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Fernando Holiday: O delírio democrata de Sanders

Enquanto escrevo, milhões de eleitores americanos vão às urnas para decidir qual será o candidato democrata nas eleições de novembro. O processo de seleção de

Fernando Holiday: O delírio democrata de Sanders
Fernando Holiday: O delírio democrata de Sanders

Redação Publicado em 04/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 08h10


O delírio democrata de Sanders

Enquanto escrevo, milhões de eleitores americanos vão às urnas para decidir qual será o candidato democrata nas eleições de novembro. O processo de seleção de candidato dura meses, mas, nesta terça, um grande número de Estados fará as suas eleições primárias. Não por acaso a data é chamada de “super terça”.

É uma luta inglória. O candidato que pretende capturar a atenção do eleitor tem que agradar um público mais radicalizado do que o americano médio. Em geral, o eleitor democrata é jovem, tem preocupações financeiras, é urbano e tem mais educação formal do que os eleitores republicanos. O risco é um candidato ser agradável às bases democratas por adotar um discurso radicalizado mas implodir suas possibilidades eleitorais com o americano médio.

Isso já ocorreu. O líder do pleito – o senador Sanders, que se intitula socialista – teceu, em entrevista, calorosos elogios à ditadura cubana. Não é algo inédito; Sanders já defendeu os regimes da Nicarágua e Venezuela. Evidentemente, Sanders tentou disfarçar a empolgação afirmando que a sua linha de socialismo é muito diferente; é democrática e respeita as instituições americanas.

O comentário de Sanders gerou furor. Membros do partido democrata elogiaram a sua coragem. Ocorre que boa parte do eleitorado americano de origem latina – que se concentra no Estado da Flórida, vital nas eleições de novembro – foi para os Estados Unidos fugindo das perseguições socialistas. A comunidade americana de origem cubana, em especial, não tolera elogio à ditadura cubana.

Os americanos de origem cubana têm bons motivos para demonstrar tal aversão. Viveram sob as botas do regime totalitário e viram parentes serem massacrados pela fome, pobreza, falta de liberdade e perspectivas. Para eles, a imigração significou justamente a fuga desta distopia.

É este eleitorado que Sanders terá que encarar, olhando nos olhos daqueles cujas vidas foram destroçadas e reiterar a sua defesa apaixonada do socialismo.

É caminho certo para a derrota.

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