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Júri condena cozinheiro por matar cabeleireiro em 2018 em SP, mas não considera que crime foi motivado por homofobia

A Justiça de São Paulo condenou nesta terça-feira (16) o cozinheiro Fuvio Rodrigues de Matos a 10 anos de prisão em regime semiaberto por usar um canivete

Júri condena cozinheiro por matar cabeleireiro em 2018 em SP, mas não considera que crime foi motivado por homofobia
Júri condena cozinheiro por matar cabeleireiro em 2018 em SP, mas não considera que crime foi motivado por homofobia

Redação Publicado em 17/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h11


Justiça de São Paulo condenou nesta terça-feira (16) o cozinheiro Fuvio Rodrigues de Matos a 10 anos de prisão em regime semiaberto por usar um canivete para matar o cabeleireiro Plínio Henrique de Almeida Lima na noite de 21 de dezembro de 2018.

A informação foi confirmadapela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ). Cabe recurso da decisão do júri popular realizado no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista.

Câmeras de segurança chegaram a gravar a discussão entre o réu e a vítima, além da fuga do acusado à época. Ele foi detido depois.

Segundo o Ministério Público (MP), o crime foi motivado por homofobia, mas os jurados não consideraram que o assassinato foi por isso. Afastando desse modo a qualificadora por motivo torpe do homicídio, o que aumentaria a pena do réu.

No entendimento do júri, o réu matou a vítima após uma discussão . Angelo Carbone, advogado que defendeu os interesses da família de Plínio e atuou como assistente da acusação no processo, informou à reportagem que irá recorrer da decisão do júri.

Fuvio sempre negou as acusações de que foi homofóbico, alegando que usou a arma contra Plínio para se defender dele após uma briga.

Segundo a acusação, o crime aconteceu no cruzamento das avenidas Paulista e Brigadeiro Luiz Antônio, no Centro da capital paulista. Plínio era gay e tinha 30 anos. Fuvio, de 34 anos, continuará preso para cumprir a pena no semiaberto, podendo sair da prisão para trabalhar e voltar para dormir.

O julgamento presencial de Fuviocomeçou por volta das 14h e terminou depois das 23h. Cinco mulheres e dois homens compuseram o júri popular. Eles votaram e, por maioria, consideraram o cozinheiro culpado pelo assassinato do cabeleireiro, mas entenderam que a motivação do crime não foi por homofobia.

Coube ao juiz Luis Gustavo Esteves Ferreira, que conduziu o julgamento, a aplicação da sentença com a pena.

“Os jurados entenderam que o que motivou o crime não foi um ato homofóbico. Para mim essa é uma decisão contrária as provas dos autos. No processo havia sim provas de que foi um ato homofóbico. Mas os jurados entenderam dessa maneira e condenaram ele sem a presença da qualificadora”, afirmou ao g1 a promotora Renata Cristina de Oliveira Mayer, que ainda analisará se irá recorrer ou não da sentença.

“Infelizmente os jurados entenderam que xingar uma pessoa de ‘bichinha’, ‘menina’ não configura um ato de homofobia”, lamentou a promotora.

O julgamento de Fuvio já deveria ter ocorrido no último dia 1º de setembro, depois em 5 de maio, 22 de fevereiro e por último 27 de outubro deste ano. Mas foi adiado nessas quatro ocasiões anteriores pela juíza Marcela Raia de Sant’Anna.

Entre os motivos para os adiamentos estavam: pedidos da defesa do acusado para ouvir testemunhas que não haviam comparecido antes; o fato de os fóruns estarem funcionando remotamente em virtude da pandemia; a suspeita de que um membro da defesa do réu estivesse com Covid; e a ausência do número mínimo legal de jurados para a realização do sorteio do conselho de sentença.

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G1

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