“A gente foi, deitou no chão, levantou a mão. Matheus começou a gritar que só tinha criança... Aí, eles tacaram duas granadas assim na porta da sala, que quem
Redação Publicado em 20/05/2020, às 00h00 - Atualizado às 13h51
“A gente foi, deitou no chão, levantou a mão. Matheus começou a gritar que só tinha criança… Aí, eles tacaram duas granadas assim na porta da sala, que quem tava mais perto da porta era eu e João. Aí, eles deram muitos tiros nas janelas.”
Esse é o relato de um dos adolescentes que estavam na casa onde o menino João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi morto. João foi baleado na segunda-feira (18), durante uma operação da Polícia Federal com apoio da Polícia Civil no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
O amigo de João ainda acrescentou:
“Assim, a gente saiu correndo pro quarto. Daí os policiais entraram, mandaram a gente deitar no chão e todo mundo calar a boca. As polícias deram tiro no Matheus enquanto ele levava João no carro pro helicóptero pegar ele.”
O corpo do menino foi enterrado na terça-feira (19), no Cemitério São Miguel, em meio a um protesto de amigos e parentes e aos gritos de “justiça”.
A operação terminou sem presos e destruiu uma família inteira.
Segundo a Polícia Civil, João Pedro foi atingido durante um confronto na comunidade enquanto policiais federais e civis atuavam na região. Ele morava na Praia da Luz, no bairro de Itaoca.
Imagens mostram a parede de um dos cômodos da casa atingida por disparos. O adolescente foi socorrido de helicóptero, mas não resistiu aos ferimentos.
‘A polícia chegou lá de uma maneira cruel’, diz pai do menino
O pai do adolescente, Neilton Pinto, disse que estava trabalhando na hora que João Pedro foi baleado. Ele contou que a família estava sem notícias do adolescente até a manhã de terça-feira (19), quando foi informada sobre a morte. O filho, segundo ele, sonhava em se tornar advogado.
“Um jovem de 14 anos, um jovem com um futuro brilhante pela frente, que já sabia o que queria do seu futuro. Mas, infelizmente a polícia interrompeu o sonho do meu filho. A polícia chegou lá de uma maneira cruel, atirando, jogando granada, sem perguntar quem era. Se eles conhecessem a índole do meu filho, quem era meu filho, não faziam isso. Meu filho é um estudante, um servo de Deus. A vida dele era casa, igreja, escola e jogo no celular”, desabafou.
Na entrevista, Neilton fez críticas à atuação policial e ao governador Wilson Witzel.
“Quero dizer, senhor governador [Wilson Witzel], que a sua polícia não matou só um jovem de 14 anos com um sonho e projetos. A sua polícia matou uma família completa, matou um pai, matou uma mãe, matou uma mãe e o João Pedro. Foi isso que a sua polícia fez com a minha vida.”
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, informou que “lamenta profundamente” a morte do adolescente João Pedro e que presta sua solidariedade à família neste momento de dor.
O governador também determinou investigação rigorosa sobre as condições da morte do menino.
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