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Mãe diz que não se lembra de como matou e escondeu corpo de bebê

A professora Márcia Zaccarelli Bernaseti, de 37 anos, suspeita de matar a filha recém-nascida e esconder o corpo em um escaninho por cinco anos, disse em

Mãe diz que não se lembra de como matou e escondeu corpo de bebê
Mãe diz que não se lembra de como matou e escondeu corpo de bebê

Redação Publicado em 26/09/2016, às 00h00 - Atualizado às 19h38


Durante audiência, ela disse que não sabe o que aconteceu com ela, em GO.
Ex-marido da professora diz que não desconfiou da traição nem da gravidez.

A professora Márcia Zaccarelli Bernaseti, de 37 anos, suspeita de matar a filha recém-nascida e esconder o corpo em um escaninho por cinco anos, disse em audiência nesta segunda-feira (26) em Goiânia (GO) que não se lembra como cometeu o crime. Durante a sessão, também foi ouvido o ex-marido da mulher, que negou que a filha fosse dele e disse que jamais desconfiou que Márcia estivesse grávida.

“O tamanho do desespero, eu não sei o que me deu, doutor. Eu não me recordo. Eu fiquei andando com ela assim, abraçada, apertada. Eu não sei se eu queria o carinho dela, eu não sei o que aconteceu comigo. Eu não sei”, disse Márcia.

Entretanto, em depoimento anterior à Polícia Civil, a professora disse que asfixiou a filha apertando o nariz dela. Para o juiz responsável pelo caso, Jesseir Coelho, essa mudança na versão não interfere no julgamento.

“A defesa é plena, então ela pode permanecer até em silêncio. O fato de ela talvez mudar a versão, no aspecto processual pouco importa”, disse.

No depoimento, a professora também disse que o marido sabia da gestação e até teria mandando que ela se livrasse da criança.

O ex-marido de Márcia, Glaudson de Souza Costa, negou que tenha obrigado a mulher a matar a criança. “Não soube de traição nenhuma nem de gravidez. Ela não engordou, não vi corte nenhum na barriga, então não tinha como eu obrigar ela a nada. Isso não é verdade”, se defendeu.

Ele disse ainda que tem certeza de que o bebê encontrado morto no escaninho não é seu. “A filha não é minha. Quando eu casei com ela, eu já era vasectomisado, porque eu já tinha sido casado e tinha outros três filhos”, explicou.

A empregada doméstica que trabalhava no apartamento na época do crime também disse que não percebeu que Márcia estava grávida. “Eu sabia ela tinha esses casos fora do casamento, que ela tinha medo de engravidar, mas ela nunca me falou nada de gravidez. Não vi nem dificuldade para andar depois do parto, não desconfiei de nada”, disse durante o depoimento.

Márcia já foi denunciada por homicídio. A partir de agora, o Ministério Público vai analisar se o ex-marido dela também pode ser indiciado pelo crime. “O Ministério Público é o titular da ação penal, ele que vai decidir se ele [ex-marido] pode ou não ter participado ou ser até um executor. Então a Justiça aguarda a manifestação do MP”, explicou o juiz.

A defesa de Márcia e o Ministério Público têm cinco dias cada um para apresentar suas alegações finais. Depois desse período, o juiz vai decidir se a professora será encaminhada ou não a júri popular pelo crime.

Crime
A professora está presa desde o último dia 9 de agosto, quando o ex-marido de Márcia encontrou o corpo do bebê no escaninho do prédio em que a mulher morava, em Goiânia. Após ser presa, a mulher confessou que matou e escondeu o cadáver no local.

Ela deu à luz uma menina no dia 15 de março de 2011. Segundo as investigações, ela ligou para um amigo que a levou para o hospital quando começou a sentir contrações. Esse amigo ainda deu R$ 3 mil para que a professora fizesse o parto cesárea.

A criança nasceu saudável e, um dia após o parto, realizado em uma maternidade particular da capital, a professora recebeu alta. Consta na denúncia que a investigada “matou uma criança recém-nascida mediante asfixia, tampando o seu nariz. Em seguida, colocou o cadáver dentro de uma bolsa e o levou para o apartamento onde morava, onde o envolveu com pano e saco plástico, depois acondicionou em uma caixa de papelão e o escondeu no escaninho de seu apartamento”.

Confissão em vídeo
Um vídeo feito pela Polícia Civil mostra o depoimento da suspeita. Na gravação, ela dá detalhes de como cometeu o crime e diz que não queria fazer mal à criança. No entanto, descreveu como asfixiou o bebê.

“Na rua, andando, eu não sabia mais o que fazer. Ela começou a chorar. Estava começando a chover. Eu olhava para ela, depois ela dormiu de novo [respira fundo]. Apertei o narizinho dela”, disse.

No registro, a mulher chora por diversas vezes. Quando deixou a maternidade com a filha nos braços, a mulher contou que pegou um táxi e parou em uma praça “sem saber o que fazer”.

Nesse momento, alegou que não tinha intenção de matar a filha, mas diz que ficou com “medo”.

Logo em seguida, a mulher afirmou que tem consciência do que fez, mas que é uma boa pessoa. “Eu sei que feri alguém, mas o senhor pode me perguntar, sou uma excelente mãe e sempre fui”, comentou.

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