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Juninho lembra aposta em Paquetá no Lyon e vê nova fase na Seleção: “Precisava de atenção e confiança”

Nos sete meses que se passaram desde a última convocação da seleção brasileira muita coisa mudou na vida de Lucas Paquetá. Se da última vez, nos jogos contra

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Redação Publicado em 30/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h03


Ex-jogador da seleção brasileira, diretor do clube francês elogia meia que o chamava a atenção pela técnica e luta sem a bola desde os tempos de Flamengo: “Meia-atacante altamente competitivo”

Nos sete meses que se passaram desde a última convocação da seleção brasileira muita coisa mudou na vida de Lucas Paquetá. Se da última vez, nos jogos contra Venezuela e Uruguai, ele só foi chamado após corte de Philippe Coutinho e teve a convocação contestada por parte da torcida e da imprensa, agora o meia chega credenciado por uma grande temporada no Lyon.

Aos 23 anos, Paquetá foi um dos destaques de seu clube, figurou na seleção do Campeonato Francês e apresentou números bem melhores do que os da passagem pela Itália:

  • Pelo Lyon (em um ano): 34 jogos / 10 gols / 6 assistências
  • Pelo Milan (em dois anos): 44 jogos / 1 gol / 3 assistências

Com a moral de quem mudou a história do clube francês, com sete títulos consecutivos na época de jogador, Juninho Pernambucano apostou em Paquetá e viu o jogador crescer bastante no clube:

– Eu falei para ele: “Conheci você assim em vários jogos que te vi, e a sua capacidade coletiva me chamou atenção. Quando você perde a bola, é muito competitivo”. “Aqui tem muitos brasileiros, se você quiser vir, venha”. E ele precisava de atenção e confiança. Foi isso que a gente deu a ele. Chegou aqui e parecia que estava em casa – disse Juninho, em entrevista ao ge.

Ídolo do Vasco, com passagem e gol pela Seleção em Copa do Mundo, de 2006, o executivo de futebol do clube francês conta que há tempos se impressionava com o futebol de Paquetá.

– Ele é completo. Faz gol, dá passe, tem força, marca, recupera e ainda é alto – exalta Juninho.

O desempenho no primeiro ano de França entusiasmou também a comissão técnica de Tite, que acompanhava com atenção o futebol de Paquetá. O setor do campo em que ele atua – além da facilidade em jogar mais recuado também (assim treinou neste sábado com Tite) – é considerado um dos mais carentes hoje na Seleção – Coutinho, que vive sequência de lesões, alternava bons e maus momentos e Everton Ribeiro, que completou 32 anos, aproveitou espaço.

Juninho vê na versatilidade de Paquetá um trunfo para o jogador. Lembra a determinação do meia, que chegou a atuar como centroavante no Flamengo, com o técnico colombiano Reinaldo Rueda – hoje de volta ao comando da seleção colombiana.

– Eu trouxe três jogadores que conheci praticamente quando eles estavam começando: Jean Lucas, Bruno Guimarães e Paquetá. Eu era comentarista na Globo, e isso me deu uma vantagem. Vi Paquetá jogando de centroavante, de meia e mais atrás. O via correndo e lutando. O que me chama atenção é que é um canhoto de muita qualidade, mas um meia-atacante altamente competitivo. Sem a bola trabalha para caramba. Ele prefere jogar como camisa 10. Mas se botar de 5, de centroavante ou no lado direito, ele joga também. Tem muito técnica e enxerga muito bem o jogo – opina Juninho.

No início de maio, nasceu Filipp, o segundo filho de Paquetá. O primeiro, Benício, nasceu na Itália — Foto: Reprodução

No início de maio, nasceu Filipp, o segundo filho de Paquetá. O primeiro, Benício, nasceu na Itália — Foto: Reprodução

No Lyon, Paquetá manteve perfil versátil, ora atuando mais recuado ao lado de outro volante, ora mais adiantado, com mais liberdade para criar. Além das seis assistências, o ex-jogador do Flamengo encontrou bons espaços para os companheiros em outros lances em que o gol não saiu.

Na maior parte dos jogos, ele se destacou jogando pelo meio, partindo do centro para a direita, em função parecida com a que Tite pensa para ele na Seleção. O momento irregular no Flamengo de Everton Ribeiro, titular nas últimas rodadas das Eliminatórias, aumenta as chances de Paquetá.

Mapa de calor de Lucas Paquetá no Campeonato Francês — Foto: Sofascore

Mapa de calor de Lucas Paquetá no Campeonato Francês — Foto: Sofascore

Antes de se decidir pelo Lyon, Paquetá não vivia bom momento no Milan. A saída do executivo de futebol Leonardo para o PSG, seis meses depois de levar o brasileiro do Flamengo, ajudou no isolamento do jogador na Itália. Com poucas chances, Paquetá despertou Juninho para tentativa pelo meia. O diretor do clube francês conta bastidores da época da contratação, em setembro de 2020.

– Não poderia contratá-lo pelos 35 milhões (de euros) que o Milan deu. Aí fiquei observando, observando, e ele não estava jogando. Quando Leonardo foi embora, entrei em contato com o empresário (Eduardo Uram) e apresentei o projeto para o nosso presidente. A gente não tinha um jogador como o Paquetá, versátil, que chega à área, mas defende pra caramba. Nosso problema no Lyon não é a parte da criação ou ofensiva. Nosso problema é quando perdia a bola, e os atacantes não defendiam – relata Juninho Pernambucano.

Apesar de tantos elogios, Juninho também tem seu lado exigente e admite dar algumas broncas no meia. Para o diretor do Lyon, uma jogada característica de Paquetá, a proteção da bola de costas para o marcador, pode deixá-lo vulnerável a faltas mais violentas:

– Isso você pode colocar (na reportagem) porque eu trabalho muito com ele: às vezes, ele protege protege a bola demais e não precisa. Aí leva pancada por trás.

Lucas Paquetá teve boa temporada pelo Lyon, da França — Foto: Getty Images

Lucas Paquetá teve boa temporada pelo Lyon, da França — Foto: Getty Images

Com a amarelinha, Paquetá conquistou Copa América em 2019 e já disputou 13 partidas, tendo feito dois gols, o último em novembro de 2019, em amistoso contra a Coréia do Sul.

Há um ano e meio, o meia também passou a investir no mercado de jogos eletrônicos e montou a Paquetá eSports Gaming, organização voltada para campeonatos do jogo de tiro. O chefe no Lyon brinca com a situação e diz que tenta controlar o jogador para não varar madrugadas com os games.

– Sei que ele tem um time de videogame, é dono de um time de eSports. É apaixonado por videogame. Um dia eu estava vendo o SporTV, e escutei: “Vai entrar o time Paquetá Sports”. Eu pensei: “Ué, Paquetá? Esse nome não é estranho” (risos). Ele falou: “O time é meu, eu contratei os caras”. Falei para ele segurar um pouco à noite porque isso tira a energia, mas é um garoto muito bom. Tem o relaxamento natural às vezes, e aí você deixa de treinar como tem que ser, mas ele amadureceu demais – comenta Juninho.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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