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França vive boom econômico pós-pandemia e tem 400 mil empregos sobrando no mercado

A economia francesa voltou a crescer de forma surpreendente com o controle da epidemia de Covid-19, +3% no terceiro trimestre deste ano – um aumento do PIB em

França vive boom econômico pós-pandemia e tem 400 mil empregos sobrando no mercado
França vive boom econômico pós-pandemia e tem 400 mil empregos sobrando no mercado

Redação Publicado em 30/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h15


Sobram vagas de recepcionista, garçom, cozinheiro, pedreiro, cuidador, caminhoneiro ou trabalhador agrícola.

A economia francesa voltou a crescer de forma surpreendente com o controle da epidemia de Covid-19, +3% no terceiro trimestre deste ano – um aumento do PIB em três meses que não se via há 50 anos –, e superior ao da Alemanha (+1,8%). Esse aquecimento acaba exacerbando um problema que já existia antes de 2019: um número considerável de empregos que não encontram interessados.

Atualmente, existem cerca de 400 mil vagas de trabalho não preenchidas em todo o país. Alguns setores sofrem mais que outros. A pandemia abriu os horizontes para outras oportunidades e mudou a percepção sobre o trabalho – os cargos presenciais a 100% ou com horários difíceis têm tido menos candidatos.

Veja abaixo um vídeo sobre a falta de caminhoneiros no Reino Unido.

Falta de caminhoneiros provoca ameaça de desabastecimento no Reino Unido

Falta de caminhoneiros provoca ameaça de desabastecimento no Reino Unido

Sobram vagas de recepcionista, garçom, cozinheiro, pedreiro, cuidador, caminhoneiro ou trabalhador agrícola. Os hospitais também atravessam uma crise gravíssima, com falta de enfermeiros. Há carência de médicos e veterinários em várias regiões. Pequenas e médias empresas, além das start-ups do setor de tecnologia, não encontram no mercado os perfis que procuram.

Os baixos salários em algumas atividades são apenas uma parte da equação mal resolvida. Esta semana, um estudo de um organismo (Apec) que acompanha a evolução do mercado de trabalho de pessoas com ensino superior mostrou que existe um boom na oferta de empregos nas áreas de saúde e social (45% de vagas adicionais em relação a 2019), na indústria farmacêutica (+39%) e no setor varejista (+31%), mas faltam candidatos. Algumas profissões levam tempo para formar, como um médico. Porém, em outras, as razões do desencontro entre vaga e candidato são complexas.

Os empregadores apontam uma defasagem, uma inadequação entre a formação do candidato e o que ele deve executar no cargo, ou seja, um problema atualização profissional. A demanda por melhores salários tem aumentado, mas não é o único entrave. As empresas insistem no perfil de pessoas com cinco a dez anos de experiência, mas essas já estão empregadas. Por outro lado, os recém-formados continuam com dificuldade de quebrar a barreira do primeiro emprego por falta de experiência. Ao menos 83% dos franceses que chegaram a postos sêniores dizem estar satisfeitos com seus empregos atuais e não pensam em mudar.

Crise nos hospitais por falta de enfermagemEm dois anos, desde outubro de 2019, 20% dos leitos da rede pública hospitalar foram fechados por falta de paramédicos. A carência de enfermeiras e auxiliares de enfermagem é particularmente preocupante. A sobrecarga de trabalho durante a pandemia foi a gota d’água num setor que já enfrentava problemas de absenteísmo, por questões relacionadas com a organização dos horários e do estresse cotidiano, além dos salários baixos.

Na urgência, o governo reajustou os salários no ano passado, mas a medida não foi suficiente para melhorar a atratividade da profissão. O salário de base de uma enfermeira em início de carreira no sistema público subiu para € 2.026 líquidos, cerca de R$ 14.500. Com isso, a França passou a ocupar o 18° lugar num ranking de 29 países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), ganhando oito posições. Mas a hemorragia não parou. As enfermeiras têm dado preferência ao trabalho liberal, em consultório, em escolas ou empresas. Muitas simplesmente mudaram de profissão.

Os sindicatos da categoria dizem que as enfermeiras recém-formadas abandonam a carreira em cinco anos, em média. Elas preferem ir trabalhar em Luxemburgo ou na Suíça, onde o salário inicial é o dobro do pago na França. A obrigação vacinal da Covid-19 só piorou uma crise que começou há 15 anos, quando houve uma ampla reforma dos hospitais.

Remédio de cavalo

O ministro da Saúde, Olivier Verán, reconheceu esta semana que a situação está complicada nos hospitais e pediu tempo para refletir sobre possíveis soluções. Isso no momento em que a epidemia dá sinais de retomada em várias regiões.

O presidente da Federação de Estabelecimentos Hospitalares, Frédéric Valletoux, disse que a saúde pública está precisando de “remédio de cavalo” e reajuste de salário não será suficiente. Ele defende uma cota mínima de profissionais por especialidade nos hospitais e menos burocracia, ou seja, uma reforma ampla.

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G1

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