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Fernando Maskobi: COVID-19: o divisor de águas

Foi por volta de março de 2020 em que o mundo puxou o freio de mão de maneira brusca em decorrência do chamado COVID-19, uma pandemia que matou milhares de

Fernando Maskobi: COVID-19: o divisor de águas
Fernando Maskobi: COVID-19: o divisor de águas

Redação Publicado em 05/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 15h14


COVID-19: o divisor de águas

Foi por volta de março de 2020 em que o mundo puxou o freio de mão de maneira brusca em decorrência do chamado COVID-19, uma pandemia que matou milhares de pessoas. A maioria dos cidadãos estava física e emocionalmente doente e sequer notava. Suas rotinas tinham um ritmo frenético, sem tempo para suas famílias, onde os índices de depressão, suicídio, obesidade entre outras doenças daquela época subiam pelas paredes. As pessoas estavam sem rumo, endividadas, consumistas e superficiais e totalmente desconectadas dos recursos naturais do planeta Terra. Dentre outros motivos, existia um forte fator alimentando a máquina: tentavam comprar com o dinheiro aquilo que o dinheiro não compra.

Durante aquele período, a “normose” estava tão enraizada que achavam que a economia precisava voltar ao normal porém, a mensagem estava gritando na frente de todos onde 10% ficavam em quarentena no conforto dos seus lares enquanto 90% sequer tinham opção; também naquele período, a desigualdade social no mundo era avassaladora, só nos Estados Unidos, três homens brancos detinham mais recursos financeiros que a metade da população Americana, o que compreendia na época algo em torno de 160 milhões de pessoas.

A reflexão forçada causada pelo COVID-19 contribuiu para que as pessoas percebessem o estado amortecido em que viviam. Ficou claro que a corrida sem rumo era insaciável e o ritmo era insustentável. Alguns ainda tentaram voltar ao que compreendiam como normal, mas perceberam que aquele estilo de vida e o teatro social não cabia mais dentro da missão de alma; o normal finalmente passou a ser amplamente percebido como doentio.

Aos poucos, o sentimento de coletivo e o respeito aos recursos naturais foram sendo resgatados. As pessoas começavam a fazer mais o que amavam, com isso começaram a preencher mais suas almas do que seus bolsos, somente. Houve no decorrer dessa transição, diversas famílias milionárias e bilionárias que finalmente ficavam indiferentes caso não conseguissem o próximo milhão ou bilhão.

A percepção mais ampla sobre a vida contribuiu para que acionistas hoje busquem fundos sustentáveis. Da mesma maneira, órgãos governamentais e potências econômicas encabeçaram a transição do PIB para o que chamamos hoje de “PIB + Vida”, no qual índices de depressão, relação consumo versus produção e desigualdade social estão entre os indicadores da nova economia que tem se formado.

O mundo precisou parar de maneira brusca para que fosse percebida a catástrofe econômica-social que vivemos por décadas. O mundo precisou parar de maneira brusca para que finalmente fosse perguntado o que estávamos fazendo de nossas vidas.

(…)

Essa é a história que quero escrever daqui a poucos anos. Essa é a história que quero contar para os líderes de amanhã que são hoje, nossas crianças.

E você? Como quer escrever nosso próximo capítulo?

Fernando Maskobi – Executivo de finanças vivendo no Vale do Silício e apoiador do Capitalismo Consciente.
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