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Há 60 anos, Pelé fazia fila de jogadores no Maracanã para marcar o primeiro gol de placa

Dia 5 de março de 1961. Maracanã. O cronômetro marca 41 minutos do primeiro tempo do jogo entre Fluminense e Santos, pelo Torneio Rio-São Paulo. Pelé recebe a

Pelé
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Redação Publicado em 05/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h23


No dia 5 de março de 1961, pelo Santos, o Rei do Futebol arrancou aplausos até da torcida do Fluminense e deu vida à expressão que viria a se tornar sinônimo de golaços

Dia 5 de março de 1961. Maracanã. O cronômetro marca 41 minutos do primeiro tempo do jogo entre Fluminense e Santos, pelo Torneio Rio-São Paulo. Pelé recebe a bola pouco antes da linha do meio-campo. Aplica uma finta em um marcador tricolor e avança em velocidade, enfileirando ao todo seis adversários, para marcar um gol antológico.

Foi o segundo dele na partida, que terminou em vitória santista por 3 a 1. Uma obra-prima, que viria a se tornar o primeiro gol de placa da história. Há exatos 60 anos.

“Um gol para entrar para a história”, jornal O Globo, no dia 6 de março de 1961

Era um domingo de verão no Rio de Janeiro. Segundo os relatos, 80 mil torcedores lotavam o Maracanã. Entre eles, o jovem jornalista esportivo Joelmir Beting, que acompanhava a partida ao lado do cronista Nelson Rodrigues.

Incrédulo com o gol marcado por Pelé, na ocasião um garoto de 20 anos, já consagrado campeão do mundo em 1958, Joelmir Beting se emocionou, como viria a contar anos depois em entrevista à TV Globo. E deixou o estádio decidido: criar uma homenagem ao Rei do Futebol.

Com dinheiro do próprio bolso e apoio do jornal “O Esporte”, mandou fazer uma placa com os dizeres: “Neste campo, no dia 5 de março de 1961, Pelé marcou o tento mais bonito da história do Maracanã”. E pregou no saguão do estádio para eternizar o primeiro “gol de placa”.

Placa para homenagear gol de Pelé — Foto: Reprodução TV Globo

Placa para homenagear gol de Pelé — Foto: Reprodução TV Globo

A iniciativa de Joelmir Beting inspirou gerações nas últimas seis décadas. Muitos gols de placa sucederam o de Pelé. O episódio virou até reportagem da TV Globo, que levantou um mistério até hoje não resolvido. Onde foram parar as imagens da obra-prima do Rei?

Globo Esporte resgata a história do primeiro "Gol de Placa"

Globo Esporte resgata a história do primeiro “Gol de Placa”

Conforme mostrou a reportagem, a partida completa foi registrada com câmeras em preto e branco da época. Porém, curiosamente, o trecho exato do gol de placa de Pelé sumiu dos arquivos. A fita foi cortada exatamente no lance, que se perdeu.

Sem ter acesso ao momento histórico, o gol chegou a ser recriado para um filme sobre a vida de Pelé, em 2002, com o jogador Toró interpretando o Rei do Futebol para narrar o feito.

TV Globo recria lance de Pelé — Foto: Reprodução TV Globo

TV Globo recria lance de Pelé — Foto: Reprodução TV Globo

Sem as imagens, somente com a memória, o jornalista Mário Filho escreveu no livro “Viagem em torno de Pelé” o que ocorreu naquele histórico dia 5 de março de 1961.

“Era um gol visto do princípio ao fim, como nunca se vira outro. Então aconteceu uma coisa inédita. A multidão não se levantou. Continuou sentada. Mas prorrompeu em palmas. Não houve um só espectador que não batesse palmas. Era uma ovação de Teatro Municipal. As palmas não paravam aumentando de intensidade. Batia-se palmas olhando para o campo, para Pelé. Pelé ouviu as palmas e olhou para as arquibancadas do Maracanã. Depois levantou o braço e acenou com a mão, agradecendo. Recebia os abraços de Coutinho, de Zito, de Pepe, de Dorval e continuava a escutar as palmas… Correu para o meio de campo, acenando com a mão levantada, agradecendo. Era aquela a homenagem mais bela que recebera…

As palmas só cessaram quando Valdo deu a nova saída. Iam recomeçar logo depois, pois acabava o primeiro tempo e Pelé saía de campo. A diferença é que agora a multidão se pôs de pé para aplaudir Pelé. Quando Pelé desapareceu no túnel, ninguém ficou quieto. A vontade que todo mundo tinha era de se abrir, de compartilhar com alguém a alegria do gol de Pelé. Formavam-se grupos. Gente que não se conhecia tornava-se íntima pelo milagre do gol de Pelé”.

Joelmir Beting morreu em 2012 sem nunca conseguir rever o gol marcante de Pelé. Mas com uma carreira brilhante, marcada também por criar a expressão que virou sinônimo de golaços no Brasil.

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Fonte: GE – Globo Esporte.

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