Diário de São Paulo
Siga-nos

Guedes descarta corte a parlamentares, mas quer congelar salário de servidores

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu o congelamento de salários de servidores públicos por dois anos por conta da crise do novo coronavírus. Ele

Guedes descarta corte a parlamentares, mas quer congelar salário de servidores
Guedes descarta corte a parlamentares, mas quer congelar salário de servidores

Redação Publicado em 06/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h13


Em reunião com deputados, ministro da Economia descartou cortar os vencimentos, mas defendeu congelamento de salários por dois anos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu o congelamento de salários de servidores públicos por dois anos por conta da crise do novo coronavírus. Ele descartou o corte na remuneração dos funcionários federais durante a crise, já que o presidente Jair Bolsonaro não “aceita falar disso”.

As declarações foram feitas em uma reunião por videoconferência com deputados do DEM, neste domingo (5). O encontro foi fechado para o público, mas O GLOBO obteve os relatos de parlamentares que participaram do encontro.

Guedes citou um risco deflacionário em um eventual corte de salários, mas afirmou que o setor público precisa dar exemplo e, para isso, seria necessário “congelar os salários durante dois anos”. Segundo os relatos, Guedes afirmou que a economia com essa medida seria a mesma de promover cortes salariais, mas sem risco de isso gerar uma deflação.

A equipe do ministro chegou a escrever uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para cortar em 25% os vencimentos dos servidores , com proporcional redução de jornada de trabalho. Bolsonaro, porém, não aceita tratar desse assunto, disse o ministro, segundo fontes.

Na reunião, o ministro também estimou que a crise econômica decorrente da Covid-19 vai demorar “três ou quatro” meses. Mas defendeu a continuidade da agenda de reformas estruturantes.

O ministro disse não querer ver o ano de 2020 como um “grande arrombamento”, apesar de garantir que o governo vai gastar o que for necessário para conter os efeitos do novo coronavírus (Sars-Cov-2).

Segundo dados do Ministério da Economia , medidas já anunciadas pelo governo para combater o novo  coronavírus irão custar R$ 224 bilhões. Junto com a queda na receita, isso vai gerar um rombo de R$ 419 bilhões nas contas públicas em 2020, o equivalente a 5,55% do Produto Interno Bruto (PIB).

Guedes também admitiu a possibilidade de o governo antecipar o pagamento de emendas parlamentares como forma de aquecer a economia. Emendas são indicações de obras e serviços feitas por deputados em senadores, geralmente em suas bases eleitorais.

A Secretaria de Governo da Presidência da República solicitou antecipação dos pagamentos das emendas ao ministério citando a necessidade de auxiliar estados e municípios na realização de políticas públicas de apoio à população.

Guedes está a uma semana morando na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência da República. O ministro só sai da casa para ir ao Palácio do Planalto. A residência tem características de casa de campo e fica nos arredores de Brasília. Quando a conexão de Guedes falhou e os deputados ficaram sem ouvir o som do ministro, ele culpou a qualidade da internet na Granja do Torto.

Estados e municípios

Sobre estados e municípios, Guedes afirmou não ser favorável a perdão de dívidas e disse que a ajuda do governo deve ter como contrapartida um ajuste fiscal que pode incluir a privatização de empresas municipais ou estaduais.

O ministro também se disse favorável a um aumento no limite de endividamento de prefeituras e Estados, segundo relatos. Hoje, estados e municípios podem contrair R$ 8,4 bilhões em empréstimos em 2020, dos quais R$ 4,5 bilhões com garantias federais e R$ 3,9 bilhões sem garantia. Caberá ao Ministério da Economia aumentar esse limite.

A reunião durou cerca de três horas. No início, Guedes fez uma longa fala sobre os as medidas do governo para colocar dinheiro na economia, agradeceu o apoio dos deputados para aprovar o ” Orçamento de guerra ” e disse que vai continuar precisando do apoio do Congresso.

iG

Compartilhe  

últimas notícias