Cenas de violência policial como as que marcaram o protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Centro do Recife, no último sábado (22),
Redação Publicado em 04/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h46
Cenas de violência policial como as que marcaram o protesto contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Centro do Recife, no último sábado (22), chegam sempre rapidamente ao conhecimento do fotógrafo Alex Silveira.
Vítima da mesma arma supostamente não letal – espingardas semiautomáticas calibre 12, que disparam balas de borracha ou balim – Silveira perdeu a visão do olho esquerdo durante a cobertura de uma manifestação de professores na capital paulista em maio de 2000.
“Fiquei muito triste com isso que aconteceu no final de semana, com os rapazes em Pernambuco. Por razões óbvias, essas notícias sempre chegam a mim”, conta.
A relação imediata entre os casos se dá não apenas por conta da automática empatia com a dor e o trauma ocular. Há 20 anos, o fotógrafo briga na Justiça para conseguir ser indenizado pelo governo paulista.
“É uma coisa que está acontecendo há mais de 20 anos e que o estado não assume a culpa. Precisou mais duas pessoas levarem um tiro no rosto para que se veja que está tudo errado? ”, questiona o profissional.
As imagens dos dois homens com os rostos ensanguentados em Pernambuco, embora representem de forma isolada o resultado das recentes manifestações contra o governo federal em todo o país, refletem a espiral do comportamento das forças de segurança no Brasil e na forma como a Justiça trata as vítimas da violência promovida pelo estado.
No caso de Silveira, em 2014, a Justiça paulista alterou a sentença anterior, que condenava o estado a pagar indenização de 100 salários mínimos, e considerou o fotógrafo culpado pelo ferimento.
O tiro de bala de borracha, disparado por um policial militar durante manifestação na Avenida Paulista, tirou mais de 85% da visão do olho esquerdo do fotógrafo. À época, ele cobria o ato pelo jornal “Agora SP”.
Por conta da última decisão, Silveira entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal em maio de 2019.
O caso, que deve voltar à pauta do STF na próxima quarta-feira (9), começou a ser julgado em agosto do ano passado, e o fotógrafo recebeu voto favorável do relator, o ministro Marco Aurélio Mello. Entretanto, o julgamento foi interrompido após o ministro Alexandre de Moraes pedir mais tempo para análise.
Requisito para o recurso ser aceito no STF, o caso é de repercussão geral, ou seja, a decisão dos ministros deverá ser seguida para situações semelhantes no país. Uma delas é a do fotógrafo Sérgio Silva, que também perdeu um olho cobrindo um protesto em São Paulo.
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G1
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