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Líder no “roteiro perfeito”, Kanu relata alegria e alívio com ano do Botafogo: “Vai ficar marcado na História”

Um roteiro cheio de percalços, mas que o último capítulo tornou perfeito. Esse é 2021 aos olhos de Kanu, o jovem zagueiro que teve que amadurecer rápido para

Líder no “roteiro perfeito”, Kanu relata alegria e alívio com ano do Botafogo: “Vai ficar marcado na História”
Líder no “roteiro perfeito”, Kanu relata alegria e alívio com ano do Botafogo: “Vai ficar marcado na História”

Redação Publicado em 24/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h01


Um roteiro cheio de percalços, mas que o último capítulo tornou perfeito. Esse é 2021 aos olhos de Kanu, o jovem zagueiro que teve que amadurecer rápido para suprir uma das principais carências do Botafogo do ano passado: a falta de liderança. O ano começou de forma trágica, mas termina de maneira mágica tanto para o jogador quanto para o clube, os dois em êxtase com a volta por cima e o título da Série B.

Em conversa com o ge e o Globo Esporte, o camisa 2 abriu o jogo sobre as angústias e as alegrias desse ano, que começou com o rebaixamento para a Série B e termina com a grande campanha de título e passagem de volta à elite do futebol brasileiro em 2022. Uma temporada tão maluca que deixa como jogo mais marcante para Kanu não uma vitória, mas a derrota que serviu de gatilho para as mudanças que colocaram o bonde alvinegro nos trilhos.

Veja mais do papo com Kanu no Globo Esporte, às 13h

Kanu é um dos pilares do Botafogo em 2021 — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Kanu é um dos pilares do Botafogo em 2021 — Foto: Vitor Silva/Botafogo

– Eu vou lembrar muito do jogo contra o Brusque, porque foi uma das piores sensações que eu senti na minha vida. Eu gosto de me posicionar, mas não tinha forças. Cheguei a comentar com o Freeland: “É, acho que não tem jeito”. E ele tentou animar, disse que não poderia ser assim. Ficamos todos anestesiados. Depois, com a chegada do Enderson, a gente reviveu para viver esse roteiro perfeito. Glórias, grupo unido, torcida toda animada. É um roteiro perfeito mesmo – contou o zagueiro.

– Foi maravilhoso e inesperado. A gente não começou tão bem, mas a energia bateu, encaixou. Tenho orgulho de dizer que faço parte desse elenco, que vai ficar marcado na História do Botafogo. Nem nos melhores sonhos eu poderia imaginar isso. Agradeço a Deus por viver esse momento. E agora posso aproveitar um pouquinho, porque foi pesado – continuou.

A campanha vitoriosa do Botafogo tem alguns protagonistas, e Kanu está entre eles. O zagueiro é o único titular que permaneceu da temporada anterior, a do rebaixamento. Não só isso, como foi um dos poucos, senão o único, que saiu de 2020 maior do que entrou. Jovem de 23 anos, ele fez do ano não apenas a afirmação da carreira, mas também cresceu como voz ativa no vestiário.

A palavra “roteiro” foi usada especialmente por Kanu porque o Botafogo não virou filme, mas virou série nesse ano. E no primeiro episódio da segunda temporada de Acesso Total (clique aqui e assista), os torcedores viram alguns exemplos da influência que o zagueiro tem no vestiário. Uma das cenas mais marcantes aconteceu no jogo seguinte à derrota que decretou o rebaixamento.

– São coisas de vestiário, a gente nem imaginava que iria virar série com esse sucesso todo. Lembro que isso aconteceu no jogo contra o Grêmio, e a gente já tinha sido rebaixado na rodada anterior. Eram muitos garotos e eu queria fazer eles entenderem que teria que desfrutar daquele momento, de participar de uma Série A, jogar contra o Grêmio, em um grande clube, em um grande estádio. O aquecimento foi ruim, todo mundo frio, e eu tentei dar uma animada. São lembranças que servem de aprendizado.

A última página do “roteiro perfeito” ainda não foi escrita. No próximo domingo, às 16h (de Brasília), no Nilton Santos, o Botafogo recebe o Guarani na 38ª rodada da Série B. Jogo para levantar a taça e com festa garantida, já que os ingressos estão quase esgotados.

ge: Foi pesado o processo de ser uma liderança tão jovem em um clube do tamanho do Botafogo?

Kanu: Foi um processo natural. Quem é da base tem um sentimento maior pelo clube. No ano passado, a gente se sentia no papel de poder ajudar, mas era um fardo pesado, carregar um escudo como o do Botafogo. Serviu de aprendizado para suportar bem nesse ano. Agradeço pelo que a gente construiu e o Botafogo vem colhendo.

Essa palavra, líder, eu coloco mais para o Carli. Sou um jovem que quer ajudar, quer fazer de tudo para o Botafogo sorrir, a torcida, a minha família. Tenho muita vontade de ajudar o clube a voltar a ser grande.

Quais foram os principais fatores para o acesso?

A união, a força do elenco e a chegada do Enderson. Esses três pontos foram fundamentais para o título. Muita gente não acreditava, e a gente trabalhou diariamente. Todo mundo que chegou para ajudar o time a subir sentiu o peso da camisa, fez de tudo para isso acontecer. Não vou citar nomes para não esquecer de ninguém, mas todos foram fundamentais.

Mas antes disso muita coisa também deu errado…

Eu chorei muito, a minha família chorou muito. Não tinha forças, não sabia o que fazer. Me sentia culpado por ver funcionários serem demitidos, futebol feminino sem recursos, o clube sem recursos. Me sentia muito culpado por isso. Tive a oportunidade de sair, mas eu tinha que viver esse momento. Hoje, me sinto completamente realizado por estar com o Botafogo de volta à Série A.

Modéstia à parte, acho que fui muito forte. Porque sempre coloquei esse peso em mim, o peso do rebaixamento. E queria tirar isso de mim. Sonhei muito com isso. E foi o dia mais feliz da minha vida. O estádio cheio, aquela alegria. Foi o dia mais marcante da minha carreira. Agradeço a todos que me ajudaram a viver esse momento.

Kanu e Carli, os capitães do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Kanu e Carli, os capitães do Botafogo — Foto: Vitor Silva/Botafogo

Qual foi o peso da volta do Carli nesse processo?

A presença, a energia que esse cara tem, eu nunca vi. Convivi com grandes jogadores no vestiário, mas ele transmite algo sensacional. Ele foi o cara desse acesso, porque ele leva o vestiário e conduz tudo. Eu brinco com ele que ele é o poste, e eu fico ali, só sustentando. Ele precisa desse apoio, porque leva tudo nas costas também. Ele merece esse acesso e também merece estar lá no muro de General Severiano.

Você chegou a ser atacante na base, mas esse gol está demorando a sair no profissional. Se tiver pênalti, vai bater?

Isso aí já está combinado há muito tempo, já falei até com o Freeland. Vou botar a bola debaixo do braço. Mas para tu ver, foi a melhor decisão me colocar de zagueiro. A bola passa aqui, passa ali, vai em cima da linha, na trave… Ela está teimando, mas esse gol vai sair em um momento especial.

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GE

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