O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse hoje (28) que a desigualdade entre homens e mulheres é "estúpida" e "inaceitável" e enumerou
Redação Publicado em 28/02/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h50
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse hoje (28) que a desigualdade entre homens e mulheres é “estúpida” e “inaceitável” e enumerou cinco áreas que necessitam de igualdade de gênero para “mudar o mundo”.
“Tal como a escravatura e o colonialismo foram manchas dos séculos anteriores, a desigualdade de gênero devia envergonhar-nos a todos no século 21. Porque não só é inaceitável, é estúpida”, disse Guterres nessa quinta-feira (27, sexta-feira em Portugal), ao receber o título de “doutor honoris causa” na Universidade New School.
Ele destacou cinco áreas que vão “mudar o mundo”, se oferecerem oportunidades e segurança iguais para homens e mulheres: conflitos armados, alterações climáticas, economia, divisão digital e representação política.
Em termos de conflitos, Guterres disse que existem “homens a travar guerras contra as mulheres”, com “táticas de guerra”, como violações e escravidão sexual, e acrescentou que, em média, 137 mulheres são mortas diariamente por um membro da família.
“Revogar leis que discriminam mulheres e meninas, aumentar a proteção contra a violência, preencher a lacuna na educação e tecnologia digital das meninas e acabar com as disparidades salariais entre homens e mulheres são apenas algumas das áreas que apontamos”, afirmou o chefe da ONU.
Sobre o clima, considerou que “a crise existencial” que o mundo enfrenta “é resultado de decisões tomadas pelos homens, mas que têm impacto desproporcional nas mulheres e meninas”.
Lamentando que as “iniciativas para reduzir e reciclar sejam predominantemente comercializadas para mulheres”, Guterres alertou para o “risco de que salvaguardar o planeta seja visto como trabalho de mulheres, tal como qualquer tarefa doméstica”.
O ex-primeiro-ministro português disse que desfrutou de muitos privilégios, sendo um homem nascido na Europa ocidental.
“Mas a minha infância numa ditadura militar em Portugal abriu-me os olhos para a injustiça e opressão. Como estudante fazendo trabalho voluntário nos bairros de Lisboa, ao longo da minha carreira política, e como líder da agência de refugiados das Nações Unidas, sempre me senti compelido a lutar contra a injustiça, a desigualdade e a negação dos direitos humanos”, declarou.
ABr
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