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Homens presos sem provas na periferia da Zona Sul de SP são soltos

Eles foram presos no dia 3 de janeiro em um ônibus, quando voltavam da região de Pinheiros, na Zona Oeste, porque a polícia achou que eles eram parecidos com

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Redação Publicado em 16/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h11


João Igo e Felipe, que são conhecidos por trabalhos sociais no Campo Limpo, foram presos quando voltavam de Pinheiros, na Zona Oeste, após uma das vítimas reconhecer a cor da roupa deles. Ambos ficaram presos por 12 dias.

Dois homens que foram acusados de roubo sem indícios convincentes foram soltos na tarde da última sexta-feira (15), depois de passarem 12 dias no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Belém, na Zona Leste.

Eles foram presos no dia 3 de janeiro em um ônibus, quando voltavam da região de Pinheiros, na Zona Oeste, porque a polícia achou que eles eram parecidos com a descrição de vítimas de um assalto que ocorreu horas antes.

As vítimas não reconheceram os dois rapazes e eles não estavam com nada roubado – uma das pessoas disse apenas que reconhecia as roupas deles. Mesmo assim, foram levados para o Centro de Detenção Provisória (CDP) do Belém, na Zona Leste.

Moradores do Campo Limpo, Zona Sul da capital, João Igo dos Santos Silva, de 37 anos, e Felipe Patricio Lino Ferreira, de 20, são conhecidos pelos trabalhos sociais que fazem em comunidades. Igo é produtor audiovisual e Felipe é lutador de Artes Marciais Mistas (MMA) e dá aulas gratuitamente.

O Tribunal de Justiça recebeu um pedido de habeas corpus na quarta (13) e entendeu que não há motivos para a prisão preventiva. Os jovens podem responder ao processo em liberdade.

“A gente conseguiu isso junto, certo? Isso mostra que a gente é um coletivo, todos somos um, estamos juntos e a nossa luta ela só se intensifica, ela só se torna mais forte. E a gente vê não está sozinho, muito obrigado a todos”, disse João Igo.

Para a advogada e amiga Júlia Maria de Siqueira, a prisão dos rapazes foi arbitrária. “Sem dúvida nenhuma, a prisão do Igo e do Felipinho, como mostram as provas, é arbitrária e ilegal, porque essas prisões ilegais ocorrem no Brasil. O Brasil é um país onde os negros têm que provar sua inocência, diferentemente do que está na Constituição, que é a presunção de inocência”, disse ela.

Agora, a defesa deve se concentrar em provar a inocência de João Igo e Felipe, e informa que possui um vídeo que mostra os amigos andando em Pinheiros no dia 2 de janeiro, mas em um horário depois que o crime já tinha ocorrido, e sem carregar nada nas mãos.

“Serem presos por causa da cor da roupa não justifica, entendeu? Então eles foram atrás das provas, estou muito emocionada, agradeço a todo o movimento que teve, nos ajudou. E estou muito feliz de ter meu filho nos meus braços de volta”, disse Maria Celeste, mãe de João Igo dos Santos.

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