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Humor é coisa séria

Por Fernanda Trigueiro*

Fernanda Trigueiro
Fernanda Trigueiro

Redação Publicado em 08/04/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h46


Por Fernanda Trigueiro*

Humor é coisa séria

O humor não é só entretenimento, é também uma ferramenta de comunicação. É poderoso e pode conectar pessoas e gerações. Informa, faz críticas sociais, provoca a sociedade e busca reflexão. Piadas já esconderam notícias até mesmo para escapar da censura. E usadas com inteligência e respeito, cumprem diversas missões.

O humor é coisa séria e diante do debate dos últimos dias, nos vimos num momento de parar e rever para qual caminho devemos seguir. Limite ou bom senso? Uma “piada de mal gosto” foi capaz de ofuscar o brilho do maior evento cinematográfico do mundo e ainda arrisca manchar a imagem de um consagrado ator. É só jogar na internet. Anos e anos brilhando nas telonas parecem ter sido engolidos por um tapa. Não se fala mais nada além disso.

E aí a gente pensa: desde quando o humor que deveria provocar o riso a e gargalhada pode humilha, fazer chorar e ofender? O humor agressivo para mim não é comédia, é drama. Falo drama porque assuntos sensíveis e delicados como a aparência, fragilidades, traumas e medos não teriam que ser tema de zoação e chacota.

Virar o alvo da risada alheia faz tudo mudar. Ser ridicularizado e exposto à toa para que outros se divirtam não é justo. A dor do outro nunca é divertida. E quem usa isso pra fazer graça só tem palco, porque tem plateia. Então, não adianta falar apenas do tal engraçadinho… quem ri também fere.

Uma linha tênue entre o que é politicamente correto e o que não é. O que é uma simples “piadinha” ou o tal “mimimi”. A verdade é que falta se colocar no lugar do outro. Quem não consegue ter empatia, imagine o seu filho. Se a criança chegar chorando da escola porque um amiguinho zombou ou tirou sarro dela, o que você faria? Muitos pais cobram que o filho se defenda, que não deixe barato. Que jogue na mesma moeda e reaja. É mais ou menos por aí.

Talvez, no tempo dos nossos avós, a risada era outra. Talvez, hoje aqueles programas antigos não teriam mais graça. A comédia, assim como o mundo, também muda, evolui e se transforma. Uma piada pode não ser legal para todos. Mas a partir do momento que alguém chora e se magoa, isso é qualquer coisa menos humor. Talvez, agora seja o momento de refletir. Não brinque com o humor!

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