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Mãe analfabeta desiste de pegar material escolar do filho por não saber ajudá-lo

Com as mudanças geradas pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), a maioria dos exercícios escolares das crianças precisa do apoio de pais ou

Mãe analfabeta desiste de pegar material escolar do filho por não saber ajudá-lo
Mãe analfabeta desiste de pegar material escolar do filho por não saber ajudá-lo

Redação Publicado em 19/06/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h43


Letícia de Souza da Silva, moradora da favela do Morro do Papagaio, em Belo Horizonte, desistiu de pegar o material escolar do filho por não saber ler

Com as mudanças geradas pela pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), a maioria dos exercícios escolares das crianças precisa do apoio de pais ou responsáveis. A história se complica quando a família não teve acesso à educação antes das crianças, como é o caso de Letícia de Souza da Silva, moradora da favela do Morro do Papagaio, localizada em Belo Horizonte.

Por ser analfabeta, ela desistiu de pegar o material didático fornecido pela escola para um dos seus nove filhos. Por não saber escrever e ler, ela não terá como ajudá-lo nas tarefas do ensino feito à distância.

“Nunca tive estudo na vida. Tenho dificuldade”, disse ela. O conteúdo da escola também é disponibilizado pela internet. Mas Letícia não tem telefone celular ou computador em casa”, disse Letícia ao G1 de Minas Gerais.

Foi pela vizinha Gleiciane Santos Pereira que Letícia ficou sabendo que o material físico havia sido disponibilizado pela Escola Municipal Benjamin Jacob.

“Eu fico falando para ela. Eu falo pra ela onde está entregando. Mas não ajuda muito e acaba desanimando ela. A maioria dos exercícios você tem que ler com seu filho. E quem não sabe ler?”, disse a vizinha, que é manicure e diarista e tem um filho de oito anos e precisou levar a criança para a residência de um amigo que tem wi-fi para o filho conseguir estudar.

“Eu estava arriscando sair com ele para não ficar prejudicado porque o certo é ficar dentro de casa. Eu tinha que sair porque não tenho acesso à internet”, contou Gleiciane sobre o cenário anterior à entrega de materiais físicos para as aulas.

“Estou estudando porque quero ser bombeiro”, disse Philipe Matheus, filho de Gleiciane.

iG

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