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‘Judiaram da minha menina’, diz mãe de jovem morta com sinais de estupro

A comenta que a filha nunca bebeu. "Acho que colocaram algo na água dela. Deixaram ela sozinha na calçada. Eu ligava, ligava e o celular só dava desligado."

‘Judiaram da minha menina’, diz mãe de jovem morta com sinais de estupro
‘Judiaram da minha menina’, diz mãe de jovem morta com sinais de estupro

Redação Publicado em 10/10/2016, às 00h00 - Atualizado às 19h13


Adolescente de 14 anos sumiu após ir a festa com amigos em Catanduva.
Polícia afirma que morte foi causada por fratura no crânio.

O corpo da adolescente de 14 anos, que foi encontrada morta e com sinais de estupro depois de uma festa, foi enterrado na manhã desta segunda-feira (10), no cemitério Nossa Senhora de Fátima, em Catanduva (SP). O crime chocou moradores e deixou amigos e parentes abalados. A mãe de Ana Clara Macena dos Santos, Maria Aparecida Caetano, pede justiça. “Judiaram da minha menina da pior forma. Não sei se vai ter Justiça, eu espero, mas não confio muito, não. Só a Justiça de Deus.”
Maria Aparecida Caetano, mãe da jovem, não se conforma com crime (Foto: Reprodução/TV TEM)

Maria Aparecida Caetano, mãe da jovem, não se conforma com crime (Foto: Reprodução/TV TEM)

Segundo a polícia, a jovem teria passado mal depois de ingerir bebida alcóolica do lado de fora da festa. Amigos a ajudaram e entraram no salão para pegar água, mas quando voltaram ela não estaria mais no local. Testemunhas contaram à polícia que ela teria saído com um homem não identificado.

A comenta que a filha nunca bebeu. “Acho que colocaram algo na água dela. Deixaram ela sozinha na calçada. Eu ligava, ligava e o celular só dava desligado.”

A mãe conta que a filha estava empolgada e não a impediu de ir à festa porque ela foi com uma amiga de confiança. “Ela já tinha ido em um festa assim, eu ou a mãe da amiga que as levava e buscava. Faço aniversário agora dia 12 e ela ainda disse que me daria o presente naquele dia. Antes dela sair me deu um beijo e disse: ‘mãe, eu te amo.’ Saiu e foi para a casa da amiga”, diz.

Maria Aparecida afirma que a mãe da amiga levou as duas à festa e ia buscar. “Me falaram que ela entrou na festa normal, conversou com o primo, largou a bolsa dela e depois falaram que ela já estava sozinha em uma roda tomando água. De repente, saiu e já estaria passando mal. Muitas pessoas me falaram que ela estava caída na calçada. Será que ninguém viu minha menininha caída na calçada? Ela era uma menininha, ela tinha 14 anos, podiam ter me ligado para ir buscá-la. Ninguém me ligou para ir buscá-la. Acho que no período em que estava na calçada a pegaram”, diz.

O tio da adolescente, Luís Henrique Caetano, acredita que a sobrinha tenha sido dopada dentro da festa. “Ela nunca bebeu e perdeu a vida. Foi um crime brutal, foi horrível. Quero justiça. Machucaram muito minha sobrinha, bateram muito nela.”

Um adolescente, que preferiu não se identificar, disse que a festa era para menores e não tinha bebida alcoólica, nem drogas. A festa, segundo ele, era para conseguir uma máquina fotocopiadora para o Instituto Federal onde eles estudam. “Porque tínhamos que copiar um monte de provas à mão e não tínhamos dinheiro para tirar cópia da prova. Ninguém entrou com bebida na festa, mas eles bebiam lá na frente, a gente não podia impedi-los de entrar bêbados, mas lá dentro não tinha bebida alcoólica. Muita gente passou mal por ter bebido lá na frente. Eu tentei acudi-la, mas foi o tempo de eu ir buscar um copo de água e quando voltei, ela sumiu”, afirma.

Enterro da adolescente foi na manhã desta segunda-feira (10), em Catanduva (Foto: Reprodução/TV TEM)

Enterro da adolescente foi em Catanduva (Foto: Reprodução/TV TEM)

O diretor geral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Catanduva, Márcio Andrei Teixeira, disse que a festa foi organizada por alunos que fazem parte do Grêmio Estudantil. Segundo ele, são oito estudantes do Ensino Médio, com idades entre 14 e 18 ano, que usaram o nome do Instituto para arrecadar dinheiro, o que não poderia ser feito. Ele disse ainda que desconhecia a organização da festa e que foi um caso isolado.

O diretor do Instituto disse também que vai ouvir os alunos que fazem parte do Grêmio Estudantil e que já entrou em contato com o Departamento Jurídico do Instituto para saber quais as providências que serão tomadas em relação aos alunos.

O delegado Hélvio Roberto Bolzani, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Catanduva, investiga o caso. Três suspeitos já teriam sido identificados pela polícia e, a partir do momento em que os menores forem apreendidos, ele vai pedir a internação deles à Justiça. Se for comprovada a participação dos três menores no crime, eles serão apreendidos em flagrante e podem ficar até três anos internados na Fundação Casa. Esse é o prazo máximo de pena para menores envolvidos em crimes.

Entenda o caso
A jovem desapareceu após ir a uma festa com amigos na noite de sábado (8), em um salão perto do local onde o corpo foi encontrado. Durante a manhã, familiares fizeram postagens para pedir ajuda para localizar a garota, que ainda não havia voltado para casa.

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Catanduva vai ouvir o organizador da festa e os adolescentes que estavam no local. Segundo a polícia, não foram encontrados indícios de consumo de bebida alcoólica dentro do salão, onde o evento foi realizado.

Corpo foi encontrado em barracão (Foto: Reprodução/TV TEM)

Corpo foi encontrado em barracão de Catanduva (Foto: Reprodução/TV TEM)

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