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Justiça determina prisão de 13 policiais envolvidos em operação que matou trabalhadores rurais em Pau D’Arco, no PA

Os promotores de Justiça de Redenção Alfredo Martins de Amorim, José Alberto Grisi Dantas e Leonardo Jorge Lima Caldas assinam o pedido de prisão temporária

Justiça determina prisão de 13 policiais envolvidos em operação que matou trabalhadores rurais em Pau D’Arco, no PA
Justiça determina prisão de 13 policiais envolvidos em operação que matou trabalhadores rurais em Pau D’Arco, no PA

Redação Publicado em 10/07/2017, às 00h00 - Atualizado às 15h23


Os promotores de Justiça de Redenção Alfredo Martins de Amorim, José Alberto Grisi Dantas e Leonardo Jorge Lima Caldas assinam o pedido de prisão temporária de Carlos Gonçalves de Souza; Rômulo Neves; Cristiano da Silva; Rodrigo de Souza; Advone da Silva; Jonatas Pereira e Silva; Neuily Sousa da Silva; Welington Lira; Orlando Cunha; Ronaldo Silva; Ricardo Moreira; Douglas da Silva Luz e EuclidesLima Júnior.

Policiais federais foram destacados para cumprir os mandados, mas todos os suspeitos se apresentaram: oito policiais militares se apresentaram em Redenção, e um policiais civil, e serão encaminhados para a capital. Os demais procuraram a PF em Belém.

Segundo o Ministério, em breve será oferecida à Justiça a denúncia sobre esse caso. De acordo com a lei a prisão é por 30 dias, por tratar-se de crime hediondo, podendo ser prorrogada por igual período.

Mandado de prisão contra policiais que participaram da operação que resultou na morte de dez trabalhadores rurais non PA (Foto: Reprodução/ TV Liberal)

Mandado de prisão contra policiais que participaram da operação que resultou na morte de dez trabalhadores rurais non PA (Foto: Reprodução/ TV Liberal)

O crime

A chacina de Pau D’Arco, como o crime ficou conhecido, aconteceu no dia 24 de maio, na fazenda Santa Lúcia. Um grupo de policiais civis e militares foi até a fazenda para dar cumprimento a mandados de prisão de suspeitos de envolvimento na morte de Marcos Batista Ramos Montenegro, um segurança da fazenda que foi assassinado no dia 30 de abril.

Corpos das vítimas foram removidos pelos policiais antes da análise da perícia e amontoados em caminhonete (Foto: Reprodução/TV Liberal)

Corpos das vítimas foram removidos pelos policiais antes da análise da perícia e amontoados em caminhonete (Foto: Reprodução/TV Liberal)

De acordo com a polícia, os assentados tinham um arsenal de armas de fogo e reagiram à presença dos policiais. Houve troca de tiros, que resultou nas mortes. Mas, familiares das vítimas e sobreviventes alegam que a ocupação da fazenda era pacífica, que os policiais chegaram de forma truculenta e atiraram sem provocação.

Segundo a Comissão de Direitos Humanos da Alepa, no dia em que os posseiros foram mortos, policiais envolvidos na operação retiraram os corpos antes que perícia fosse realizada.

A Polícia Federal inicou na manhã desta terça-feira, 4, a reconstituição da chacina que matou 10 pessoas na fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco, no sudeste do Pará (Foto: Ascom/PF)

A Polícia Federal inicou na manhã desta terça-feira, 4, a reconstituição da chacina que matou 10 pessoas na fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco, no sudeste do Pará (Foto: Ascom/PF)

Perícia

A Polícia Federal realizou a reconstituição para levantar o que ocorreu na fazenda Santa Lúcia. Sessenta atores participam da reconstituição, considerada a maior reprodução de crime já realizada pelos policiais do Pará. Além dos atores, uma equipe de peritos criminais federais de Belém e Brasília, Policiais Civis e Militares e técnicos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves também acompanharam a reconstituição.

Sobreviventes disseram que os posseiros foram executados. Policiais que participaram da operação afirmaram que houve confronto.

A perícia feita nos corpos concluiu que nove posseiros foram baleados no peito e uma mulher atingida na cabeça com um tiro à queima-roupa. Ainda segundo os peritos, não havia marcas de bala nos coletes dos policiais.

Outra morte

Na sexta-feira (7), o agricultor Rosenilton Pereira de Almeida foi assassinado no município de Rio Maria, no sul do Pará. A Polícia Civil disse que investiga se o assassinato de Rosenilton tem ligação com as mortes dos dez posseiros na fazenda Santa Lucia.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra, Rosenilton liderava um grupo de camponeses que voltou a ocupar a fazenda há quinze dias. Testemunhas disseram que dois homens em uma moto abordaram Rosenilton quando ele saía desta igreja. Ele foi assassinado com quatro tiros.

Corpos das vítimas do massacre foram removidos na cena do crime antes da chegada da perícia (Foto: Lunae Parracho/Reuters)

Corpos das vítimas do massacre foram removidos na cena do crime antes da chegada da perícia (Foto: Lunae Parracho/Reuters)

Direitos humanos

O Governo do Pará disse em nota que, a princípio, não foi vista nenhuma relação entre o assassinato de Rosenilton e as mortes ocorridas em Pau D’Arco, mas a conexão entre os crimes não está descartada, pois a vítima integrava o grupo que invadiu a fazenda Santa Lúcia.

Segundo uma nota pública divulgada no sábado (8) por entidades ligadas aos direitos humanos, Rosenilton havia deixado a Fazenda Santa Lúcia horas antes de ser assassinado, porque estava sendo ameaçado e perseguido na região.

No documento, as entidades pedem que o governo federal e o do Pará adote medidas efetivas para garantir a vida e a integridade das trabalhadoras e trabalhadores rurais acampados da Fazenda Santa Lúcia, bem como garanta uma investigação isenta e rigorosa da chacina dos 10 de Pau D’Arco e da morte de Rosenilton.

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