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Galiotte rebate críticas, enumera feitos e defende gestão do Palmeiras: “Trabalho e resultado”

Na reta final de seu mandato como presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte vê a equipe atravessar uma péssima fase em campo, mesmo com a vaga na final da

Galiotte rebate críticas, enumera feitos e defende gestão do Palmeiras: “Trabalho e resultado”
Galiotte rebate críticas, enumera feitos e defende gestão do Palmeiras: “Trabalho e resultado”

Redação Publicado em 14/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h05


Presidente nega que clube esteja “largado” e crê em recuperação até a final da Libertadores

Na reta final de seu mandato como presidente do Palmeiras, Maurício Galiotte vê a equipe atravessar uma péssima fase em campo, mesmo com a vaga na final da Libertadores.

Com apenas cinco pontos conquistados dos últimos 21 disputados até agora no Brasileirão, o título ficou mais distante e a equipe começa a perder posições na classificação.

Assim, também aumentaram as críticas dos torcedores sobre o presidente no Palmeiras. Em entrevista ao ge na quarta-feira, um dia após o empate em 0 a 0 com o Bahia, ele fez questão de defender seu trabalho.

Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Sem fugir de nenhum assunto, Galiotte respondeu a todos os questionamentos, negou que o clube esteja “largado” por conta da reta final de seu mandato e exaltou seus feitos no comando do Palmeiras.

– Nós lideramos o Campeonato Brasileiro algumas rodadas, estamos na final da Libertadores pelo segundo ano seguido, pagamos R$ 300 milhões de contas de gestões anteriores, de atletas que estavam na Justiça, empréstimos… Investimos na estrutura do clube, não temos um real de atraso dos compromissos do clube, revelamos atletas da base, mantivemos o emprego de todos os funcionários durante a pandemia, temos investimento em infraestrutura no clube social e na Academia de Futebol – enumerou.

– Não dá para dizer que o Palmeiras não tem administração, isto não existe. Fazendo uma autoavaliação, é só comparar o período atual com outros e podem escolher o período, eu deixo as pessoas escolherem para ver se tem gestão ou não. Temos atletas revelados, uns no elenco e outros para um próximo período, elenco competitivo e é o que posso dizer. Tem trabalho e tem resultado – declarou.

O presidente do Palmeiras, entre outros assuntos, também falou sobre a necessidade de melhora no desempenho da equipe, mas garantiu que o técnico Abel Ferreira segue no comando da equipe até o fim de seu mandato.

Maurício Galiotte com as taças da Libertadores, da Copa do Brasil e do Paulistão — Foto: Ag. Palmeiras

Maurício Galiotte com as taças da Libertadores, da Copa do Brasil e do Paulistão — Foto: Ag. Palmeiras

Confira abaixo a entrevista completa com Maurício Galiotte:

Presidente, mesmo com a vaga na final da Libertadores, o Palmeiras vive momento muito ruim no Brasileirão, um dos piores dos últimos anos. Houve erro de planejamento da diretoria para a temporada, algo muito criticado pelos torcedores?
– Sempre tem algo a melhorar. Sempre. Quando a gente ganha não está tudo certo e quando perde não está tudo errado. Temos de fazer nossas reflexões e tem sempre o que evoluir, o que melhorar. Agora, você não chega a duas finais de Libertadores por acaso, sem trabalhar muito, sem qualidade, competência, estrutura, dedicação. Temos de avaliar todas as variáveis do momento do Palmeiras. Foi um ano muito complexo, com muitas decisões, algumas vencemos, outras não, isto tem desgaste físico, mental, a gente trata com pessoas, o torcedor quer sempre ganhar e ele está certo. Este é o papel do torcedor, exigir um time forte, cada vez melhor e que ganhe títulos. Qualquer coisa diferente disso está fora da expectativa do torcedor.

– Mas temos de avaliar, também, a quantidade de jogos que o Palmeiras participou neste período, todas as situações que o Palmeiras vivenciou e a gente chegar em duas finais de Libertadores. Ou seja, demonstra que fizemos um bom trabalho e está sendo feito um bom trabalho. O momento, com resultados e performance, não é bom, sabemos disso e nós podemos e devemos evoluir. Agora temos de avaliar todas as variáveis que envolveram o Palmeiras no último ano. Quando falamos de reforços, mantivemos praticamente todo o grupo que ganhou a tríplice coroa no início do ano, chegou o Dudu, um jogador de nível de seleção, o Jorge, de nível de seleção brasileira, o Piquerez, da seleção uruguaia, o Matheus Fernandes, muito promissor, e o Deyverson, que voltou de empréstimo. O torcedor quer sempre mais e eu também, como torcedor. Mas temos de analisar o grupo que esta aí e que chegaram bons jogadores para somar. Prova disso é que nós chegamos na segunda final de Libertadores, passando por grandes adversários. Não foi fácil passar pelo São Paulo, pelo Atlético-MG. Ao contrário, foi extremamente difícil.

– A gente avalia que precisa melhorar sempre, temos algo mais a fazer, sempre. Mas temos também de valorizar o trabalho que está sendo feito no Palmeiras, não foi um trabalho feito há muito tempo. São títulos que a gente disputa, que a gente ganha, finais que participamos. Temos de fazer sempre uma reflexão e entender todas as variáveis que estão envolvidas.

Se perder a final da Libertadores para o Flamengo, você acha que as derrotas irão se sobrepor às vitórias nessa temporada?
– Jogo de duas grandes equipes, o Flamengo tem um grupo muito forte, tem muita qualidade, um grupo vencedor e o Palmeiras também pode fazer um grande jogo e sair com o título. O fato de a gente estar disputando títulos, estar na segunda final de Libertadores consecutiva já ratifica que existe trabalho. Entendo o torcedor, ele quer vencer sempre, jogando bem e goleando se puder. O torcedor é exigente, acompanha demais, muito envolvido e está certo. É o papel do torcedor, temos de atender a expectativa do torcedor. Mas fazendo uma análise, participei de dois Brasileiros. Um como presidente e outro como primeiro vice. Dois títulos de Copa do Brasil, como presidente e primeiro vice. Título do Paulista, ganhamos a Libertadores e estamos em outra final. Acho que é uma avaliação positiva, um saldo de trabalho positivo. Algumas pessoas não vão entender desta maneira e eu respeito. Se analisar os números, é um saldo positivo, querendo sempre mais, sempre ganhar. Agora é um jogo, podemos ser campeões da Libertadores, e o Flamengo também pode. Estas disputas demonstram que a gente fez um bom trabalho, que o Palmeiras participou da maneira que a torcida espera que participe.

Diante de um desempenho tão ruim recente, como fazer o torcedor acreditar que o time vai jogar bem na final da Libertadores?
– Final da Libertadores é uma outra situação, em outro contexto, daqui a 45 dias. Vamos ter de trabalhar muito, porque temos um adversário de altíssimo nível. Agora em relação à situação atual, nosso momento não é bom. A gente pode e deve evoluir, a gente tem que entregar muito mais, temos qualidade para isso, qualidade para isso, potencial para isso. Mas é um momento difícil e ao mesmo tempo a gente disputa duas finais de Libertadores no mesmo ano. Tem muitas variáveis para estudar neste sentido. São desgastes, lesões, a parte mental dos atletas. E a gente confia muito neste grupo, neste trabalho e vamos fazer tudo que for possível para evoluir na performance do Brasileiro, que tem que melhorar, e para nos preparar para um jogo na final.

André Hernan traz informações sobre a situação do Abel Ferreira

Depois de tantos problemas, rivalidade, inclusive com a questão recente de público no estádio, relação entre as diretorias do Palmeiras e do Flamengo é saudável?
– Temos uma boa relação, mas em muitos momentos a gente tem de defender o que achamos justos. Quando a gente tratou o assunto de volta de torcida, a gente é favorável à volta de torcida, o espetáculo é feito para o nosso torcedor, o clube é grande porque a torcida é grande. A gente defende a presença do torcedor, mas com isonomia e igualdade de condições. Por isso lideramos um movimento para ser uma situação igual, que todos tenham a mesma situação. Não pode uma regra para um ou dois clubes só se disputam dez, 20. Os 20 precisam ter os mesmos direitos. Por isso participamos daquele movimento, mas a relação entre os clubes é de respeito.

Durante a pandemia vocês falaram muito sobre o impacto na parte financeira do clube. Como você deixa o Palmeiras financeiramente?
– Seguramos todos os garotos que tiveram propostas da base e outros. O Palmeiras tinha e tem ambição de títulos e por isso a manutenção de todo elenco, que algumas pessoas desqualificam, mas eu não. Sei que tem muito potencial, muita qualidade, já provaram isso. Financeiramente o Palmeiras tem um equilíbrio. O Palmeiras tem dificuldades obviamente, como os clubes têm, e porque sofreram na pandemia. Tivemos uma queda, entendemos os motivos, tivemos uma queda importante do Avanti, como todos os clubes tiveram, as curvas são muito parecidas pela falta de jogos. Fontes de recursos importantes para um clube como o Palmeiras. Gera uma dificuldade de fluxo de caixa de curto prazo muito significativa.

– Importante dizer ao torcedor que ainda passamos por um momento sensível, não podemos errar o passo. Nada nos dá segurança de título, garantia de título. Se temos um elenco competitivo, um trabalho muito bem feito, títulos conquistados com este grupo, não podemos errar o passo. É o que tenho falado aos conselheiros, o Palmeiras tem as dificuldades financeiras, mas tem uma situação absolutamente sob controle, equilibrada, com ativos suficientes para honrar todos os compromissos do clube. Temos de tomar o cuidado para administrar, ser feito com responsabilidade e estamos fazendo. Para continuar sempre com este equilíbrio nos próximos períodos, para não ter extrema crise financeira, como passamos em 2013. Temos de ter a ponderação e responsabilidade para administrar o clube.

Você está muito perto de deixar o comando do Palmeiras. Qual é sua atuação neste fim de mandato?
– Estou participando diuturnamente dos próximos passos, vamos entregar um trabalho para a próxima gestão, a ideia é fazer um trabalho integrado, passando todas as informações para a Leila e para os seus vice-presidentes e a decisão a partir de dezembro passa a ser dela. Temos um norte que a gente entende que seria os próximos passos, mas a gente deixa o planejamento pronto, encaminhado e tem de ser ratificado, obviamente, alterado, corrigido ou dado continuidade na próxima administração.

Você também participa de decisões sobre jogadores, como as possíveis renovações do Jailson e do Felipe Melo?
– Estes temas serão tratados no período de transição. O Felipe, o Jailson e outros atletas, com propostas que estão chegando e irão chegar. Vamos tratar e encaminhar e precisa ser ratificado pela próxima gestão. Estou repetindo o que falei há um tempo atrás, é o certo para o próximo gestor ratificar o plano de ação, porque na verdade a Leila é que vai estar atuando a partir do dia 15 de dezembro. Casos como esses serão tratados neste período de transição.

Qual a sua avaliação sobre o trabalho do Anderson Barros, que também recebe críticas da torcida? Existe chance de ele permanecer no clube?
– A avaliação de torcedor para dirigente é feita por contratações, basicamente. Mas a função é muito maior que isso. Contratação faz parte, mas tem administração de elenco, dia a dia, dos departamentos, do futebol como um todo e das pessoas envolvidas. É importante e tem de ser contemplado. São situações como eu disse, algumas avalições serão feitas no próximo ciclo ou próxima gestão. Mas posso garantir que ele é um profissional vencedor, muito comprometido, experiente. As definições principais serão da próxima gestão.

Mauricio Galiotte, presidente do Palmeiras, e Anderson Barros — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Mauricio Galiotte, presidente do Palmeiras, e Anderson Barros — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Você pode falar sobre a definição dos preços dos ingressos? Muitos torcedores reclamaram de valores altos…
– Reduzimos um pouco os valores do último jogo para este, deve ficar este valor até o fim do campeonato. O Avanti paga R$ 144 por mês para uma média de três jogos no mês, o que dá uma média de R$ 48 por jogo. Se comparar com os ingressos do Palestra Itália era R$ 40 ou R$ 50 a arquibancada. O Avanti tem benefício no desconto dos ingressos ou até gratuito de acordo com os planos.

Como está a negociação pelos direitos de TV fechada? Isso será definido por você ou pelo próximo presidente?
– Existe uma conversa aos planos futuros da TV fechada, não evoluímos até o momento com a proposta da Rede Globo, estamos tratando o assunto, mas até o momento não conseguimos nenhuma evolução. O tema segue em aberto. Se tiver uma proposta que a gente entenda que seja boa para o clube, obviamente, a gente pode fechar sem problema nenhum. Caso contrário, fica para a próxima gestão.

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Globo Esporte
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