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Inatividade aumenta mortes por doença cardiovascular na pandemia

Estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a inatividade física na pandemia pode aumentar as mortes por doenças cardiovasculares em até 200 mil

Inatividade aumenta mortes por doença cardiovascular na pandemia
Inatividade aumenta mortes por doença cardiovascular na pandemia

Redação Publicado em 12/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h18


Falta de exercícios teve crescimento de 50%, diz pesquisa.

Estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a inatividade física na pandemia pode aumentar as mortes por doenças cardiovasculares em até 200 mil novos registros no longo prazo. O Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada & Nutrição, da Faculdade de Medicina, projetou em março de 2020, a partir da revisão de 50 estudos, que a falta de exercícios teve um crescimento de 50%. Inatividade aumenta mortes por doença cardiovascular na pandemiaInatividade aumenta mortes por doença cardiovascular na pandemia

Uma das pesquisas, que foi base para a análise, mostra que a falta de atividade física é responsável por cerca de 9% da mortalidade anual, resultando em cerca de 5 milhões de mortes por ano no mundo. Outros dados encontrados mostram que mesmo a inatividade de curto prazo (até um mês) pode aumentar o fator de risco para as doenças do coração.

“Nós temos dados que de fato confirmam que a inatividade física cresceu, e cresceu especialmente nos grupos clínicos que foram mais expostos a essa condição de isolamento social”, disse Bruno Gualano, professor da Faculdade de Medicina da USP. O estudo recebeu o prêmio 2020 Impact Award do American Journal of Physiology – Heart and Circulatory Physiology, por ser o artigo mais citado da revista no último ano, com 77 citações.

As informações foram utilizadas na formulação de políticas públicas. “Muitos programas de atividade física a distância, política públicas, infelizmente não no nosso país, mas em países europeus, no próprio Estados Unidos, para a promoção de atividade física.”

Gualano destacou que o exercício foi encarado pela comunidade científica e pelos tomadores de decisão como um fator de risco importante que precisava ser combatido durante a pandemia.

Recomendações

O pesquisador ressaltou que a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é a prática de 150 a 300 minutos por semana de atividade física moderada a vigorosa. “É aquela atividade que a gente faz conversando com alguém ao lado e que a gente sente uma certa dificuldade para conversar.” No Brasil, cerca de 50% da população é considerada inativa.

Ele afirmou, no entanto, que é preciso manter os cuidados para a prática diante dos riscos da covid-19. “A atividade física é essencial, mas a academia de ginástica não é. O que eu quis dizer com isso? Que a academia não é importante? Não, é importante, mas não é vital. Significa que eu consigo manter meus níveis de atividade física sem me entranhar numa academia que não traga as condições ideais de proteção”, explicou.

Efeito protetor

O grupo de pesquisa também se debruçou sobre o fator de proteção dos exercícios para as formas mais grave de covid-19. Foram avaliados 200 pacientes internados com a infecção, relacionando a condição ao nível de atividade física praticada.

“O efeito protetor da atividade física vai até a página três. Há uma resposta protetora no geral, mas para quando a gente avalia o paciente grave, com comorbidade, com obesidade, de uma idade mais avançada, com doenças crônicas associadas, que são fatores agravantes da covid, esses fatores parecem superar o efeito protetor da atividade física.”

Gualano destaca, portanto, que a recomendação é que se faça atividade física, tendo em vista que ela reforça a resposta imune do organismo e previne condições que são fatores de risco para a covid grave, como obesidade, diabete tipo 2 e hipertensão.

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Agência Brasil

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