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Governos Federal e Estadual concordam em uma decisão: não deve haver carnaval em 2022

Por Andressa Zafalon

Governos Federal e Estadual concordam em uma decisão: não deve haver carnaval em 2022
Governos Federal e Estadual concordam em uma decisão: não deve haver carnaval em 2022

Redação Publicado em 30/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h20


Governo de São Paulo deu autonomia aos Prefeitos para decidir se haverá carnaval nos municípios.

Por Andressa Zafalon

O carnaval, mesmo estando há mais de três meses para acontecer, virou polêmica no Brasil nos últimos dias. O motivo é o cancelamento da festa carnavalesca em mais de 64 municípios paulista.

O assunto veio à tona após algumas cidades confirmarem o evento e, após pressões populares e manifestações de entidades, principalmente ligadas à saúde, recuaram na decisão e determinaram a não realização do carnaval.

Na última quarta-feira (24), o governador João Doria, durante coletiva ao vivo, foi questionado sobre essas decisões ao redor do Estado e falou sobre o assunto. “A decisão pertence a cada Prefeitura, que tem autonomia para esta decisão, porém, nós, como Governo do Estado, temos sempre medidas de cautela e de prudência para que prefeitos e prefeitas possam agir dentro de um campo seguro e adequado. Prefeituras podem ser mais rigorosas do que o Governo do Estado, o que não podem é serem menos rigorosas”, disse o governador.

Ao mesmo tempo em que concorda, por enquanto, com a não realização das festas carnavalescas, Doria também se mostrou otimista até a chegada do mês festivo. “Temos cautela, cuidado e otimismo. Temos motivos para isso: quedas nos números de casos, de contaminações, de óbitos e a expansão acelerada da vacinação, ou seja, nossa visão e perspectiva é otimista, mas é preciso também ser cautelosa”, concluiu o governador.

Já o coordenador do Comitê Científico, Paulo Menezes, foi um pouco mais enfático em relação ao carnaval. “Nós, hoje, entendemos que ainda é precoce pensar numa situação de multidões na rua, com aglomeração, mesmo que seja daqui três meses”, e continua: “não podemos nos enganar que estamos livres da pandemia, livres do coronavírus. Ele está circulando, por isso nós estamos mantendo as medidas com cautela e progressivamente, então, hoje eu entendo, e em nome do Comitê Cientifico, que não é momento de pensar nas grandes aglomerações do carnaval” finalizou Paulo Guedes.

O presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista à rádio Sociedade da Bahia nesta quinta-feira (25), também se posicionou contra a realização das festas de carnaval no país. “Por mim, não teria carnaval, mas tem um detalhe: quem decide não sou eu. Segundo o STF (Supremo Tribunal Federal), quem decide são os governadores e prefeitos”, afirmou o presidente fazendo menção à decisão da Corte, no ano passado, que garantiu aos gestores estaduais e municipais autonomia para decidirem a respeito de medidas no enfrentamento da Covid-19.

Apesar de ter dito ser contrário à realização do Carnaval por causa do vírus, Bolsonaro criticou as medidas de isolamento e disse que “se houver mais lockdown no país, vai quebrar a economia de vez”.

Como exemplos de prefeituras que não vão realizar o carnaval em 2022, temos cidades de pequeno, médio e grande porte. Sorocaba é uma delas. Com mais de 687 mil habitantes, o Prefeito da cidade, Rodrigo Manga, juntamente com o Secretário de Saúde Vinícius Rodrigues, decidiram pela não realização do evento.

“Em Sorocaba está permitido o carnaval, desde que não use verba pública. Mas reavaliamos a situação a cada 15 dias, portanto, isso significa que podemos mudar e passarmos a proibir. Em relação aos carnavais particulares, não fizemos nem a liberação e nem a proibição. A Prefeitura apenas informou que não haverá verba pública e que, por hora, pode ter carnaval pela iniciativa privada. Mas estamos reavaliando a cada 15 dias e havendo qualquer percepção de risco epidemiológico, vamos mudar”, explicou o secretário de saúde de Sorocaba, Vinícius Rodrigues.

Governos Federal e Estadual concordam em uma decisão: não deve haver carnaval em 2022

Ibirá é uma cidade com um pouco mais de 12 mil habitantes e seguiu a mesma linha, no entanto, a decisão pelo cancelamento do carnaval na cidade veio após um pedido do provedor da Santa Casa, José Ernesto Tavares, que fez uma reunião com a Prefeitura local e em seguida postou nas redes sociais que parabenizava a decisão de cancelamento da festa, mesmo antes da própria Prefeitura anunciar oficialmente.

A pressão da Santa Casa, em informar extraoficialmente e antecipadamente tal decisão, além de postagens da sociedade civil apoiando a causa, fez com que o Prefeito de Ibirá, Edvard Colombo, assumisse o compromisso de cancelamento um dia após a postagem do provedor da Santa Casa. Por nota, a Prefeitura disse que “devido a vários municípios optarem pelo cancelamento do carnaval, Ibirá receberia um público muito além do que pode comportar, por isso, decidimos pelo cancelamento do carnaval de rua”.

A diretora-Geral assistente da OMS (Organização Mundial da Saúde) para Acesso a Medicamentos, Mariângela Simão, afirmou que o mundo está entrando em uma quarta onda de casos de Covid-19 e que, apesar dos dados atualmente positivos, o Brasil não pode relaxar no controle da doença. A mobilização em torno do carnaval é um dos pontos de preocupação apontados pela diretora.

“Me preocupa bastante quando vejo no Brasil que tem discussão sobre a abertura do carnaval. Isso é realmente uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar já as ações para 2022”, disse Mariângela Simão na segunda-feira (22) na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.

O Diário de SP entrou em contato com o Ministério da Saúde e com o Instituto Butantan para saber se são a favor ou contra a realização do carnaval em 2022. O Ministério da Saúde não deu retorno e o Instituto Butantan disse que “não se manifestam em casos assim”.

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