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Inovações verdes no Brasil

Por Leonardo Augusto de Campos*

Inovações verdes no Brasil
Inovações verdes no Brasil

Redação Publicado em 23/04/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h44


Por Leonardo Augusto de Campos*

Inovações verdes no Brasil

Ao longo desta coluna já conversamos sobre como o contexto atual que demanda revisão de padrões de consumo, produtividade e competitividade a partir da consideração de aspectos e impactos ambientais, sociais e econômicos no longo prazo. Isso é um desafio principalmente para as corporações tradicionais que baseiam sua competitividade em custos, escala, barreiras comerciais e propriedade intelectual.

Sobre este último ponto, existe um esforço global de inserir as inovações sustentáveis dentro dos sistemas de propriedade, respeitando a peculiaridade de cada país. No Brasil isso é representado pelo Programa de Patentes Verdes iniciado em 2012 como piloto, mas que atualmente funciona como uma das possibilidades de registro prioritário de inovações no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI.

As patentes verdes são uma das maneiras de proteger as iniciativas em inovação sustentável. Elas protegem o desenvolvimento de tecnologias verdes o que, em muitos casos, representa um investimento maior de tempo e recursos e um gerenciamento mais acurado dos trade-offs que vão se colocando no desenvolvimento de produtos que solucionem problemas, possam ser comercializados e cujo ciclo de vida não agrida o meio ambiente.

As inovações verdes em nosso país ainda são predominantemente incrementais (aquelas que normalmente melhoram ou agregam algo a partir de inventos já existentes) e pouco disruptivas. Infelizmente, não só nas tecnologias verdes, mas também em outros produtos de pesquisa e desenvolvimento, o Brasil ainda está muito atrás. Segundo a Confederação Nacional da Indústria – CNI, em 2020 ocupávamos a 57° colocação no Índice Global de Inovação (IGI) entre 132 países. Ao nos compararmos com os demais países emergentes, estamos à frente apenas da África do Sul. Há ainda um indicador que mede a média de pesquisadores ativos por um milhão de habitantes e estamos abaixo do índice mundial, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Então, apesar da criação de dispositivos legais de proteção ao inventor, maiores investimentos públicos em pesquisa e desenvolvimento, programas de fomento à parcerias público-privadas, mapeamento, análise e identificação de oportunidades para inovação sustentável são necessários. Temos potencial para liderar o movimento global de inovação verde: campo de pesquisa, gente capacitada e demanda por soluções ambientalmente amigáveis é que não faltam.

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*Leonardo Augusto de Campos
Mestre em Gestão e Tecnologia em Sistemas Produtivos pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (CEETPS). Especialista em Administração Industrial pela Universidade de São Paulo (USP). Engenheiro Mecânico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua há mais de vinte anos como gestor industrial e de qualidade e processos em empresas nacionais e multinacionais de diversos setores. Atuou como professor em cursos de graduação em universidade privada e como professor colaborador do curso de Pós-Graduação da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Pesquisa nas áreas de Estratégias Empresariais, Inovações Sustentáveis e de Energias Renováveis.
[email protected]
www.linkedin.com/in/leonardo-campos
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