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Inflação: O inimigo forte que foi subestimado por Biden

Imagem Inflação: O inimigo forte que foi subestimado por Biden

Redação Publicado em 04/07/2022, às 00h00 - Atualizado em 09/07/2022, às 07h11


Erro grave é não saber das forças e debilidades de nosso inimigo quando entramos na batalha. Foi exatamente isto que o Presidente Joe Biden fez quando se deparou com um adversário interno e extremamente destruidor, a inflação. Faz mais de 40 (quarenta) anos que o povo americano não tem a mínima ideia da convivência e danos causados por este fenômeno, ou seja, só o americano com quase 60 anos de idade lembra dos efeitos deste flagelo. Um País que convivia com taxas inflacionárias muito próximas a 1% ao ano, agora sente na pele, nas prateleiras do mercado e nas bombas de combustíveis a taxa beirando os 9% ao ano.

Logicamente que ao nos depararmos com esta situação, a tendência seria associarmos todo este mal à pandemia e invasão da Ucrânia. Mas como sempre lembra aquele comercial de compras por pela TV: “Mas não é só isto!!!“

Apesar de quase todas as economias do mundo enfrentarem o problema inflacionário, a condução catastrófica utilizada pelo Presidente Biden foi o alimento que turbinou o processo nos Estados Unidos, senão vejamos:

O Governo americano emitiu mais de 4 trilhões de dólares para atender aos programas sociais durante a pandemia, o que por si só até seria compreensível, desde que não funcionasse em muitos casos como um incentivo ao ócio. Uma boa parte da força produtiva do País preferiu ficar em casa recebendo o auxílio durante vários meses, mesmo porque a diferença entre o benefício e o salário (caso optasse por trabalhar) seria pequeno. Houve enorme expansão da base monetária (dinheiro em circulação) com a falta de bens e produtos devido a quebra da cadeia produtiva devido à COVID 19. Todos sabemos aquilo que ocorre quando tem excesso de dinheiro em circulação e falta de produtos no mercado: Aumento de preço.

No início do ano a dívida pública americana superou os 30 trilhões de dólares, aumentando em 7 trilhões de dólares em um ano, recorde jamais imaginado na maior economia do mundo. Enquanto o Presidente Biden ainda insiste em viver em seu País imaginário, insistindo em não acreditar na inflação que já reina e a recessão que se avizinha, tanto o Federal Reserve (FED – Banco Central Americano) quanto renomadas figuras do mercado financeiro estão alerta e receosos quanto ao último semestre deste ano e primeiro semestre de 2023. A taxa de juros que é gerida pelo FED, foi aumentada drasticamente no último mês de junho, chegando próxima a 2% ao ano, com perspectiva de 3,5% até o final deste ano, quando até bem pouco tempo atrás chegou a ser negativa. O povo americano está atônito e carente de informações, não sabe o que está acontecendo, mesmo porque não tem o nosso “know how” inflacionário.

A secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen admitiu que não conseguiu prever por quanto tempo a inflação continuaria a atormentar os consumidores americanos, acrescentando: “Acho que estava errada sobre o caminho que a inflação tomaria”. Quando muitos já alertavam sobre o aumento de preços e dificuldade na contratação da mão de obra, o Presidente Biden, em um dos programas de maior audiência no País, sugeriu; “Pay more”, que na tradução livre e no contexto seria: “Paguem mais para manter os funcionários”. Ora, isto seria aceitável e louvável em economia sem o dopping financeiro incentivado por sua administração. Como não existe almoço de graça, a conta chegou.

Tudo indica que a inflação chegou com aquele jeitão de quem não vai embora tão cedo, não apresentando sinais de declínio, muito pelo contrário, subindo a cada semana. Não podemos negar que o aumento do barril do petróleo devido a invasão da Ucrânia também alimenta este monstro, mas até neste ponto o Presidente não soube atuar quanto à utilização da reserva estratégica dos EUA para regular o preço. O único sintoma que está influenciando negativamente no estratosférico valor do barril de petróleo é a perspectiva de recessão mundial com o consequente desaquecimento da economia, ou seja, vamos produzir menos e consumir menos combustível. A velha lei da oferta e procura que ninguém revoga.

O aumento da taxa de juros certamente provocará a recessão na maior economia do mundo, prejudicando sensivelmente as economias de países emergentes como o Brasil, todavia ninguém pode garantir que este remédio irá funcionar e quando. A popularidade do Presidente Biden já caiu para 39% e se aproxima do recorde negativo (pesquisa Reuters). Mais de 56% dos americanos desaprovam o desempenho do Presidente e tudo indica que perderá o controle das duas Casas do Congresso nas próximas eleições legislativas de 08 de novembro.

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