Para que a guerra na Ucrânia chegue a um fim, o presidente russo, Vladimir Putin, vai precisar ter alguma coisa para demonstrar ao seu povo que venceu a
Redação Publicado em 03/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h46
Para que a guerra na Ucrânia chegue a um fim, o presidente russo, Vladimir Putin, vai precisar ter alguma coisa para demonstrar ao seu povo que venceu a guerra na Ucrânia.
A opinião é de Andrei Kortunov, especialista russo que ocupa o cargo de diretor-geral de um think-tank ligado ao governo russo.
“Na minha opinião, Putin vai precisar de alguma coisa para declarar vitória. Ele não pode aceitar a derrota. Porque politicamente isso é arriscado demais para ele, isso pode ter riscos muito grandes para a sua liderança. Ele precisa ter algo que permita que ele diga basicamente ‘eu ganhei'”, disse Kortunov em entrevista nesta quarta-feira (2) à BBC.
Kortunov é diretor-geral do Russian International Affairs Council (Riac), órgão de consultoria em assuntos internacionais ligado ao ministério das Relações Exteriores e comandado por um ex-ministro de Putin.
Por anos, Kortunov apoiou diversas políticas de Putin na Rússia, mas na entrevista concedida à BBC ele critica o presidente pela condução do conflito na Ucrânia.
“A minha lógica e a lógica dos líderes russos não coincidem completamente, porque para mim é muito difícil ver qualquer benefício que a Rússia possa ter dessa operação. E de qualquer forma os efeitos colaterais provavelmente serão muito mais sérios do que qualquer eventual ganho”, disse o especialista.
Kortunov acredita que será difícil chegar a um acordo de paz que apazigue os ânimos de Putin, da Ucrânia e da Otan (aliança militar liderada pelos Estados Unidos).
“É preciso haver algum equilíbrio. Talvez seja preciso haver formas alternativas de se criar um arranjo de segurança para a Ucrânia. Em vez de a Ucrânia entrar para Otan talvez ela possa se concentrar mais em entrar para a União Europeia”, diz.
“Muito disso vai depender de os dois lados — e também o Ocidente, que é parte da equação — chegarem a algum tipo de solução que não será ideal, e que será criticada no campo moral, mas que pelo menos vai permitir que se ponha fim aos confrontos, que continuam a tirar vidas.”
O especialista avalia que o apoio a Putin dentro da Rússia cresceu desde o começo da guerra — já que muitos russos acreditam que esta é a “guerra certa” a ser lutada.
“[A maioria dos russos acredita] que eles não estão combatendo o povo ucraniano, mas sim grupos extremistas que agora estão comandando o sistema na Ucrânia”, diz.
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G1
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