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‘Fecha o preto aí, ó!’: garoto de MG diz em vídeo que sofreu injúria racial em jogo entre escolinhas em Goiás

O vídeo de um garoto de 11 anos aos prantos deixou internautas indignados nas redes sociais na noite dessa quinta-feira (17). O registro foi feito durante a

‘Fecha o preto aí, ó!’: garoto de MG diz em vídeo que sofreu injúria racial em jogo entre escolinhas em Goiás
‘Fecha o preto aí, ó!’: garoto de MG diz em vídeo que sofreu injúria racial em jogo entre escolinhas em Goiás

Redação Publicado em 18/12/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h44


Equipe da Uberlândia Academy divulgou com autorização da família de Luiz Eduardo, imagens dele chorando ao contar que foi insultado por técnico. Time adversário nega; organização suspende acusado de ofensa

Garoto chora em competição de escolinhas e relata injúria racial

Garoto chora em competição de escolinhas e relata injúria racial

O vídeo de um garoto de 11 anos aos prantos deixou internautas indignados nas redes sociais na noite dessa quinta-feira (17). O registro foi feito durante a disputa da Caldas Cup, torneio infantil de escolinhas de futebol em Caldas Novas, interior de Goiás. Na imagem, o garoto Luiz Eduardo, da Uberlândia Academy, chora ao contar o que ouviu durante o jogo contra o Instituto S.E.T. pela categoria sub-11.

– O cara falava assim “Fecha o preto aí, ó! Aí eu aguardei para falar no final com os pais. Falou um ‘tantão’ de vezes” – disse o garoto.

O relato foi publicado pela equipe mineira, com autorização dos pais, nas redes sociais, juntamente com uma nota de repúdio, nessa quinta-feira. O episódio, no entanto, ocorreu na quarta-feira à tarde.No comunicado, a Uberlândia Academy informou que acionou a Polícia Militar e registrou Boletim de Ocorrência:

“Após tomarmos ciência do fato, não tivemos dúvidas, acionamos a Polícia Militar, fomos à delegacia e fizemos um boletim de ocorrência. De antemão manifestamos que iremos até às últimas instâncias em defesa de nosso aluno e contra mais um ato deplorável que mancha a imagem do futebol”, diz a nota.

Diretor da escolinha, Adriano Santos disse ao ge que os pais do garoto estão a caminho da cidade goiana para acompanhá-lo à Delegacia da Infância e Juventude, onde será ouvido pela escrivã de polícia e pelo delegado.

– Estamos com seis equipes em Caldas Novas e devemos ir embora só no sábado. Estou trazendo a família de Uberlândia porque tem uma audiência com o delegado, para darem o respaldo a ele. Juridicamente, fizemos a gravação e vamos continuar por trás, mas estou tentando trazer os pais para perto – disse o diretor.

A reportagem teve acesso ao Boletim de Ocorrência registrado pela Polícia Militar de Goiás. Nele, Lázaro Caiana de Oliveira, técnico adversário acusado pelo garoto de mandar o time “marcar o preto”, nega que tenha dito tais palavras. Em contato com a produção da TV Integração, ele disse ter sido ameaçado.

– Ninguém da comissão técnica ou atletas nossos não falaram nada com nenhum atleta da equipe adversária ou comissão técnica. E nada foi relatado em súmula pelos árbitros e pelo coordenador. Após o jogo, quem foi injuriado racialmente foi a minha pessoa pelo presidente do clube, Adriano dos Santos vulgo Adriano Futsal, que me ameaçou de morte e me chamou de ‘preto safado’. Na delegacia foi tudo resolvido de forma pacífica. E eles postaram esse vídeo pra denegrir minha imagem e do meu clube! Ninguém da arbitragem ouviu, nem da comissão de ambas as equipes, e nem da organização tais ofensas feitas ao atleta. Nós iremos até o fim pra provar que nós somos uma inocentes – disse o técnico, que publicou vídeo ao lado da família nas redes sociais se defendendo (assista abaixo).

– O vídeo fala por si só, é uma criança, um sonho, uma alma, uma história, uma marca, um sentimento, os racistas não passarão – resumiu Adriano.

Organização divulga nota e toma decisão

A organização da Caldas Cup também publicou nota oficial em que repudia “qualquer atitude racista ou discriminatória ocorrido dentro ou fora do evento”. A organização do evento reiterou ainda que não pactua com qualquer atitude discriminatória que venha a ser cometida na competição, independente de quem venha a cometer tal ato.

Os responsáveis pela Caldas Cup também decidiram no fim da noite dessa quinta-feira pela suspensão provisória de Lázaro, integrante da comissão técnica da S.E.T acusado pelo garoto, até que os fatos sejam esclarecidos. Os organizadores da competição reforçam que o acusado não faz parte da equipe do evento e se colocaram à disposição para colaborar nas investigações.

Nota oficial da organização em caso de injúria racial na Caldas Cup — Foto: Reprodução/Instagram

Nota oficial da organização em caso de injúria racial na Caldas Cup — Foto: Reprodução/Instagram

Instituto S.E.T. se manifesta

Equipe adversária no caso relatado, o Instituto S.E.T. se manifestou nas redes sociais afirmando que é contra racismo e injúria racial, negou que qualquer integrante da comissão técnica tenha proferido palavras de cunho racista durante o jogo, que terminou 3 a 1 para a Uberlândia Academy, e que preza pelo respeito na vitória ou na derrota.

Segundo a nota da equipe, “ao negarmos tal ato de forma veemente pois não compactuamos com racismo de qualquer forma ou gênero, a comissão da equipe adversária de forma violenta fez injúrias e ameaças a todos da comissão da Set, e aí sim aconteceu o racismo e injúria racial”, relatando ainda que integrantes da delegação também teriam sofrido ameaças e injúrias, mas que o boletim de ocorrência não foi registrado (leia abaixo). Após a divulgação, a conta da equipe no Instagram foi tornada privada na manhã desta sexta-feira.

Instituto S.E.T divulgou nota sobre o caso; página foi tornada privada nesta sexta — Foto: Reprodução/Instagram

Instituto S.E.T divulgou nota sobre o caso; página foi tornada privada nesta sexta — Foto: Reprodução/Instagram

A Caldas Cup está na segunda edição e reúne equipes de escolinhas de futebol de 7 do interior de Goiás e de Minas Gerais, de 13 a 19 de dezembro.

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GE – Globo Esporte

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