Ano passado eu fundei um projeto que espalha casinhas de livros em praças públicas de São Paulo. O Existe Ler em SP, que nasceu de um sonho antigo de
Redação Publicado em 05/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 15h14
Ano passado eu fundei um projeto que espalha casinhas de livros em praças públicas de São Paulo. O Existe Ler em SP, que nasceu de um sonho antigo de incentivar a leitura no cotidiano de nossas vidas e cidades, hoje me mostra que existe sim um novo modelo de cidade possível.
Eu amo ler, e tenho muito a agradecer à minha família por isso. Meus pais sempre incentivaram muito a leitura lá em casa. Eu quase não tenho memórias da minha infância, mas lembro claramente quando minha mãe me levou na Biblioteca Pública pra fazer minha carteirinha. Era só uma folha com uma foto 3×4 (uma que tiramos especialmente para a carteirinha), mas eu guardei como se fosse um passaporte para algum lugar incrível. E de fato era.
A leitura mudou minha vida. Me deu repertório, vocabulário, ajudou a formar minhas opiniões e a desconstruí-las. Me fez chegar onde estou hoje. Incentivar a leitura é investir em educação, em formação social e cidadã. É construir um futuro com mais esperança.
Mas infelizmente essa ainda não é uma realidade vivida por todos. De acordo com a 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, 44% dos brasileiros não se consideram leitores.
Ou seja, quase metade da população hoje no Brasil não lê. Isso tem um enorme impacto na sociedade que estamos construindo. E é por isso que eu defendo ocupar a cidade com livros. Hoje, não podemos depender apenas da influência em casa ou na escola. A cidade também tem que somar esforços.
Nossas cidades precisam de mais espaços de convivência. Precisamos ocupar a cidade com livros e cultura, e não com enormes plataformas de cimento, devolvendo as cidades para as pessoas.
Muitos lugares do mundo já entenderam essa necessidade. São cidades que são planejadas para incentivar atividades comunitárias em locais públicos, democráticos, ao ar livre.
No entanto, São Paulo parece que parou no tempo. Perdeu o bonde da inovação. É uma cidade pensada para carros, onde enclausuramos conhecimento e cultura em lugares fechados, e muitas vezes de difícil acesso a população.
Mas a cidade não deve ser isso, uma soma de prédios fechados e ruas. Deve ser um espaço de construção de conexões, fortalecimento de laços, cultura e entretenimento. Ser ocupada de verdade, e não apenas atravessada por veículos, poluição e caos.
Existe um novo modelo de cidade possível. Um modelo que tenha uma praça arborizada, bem cuidada e com casinhas de livros perto da sua casa. Não é um sonho impossível. As mudanças às vezes começam em pequenos passos. Ou com pequenas casinhas.
Fernanda Gomes
Gerente de marketing em uma empresa de tecnologia. Formada em Comunicação Social, pós graduada em Administração e Especialista em Políticas Públicas e Projetos Sociais. Fundadora do projeto Existe Ler em SP e do Movimento Participa. Ativista por uma política mais participativa, equidade de gênero e sustentabilidade.
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