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Isaquias, Ana Sátila, Pepê e Rufino pedem ajuda à Confederação de Canoagem

A Confederação Brasileira de Canoagem vive grave crise financeira por conta de uma execução judicial de R$ 5,7 milhões. Após o presidente Jonatan Maia falar

Isaquias, Ana Sátila, Pepê e Rufino pedem ajuda à Confederação de Canoagem
Isaquias, Ana Sátila, Pepê e Rufino pedem ajuda à Confederação de Canoagem

Redação Publicado em 20/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 18h11


Atletas falam em união e tentam buscar alternativas para que a entidade supere a crise financeira causada por uma execução judicial

A Confederação Brasileira de Canoagem vive grave crise financeira por conta de uma execução judicial de R$ 5,7 milhões. Após o presidente Jonatan Maia falar em “dívida impagável”, os principais atletas da modalidade, Ana Sátila, Fernando Rufino, Isaquias Queiroz e Pepê Gonçalves, pediram união e ajuda pela modalidade.

Isaquias Queiroz medalha de ouro no C1 1000m — Foto: André Durão/ge

Isaquias Queiroz medalha de ouro no C1 1000m — Foto: André Durão/ge

– É uma situação muito triste. A gente sempre soube dessa dívida com os bingos, só aguardávamos para saber quando chegaria à tona. A canoagem já passou por muita coisa durante esses anos. A gente precisa trabalhar junto, focado, para surgir uma esperança – declarou Ana.

– É uma situação muito triste, muito chata. Acredito que alguém possa ajudar a canoagem, patrocinadores, alguma empresa privada que possa ajudar a confederação pagar essa dívida – disse Isaquias.

– Eu saí de um projeto social e, assim como eu, muitas outras crianças podem ter a oportunidade de mudar de vida pelo esporte. Por isso precisamos de ajuda e união para conseguir tirar a confederação dessa situação – completou Pepê Gonçalves.

Ana Sátila e Pepê Gonçalves canoagem slalom Pan de Lima ouro — Foto: Jonne Roriz/COB

Ana Sátila e Pepê Gonçalves canoagem slalom Pan de Lima ouro — Foto: Jonne Roriz/COB

– Foi muito triste. Eu já vinha acompanhando o processo através do colegiado de atletas. Agora é ficar de cabeça erguida, é um processo de 1998 e 1999. Falei para todos os atletas que temos que ficar de cabeça erguida, fazer a nossa parte e apoiar a confederação – concluiu Fernando Rufino.

Fernando Rufino com a medalha de ouro paralímpica — Foto: Miriam Jeske/CPB @miriamjeske.photo

Fernando Rufino com a medalha de ouro paralímpica — Foto: Miriam Jeske/CPB @miriamjeske.photo

Boa parte dos custos dos atletas de elite não está nas mãos da Confederação. Tanto o os comitês Olímpico e Paralímpico ajudam a bancar equipes e centro de treinamentos, mas a formação de novos atletas não é abraçada pelos comitês.

Os principais campeonatos nacionais já foram afetados pela crise financeira. A CBCa anunciou o adiamento do Campeonato Brasileiro de Canoagem Velocidade, que seria realizado em Cascavel no Paraná entre os dias 23 a 26 de setembro, e a Copa Brasil de Paracanoagem, que teria sede em Campo Grande (MS). O Campeonato Brasileiro de Canoagem Slalom, marcado para os dias 08 a 10 de outubro em Três Coroas (RS), será reavaliado.

– Sobre o campeonato brasileiro, eu estive conversando com o Lauro para ver se conseguimos de algum jeito realizar o campeonato, para que os atletas jovens conseguirem um resultado para garantir suas bolsas. Vamos tentar de algum jeito, com o Comitê Olímpico ou parcerias, realizar esse campeonato. Para que os atletas possam continuar competindo. Isso é o que mais motiva nós, os atletas – afirmou Isaquias.

A canoagem vem de recentes conquistas históricas, tanto nas Olimpíadas quando nas Paralimpíadas. No dia 06 de agosto, Isaquias Queiroz conquistou o primeiro ouro da canoagem ao vencer o C1 2000m em Tóquio. Quase um mês depois, foi vez de Fernando Rufino ficar no topo do pódio da categoria VL2 nas Paralimpíadas.

Entenda o caso

Na última semana, Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) suspendeu as atividades e anunciou o desligamento de todo o quadro de funcionários em meio a uma execução judicial, no Tribunal de Justiça de São Paulo, cobrando R$ 5,7 milhões que deve bloquear as contas da entidade nos próximos dias.

A atitude de desligar todos os funcionários, segundo a Confederação, tem como objetivo “preservar os parceiros, atletas e profissionais da canoagem brasileira nesse momento”. A CBCa garantiu a eles pagar todos os direitos trabalhistas.

Centro de canoagem — Foto: Divulgação/CBCA

Centro de canoagem — Foto: Divulgação/CBCA

A decisão da Justiça é relacionada ao não-recolhimento de ISS (Imposto Sobre Serviços) em obtenção de recursos através de leis de incentivo ao esporte e captados pela CBCa, na década de 1990 e início dos anos 2000, via bingos no município de São Paulo. Além do processo já executado, a Confederação é ré em outras 13 ações semelhantes na capital paulista.

Um serviço independente de auditoria foi contratado pela confederação para calcular qual o valor total da dívida. Em caso semelhante, a Confederação Brasileira de Vela (CBVela) convive com um processo de valor estimado em R$ 190 milhões na Justiça.

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