como caixa de supermercado, sem contar no sonho de fazer faculdade.

Os desejos pessoais de fato ficaram em segundo plano, mas Lilian nunca teve medo de lutar pelo sonho da filha. Por Rayssa, ela fez o que foi necessário e até comprou briga com os familiares que achavam que “pista de skate não era lugar de criança, de menina”. Outro exemplo foi o primeiro campeonato nacional que Fadinha participou em Blumenau, Santa Catarina – e foi campeã.

– A gente foi arriscando mesmo, mal tinha dinheiro para a alimentação. Sensibilizamos algumas pessoas com a nossa história, e eles fizeram uma vaquinha para a passagem de volta. A gente voltou de carona com a Confederação, e de Brasília a gente pegou um ônibus para Imperatriz. Só que o dinheiro não era muito, daí a gente comprou a minha passagem e a do pai dela, e ela veio no nosso colo para casa – lembra Lilian.

Rayssa, o pai e a mãe, Lilian Leal — Foto: Reprodução Instagram

Rayssa, o pai e a mãe, Lilian Leal — Foto: Reprodução Instagram

Se valeu a pena? Mãe e filha hoje vivem uma realidade totalmente diferente. As duas, inclusive, concederam entrevista à nossa reportagem de Los Angeles, no Estados Unidos, onde fazem preparação junto da Confederação Brasileira de Skate para os Jogos de Tóquio. Se tudo der certo, Lilian será técnica da filha na primeira participação do skate na história das Olimpíadas.

– Eu acho que ela tinha um sonho de ser jogadora de futebol e minha vó meio que não reconhecia, não corria atrás dela. E ela fez diferente comigo, ela correu atrás dos meus sonhos, ela largou tudo para poder correr atrás dos meus sonhos, e tipo isso foi uma diferença enorme, porque tem muita mãe e muito pai que às vezes meio que não acredita no sonho da criança, minha mãe logo tirou tudo assim do caminho e só foi correr atrás do meu sonho – disse Rayssa.

Lá em Sergipe… Cida também foi técnica de Duda, até os 17 anos, quando deixou a adolescente voar para longe, no Rio de Janeiro, onde tornou-se dupla da atual vice-campeã olímpica Ágatha Rippel, visando o projeto Tóquio. Agora como torcedora e mãe, Cida, assim como Lilian, também se realizará na filha. Jogadora sem tanta projeção no vôlei de praia, ela pode dizer com orgulho que colocou neste mundo uma das melhores atletas que o Brasil já teve e com um longo caminho a conquistar ainda.

– É uma menina que, como eu digo, muitas vezes não parece que é desse mundo. Ela é um ser especial e veio para alegrar a nossa família. Por isso que digo que ela é o nosso anjo, nossa estrela, é diferenciada, uma menina do bem e sempre quer o bem para todo mundo – disse Cida.

Por parte de Duda, a mesma conexão e o mesmo sentimento de gratidão. Não importa quão grande tenha se tornado para o esporte e o mundo do vôlei de praia, nos momentos de vulnerabilidade e sempre antes de dormir ela é “só” a filha da Cida.

– Toda as vezes à noite eu sempre rezo, sempre agradeço por toda a minha família, sempre dou ‘bença’ para minha mãe quando eu estou longe. A gente tem essa conexão muito grande, eu e minha mãe somos melhores amigas. Eu estou sempre ligando pra ela, mandando mensagem, pedindo dica sobre tudo na vida. É mesmo surreal o amor que eu sinto por ela, eu sou muito feliz por ter uma mãe incrível e por tudo que ela faz por mim – contou Duda.

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Fonte: Ge – Globo Esporte.

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