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Home office se torna novo indicador de desigualdade social no Brasil

O trabalho remoto , também conhecido como home office , se tornou uma realidade para muitas pessoas ao redor do mundo. Após seis meses sob este regime, os

Home office se torna novo indicador de desigualdade social no Brasil
Home office se torna novo indicador de desigualdade social no Brasil

Redação Publicado em 31/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h50


De acordo com o IBGE, sistema concentra trabalhadores formais qualificados em regiões mais prósperas

O trabalho remoto , também conhecido como home office , se tornou uma realidade para muitas pessoas ao redor do mundo. Após seis meses sob este regime, os dados consolidados do Pnad e do IBGE mostram que a modalidade acabou se tornando um indicador das desigualdades econômicas no Brasil.

Em julho, por exemplo, dos 8,4 milhões de trabalhadores remotos do Brasil, praticamente a metade, 4,9 milhões, estava no Sudeste, região que concentra profissionais mais qualificados e a geração de PIB (Produto Interno Bruto). Apenas 252 mil estavam no Norte, fatia mais pobre do país.

Quando se compara a proporção de trabalhadores em teletrabalho com a população ocupada em cada região do país, a disparidade social fica mais evidente.

Cerca de 10% de toda a população ocupada no Brasil estava nesse sistema em julho. A fração, porém, é maior no Sudeste, onde 13% da população ocupada estava no trabalho remoto, e bem menor no Norte, onde a apenas 4% trabalhavam em casa diante de um computador.

A parcela também é mais alta na região Sul, onde quase 9% estavam no teletrabalho, e menor no Nordeste, que tinha 7,8% da população ocupada em home office. Detalhe: a região Sul tem uma população ocupada menor (13,5 milhões) do que o Nordeste (17,9 milhões).

Enquanto isso, no Centro-Oeste. A força da economia local é a agricultura, que exige uma maior demanda por atividades presenciais, mas, ainda assim, 9% da população ocupada estava trabalhando de casa.

Na avaliação do professor João Luiz Maurity Saboia, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), os dados retratam o que parece: o trabalho remoto é um benefício adicional para pessoas mais qualificados, principalmente para a parcela que tem curso superior completo. “O home office não é para qualquer um, é para determinadas ocupações e setores”, afirma ele em entrevista.

Entre os que estão no trabalho remoto, 6,1 milhões, quase 73% do total, concluíram o ensino superior completo ou uma pós-graduação. Em contrapartida, apenas 70 mil dos trabalhadores que estão no sistema não completaram nem o fundamental.

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iG

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