Por Rodrigo Constantino
Redação Publicado em 03/12/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h57
Por Rodrigo Constantino
A Alemanha decidiu nesta quinta-feira aumentar as restrições a pessoas não vacinadas contra a covid-19, para tentar conter uma quarta onda de infecções. “A situação é muito, muito complicada”, disse o futuro chanceler Olaf Scholz, após um encontro com a líder do governo em final de mandato, Angela Merkel, e com os líderes das 16 regiões do país.
“Vamos organizar atividades culturais e de lazer em toda a Alemanha, mas apenas para pessoas vacinadas ou recuperadas”, disse Merkel. Essa regra “também será estendida ao comércio, com exceção de lojas de produtos básicos”, disse a chanceler.
Essas restrições drásticas no acesso à vida social para os não vacinados foram descritas por vários líderes políticos como um “confinamento”. Os dados de hospitalização e mortes subiram no país, que tem mais de dois terços da população totalmente vacinadas. Mas a narrativa culpa basicamente os não vacinados pelos problemas.
A variante Ômicron tem assustado também, e já chegou em vários países. Em quase todos os casos, por pessoas que tinham se vacinado. Não obstante, as autoridades também estão culpando quem não se vacinou pela disseminação da nova variante, e aproveitando o medo para avançar com novas restrições e obrigatoriedade da vacina.
Qual a lógica aqui? Não parece ser sanitária. Mesmo que os especialistas estivessem convencidos de que a baixa vacinação no sul africano foi responsável pelo surgimento da variante, o que parece bem prematuro para se afirmar, já está claro que a disseminação do vírus ocorre também por vacinados. E a vacinação compulsória discutida não é na África, e sim na Europa, já quase toda vacinada. Os vacinados podem ter menor risco de morte, mas cabe ao estado impor isso a todos, ignorando as liberdades de escolha?
Leandro Ruschel comentou: “A Alemanha apresentou picos de 25 mil casos por dia e 20 mil casos por dia, nas duas ondas anteriores do vírus. O número chegou a bater em 75 mil novos casos por dia, recentemente. O número de mortes é bem menor que nas ondas anteriores, de mil para 300 por dia. O país tem uma taxa de vacinação de quase 70% da população total, ou seja, praticamente 80% da população adulta já tomou duas doses da vacina. Logo, a imunidade desenvolvida por vacinas ou infecções prévias não está impedindo novas infecções, mas diminui casos graves e mortes”.
Se esta é a conclusão, então caberia ao governo fazer uma campanha de vacinação, para persuadir o indivíduo de suas vantagens. Mas como o vacinado também espalha o vírus, não faz sentido obrigar todos a se vacinar sob o argumento de impedir o contágio das novas variantes. O que parece claro é que muitas lideranças gostaram mesmo do controle social possível pelo pânico de muitos.
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