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Fernando Maskobi: Como transformar a economia?

O atual sistema econômico nunca foi tão questionado como ultimamente. A boa notícia é que existem diversas formas para transformarmos a economia tanto no

Fernando Maskobi: Como transformar a economia?
Fernando Maskobi: Como transformar a economia?

Redação Publicado em 31/05/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h51


Como transformar a economia?

O atual sistema econômico nunca foi tão questionado como ultimamente. A boa notícia é que existem diversas formas para transformarmos a economia tanto no campo pessoal como no coletivo.

Ao longo da minha última coluna, abordei aspectos mais filosóficos voltados a forma que nos relacionamos com o dinheiro. A pedido de muitos, trago nesta edição algumas iniciativas práticas que podemos começar a transformar a partir de agora.

No campo individual, esperar pelo “salvador da pátria” não me parecer ser a saída mais inteligente, portanto, vamos explorar o que pode ser feito dentro de casa:
1. Dar versus receber – Uma das ações mais importantes é virarmos a engrenagem do apenas tirar, do receber, do arrancar e do ganhar. Comecemos com sinceridade nos questionando: Qual é o talento que vim doar nessa vida? Meu convite aqui é refletir como podemos contribuir com o mundo algo que somente nós conseguimos entregar.
2. Ampliação da percepção além do dinheiro – Quando expandimos o olhar além do dinheiro, nosso sentimento de abundância amplia. Nossa saúde, uma música, uma praia, um fruto, um pôr do sol, nossos talentos, nossa comunidade, nossa família. Somos doutrinados a nos reduzir apenas aquilo que podemos contar. Meu convite é expandir a ideia daquilo que temos.
3. Reconhecimento social – Se você está lendo essa coluna, que bom! Você então não está dentre os ainda quase 12 milhões de analfabetos no Brasil. Reconhecer o sistema no qual vivemos e a classe na qual nascemos traz consciência social, ampliando nosso sentimento de valorização e respeito.
4. Localização e comunidade – Priorizar compras das redes locais não quer dizer acabar com a globalização, mas sim trazer mais segurança, conexão e valorização das nossas comunidades.
5. Compra como ato político – costumo dizer que comprar é um ato político. A quem nosso dinheiro nutre? Quais os propósitos dos nossos investimentos?

No campo macroeconômico (*), dentre várias ideias incríveis que estudei, escolhi algumas reformas com o objetivo de fazermos a roda girar para o lado sócio-construtivo-ambiental, como por exemplo:
1. Ampliação do PIB como indicador econômico – incluindo índices de suicídio, doenças, desigualdade social, bem estar social, respeito aos ciclos ecológicos, dentre outros.
2. Renda básica universal – para que milhares de pessoas consigam expressar seus talentos ao invés de se preocuparem em sobreviver durante uma vida toda.
3. Reformas tributarias – Tributação de capital improdutivo, tributação de terras paralisadas, reforma do imposto de renda, reforma sobre grandes fortunas com reversão de verbas para áreas que visam um melhor bem-estar social, afinal, mais para você não significa menos para mim, necessariamente.
4. Indexação do dinheiro a bens comuns – papel sem lastro é direcionar energia para algo sem propósito. A ideia aqui é lastrear o dinheiro ao ambiente, assim, ao oposto de incentivar sua destruição, lucraria mais quem proteger mais.

Existe sim uma agenda propositiva e ideias incríveis. Mas então, como implementá-las? Primeiramente enxergando o quão distante estamos de um modelo econômico mais equilibrado e começando a transformação dentro do nosso mundo. No fundo, não estou reinventando a roda; grande parte dos pontos acima são pautas há anos, porém, quanto mais eu aprofundo, mais eu percebo que nosso problema não é tanto econômico e sim, de valores.

Notas:
(*) quem desejar aprofundar no tema Nova Economia, recomendo leitura dos livros “The Clean Money”, “Sacred Economics” e “Dinheiro e Consciência”.

Fernando Maskobi – Executivo de finanças vivendo no Vale do Silício e apoiador de uma nova economia.
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