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Fisioterapeuta de SP lamenta agravamento da pandemia: ‘Não esperava que fosse piorar dessa forma’

Durante a pandemia, a fisioterapeuta Jéssica Jordão, de 29 anos, precisou se adaptar a muitas mudanças. Houve momentos em que trabalhou em um hospital. Em

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Redação Publicado em 17/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h41


Jéssica Jordão, de 29 anos, trabalha em dois hospitais: PS Central de São Bernardo do Campo, no ABC, e no Hospital de Campanha Capela do Socorro, na Zona Sul.

Durante a pandemia, a fisioterapeuta Jéssica Jordão, de 29 anos, precisou se adaptar a muitas mudanças. Houve momentos em que trabalhou em um hospital. Em outros momentos, trabalhou em dois lugares. Já atendeu Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de pacientes adultos com Covid-19, UTI neonatal, pediatria e enfermaria de adultos.

G1 conversou com a fisioterapeuta pela primeira vez em 26 de maio de 2020. Veja abaixo as mudanças enfrentadas por Jéssica.

Por todas as etapas que passou, Jéssica se manteve acreditando que seria uma fase e que logo voltaria a sensação de normalidade. Com a chegada da vacinação, esse pensamento ficou mais forte.

“Foi muito gratificante [receber] a primeira dose, porque a gente estava esperando muito. Foi uma gota de esperança no meio do caos que estamos vivendo. Claro que a gente não se sente livre, mas sente que tem uma vantagem [diante da doença], porque o risco de ser grave é menor. Isso dá um pouco de conforto para a gente continuar atendendo.”

Apesar de se sentir mais segura em trabalhar, a fisioterapeuta afirma também sentir o cansaço acumulado de um ano de pandemia.

“Primeiro, teve a euforia da vacinação, a sensação de que estava acabando. Eu sabia que este ano não seria fácil, que seria puxado, mas eu não esperava que fosse dessa maneira. Eu esperava um ano um pouco mais leve, melhor. Mas, vendo piorar dessa forma, foi um desânimo, vontade de largar tudo e desistir, mas eu não posso e não quero, eu fiz um juramento.”

“A gente nada, nada e parece que morre na praia, porque não diminuem os casos. A gente olha para o lado e tem vontade de chorar, não vê fim. A esperança do começo parece que está indo embora, mas eu tenho que continuar.”

Diante do medo e do cansaço, Jéssica afirma que, quando se sente desanimada, pensa no juramento que fez ao se formar e também em sua família.

“A maior motivação é acabar logo [com a pandemia], é cuidar das pessoas. Ter recursos para atender os pacientes, para que tenham vagas, sedação, ventilador. Essa é a motivação. Eu tenho tido forças pela minha família, eu não quero chegar no meu plantão e ter um deles lá. Eu tenho forças porque eu fiz um juramento.”

“Eu estou vivendo um dia de cada vez para não surtar. Não quero pensar daqui para a frente. Não quero pensar se vai piorar. Eu espero que as pessoas sejam vacinadas, tenham consciência, se cuidem e pensem umas nas outras. Mas eu não vou pensar lá na frente. Eu não quero pensar se vai colapsar o sistema de saúde porque me faz muito mal. Eu quero pensar que vai passar, que vai ter vacina e que vai acabar logo.”

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Fonte: G1 – Globo

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