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Famílias de jovens detidos em SP em janeiro acusam PM de racismo e questionam reconhecimento; para especialista, prisão é ilegal

Os familiares de dois jovens negros, moradores do Jardim Carumbé, na Zona Norte de São Paulo, acusam a Polícia Militar de racismo e de ter realizado um

Famílias de jovens detidos em SP em janeiro acusam PM de racismo e questionam reconhecimento; para especialista, prisão é ilegal
Famílias de jovens detidos em SP em janeiro acusam PM de racismo e questionam reconhecimento; para especialista, prisão é ilegal

Redação Publicado em 04/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h13


Os familiares de dois jovens negros, moradores do Jardim Carumbé, na Zona Norte de São Paulo, acusam a Polícia Militar de racismo e de ter realizado um reconhecimento ilegal contra Luiz Henrique Jesus Policarpo de Brito e Tauã Ribeiro Santos, ambos de 20 anos. Eles foram presos na madrugada de 15 de janeiro e são acusados pelo roubo de um veículo.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que os dois foram presos em flagrante por roubo com emprego de arma de fogo e que a vítima reconheceu pessoalmente a dupla.

O processo corre em segredo de Justiça. Segundo o boletim de ocorrência, eles foram reconhecidos pelo “cabelo alto, penteado para trás e uma camiseta azul” e por serem negros. Além disso, os agentes teriam feito um reconhecimento fora do padrão determinado pela lei antes de levá-los para a delegacia.

Um terceiro jovem, que estava com os amigos no momento da prisão e pediu para não ser identificado, disse que mandou mensagem para Tauã porque queria fazer aulas de direção. Segundo ele, Tauã e Luiz estavam comendo esfirra num lava-rápido. Combinaram de se encontrar mais tarde e foram para a Avenida Professor Miguel Franchini Neto, conhecida como “retão”.

“Eu comprei o carro há pouco tempo, ele está no meu nome, mas ainda estou aprendendo a dirigir, então não tenho muita prática na direção. Nisso, chamei o Tauã para ir no posto de gasolina comigo para abastecermos o veículo, ele estava junto com Luiz. Nos encontramos por volta das 23h, tenho todos os comprovantes de pagamentos com os horários, tudo”, afirmou o amigo.

Chegando ao local para a aula, ele conta que “não deu nem um minuto que a gente parou o carro, e o Luiz desceu do volante para eu assumir. Nisso, os policiais chegaram e enquadraram a gente. Eles já foram perguntando quem era o dono do carro, mostrei a documentação do veículo, mas ainda estava sem habilitação”.

Segundo os jovens, assim que foram abordados, os dois PMs que participavam da ação tiraram uma foto de cada um deles com um celular. Depois, Tauã, Luiz e o terceiro amigo foram colocados na viatura.

“Eles pediram a chave do Onix [o carro roubado] e uma arma, não tínhamos isso. Revistaram na mata, tentamos provar onde estávamos a noite toda. Mas não adiantou, fomos colocados na viatura, e eles seguiram por uma rua escura, xingaram muito a gente, nos chamaram de bandido. Nisso, os meninos se desesperaram e começaram a chorar”, afirma o amigo que foi liberado.

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G1

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