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Famílias das 5 crianças mortas por bala perdida cobram respostas

Há sete meses, a família de Jenifer Silene Gomes espera uma resposta sobre a morte da menina de 11 anos em Triagem, na Zona Norte do Rio. Baleada em

Famílias das 5 crianças mortas por bala perdida cobram respostas
Famílias das 5 crianças mortas por bala perdida cobram respostas

Redação Publicado em 23/09/2019, às 00h00 - Atualizado às 15h24


Há sete meses, a família de Jenifer Silene Gomes espera uma resposta sobre a morte da menina de 11 anos em Triagem, na Zona Norte do Rio. Baleada em fevereiro, ela foi a primeira das cinco crianças mortas por bala perdida no estado em 2019, de um total de 16 baleadas.

A mais recente vítima, Ágatha Félix, morreu aos 8 anos no Conjunto de Favelas do Alemão, na sexta. Em comum, as famílias contestam a versão policial e aguardam a elucidação dos casos.

As cinco mortes são investigadas pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil. Segundo a assessoria de imprensa, só um dos casos teve o inquérito enviado ao Ministério Público, o do menino Kauê, de 12 anos, morto no Chapadão no início de setembro (relembre abaixo).

  • Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, foi baleado durante operação policial no Chapadão, na Zona Norte do Rio
  • Victor Almeida, de 7 anos, foi morto a tiros junto com a mãe e a irmã dentro de casa em Marechal Hermes, na Zona Norte do Rio
  • Kauã Rozário, de 11 anos, foi atingido por uma bala perdida na comunidade da Vila Aliança, em Bangu, Zona Oeste do Rio
  • Kauan Peixoto, de 12 anos, foi baleado durante confronto entre PMs e criminosos na comunidade da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense
  • Jenifer Silene Gomes, de 11 anos, foi baleada na porta do bar da mãe em Triagem, na Zona Norte do Rio

Jenifer

No caso de Jenifer, a Polícia Militar diz que havia uma operação contra roubo de carga na região. No de Ágatha, a PM afirma que “não há indicativo da participação de um policial militar”, o que testemunhas negam.

A irmã de Jenifer diz que não tem informação nova sobre o caso.

“Não deram nenhuma resposta ainda. Tinha muita criança pequena na rua e eles chegaram atirando. Não estava tendo operação nenhuma. É tudo mentira”, relata Stefany Gomes.

Kauan

Kauan Peixoto, de 12 anos, morreu após ser baleado no pescoço e abdômen na Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/Facebook

Kauan Peixoto, de 12 anos, morreu após ser baleado no pescoço e abdômen na Baixada Fluminense — Foto: Reprodução/Facebook

No dia 16 de março, Kauan Peixoto, de 12 anos, morreu depois de ser baleado no abdômen, na perna e pescoço, durante uma operação da PM na Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense.

Kauan tinha saído de casa pra comprar um lanche, quando foi atingido. A mãe dele, Luciana Pimenta, é cabeleireira e trabalha como frentista para ajudar a cobrir as despesas.

“Eu não vivo, eu sobrevivo. Uma mãe depois que perde o filho dessa forma não vive”.

“A gente não sabe quem matou o Kauan, a única resposta que eu tenho é que está em investigação ainda. O sentimento é que a gente não tem justiça. A lei do estado do Rio de Janeiro é lenta. Todo dia você liga a televisão e mataram uma criança, mataram um adolescente, mataram um pai de família, e a família não tem resposta”, diz.

Em nota, a PM informou, na época, que foi atacada por criminosos e houve confronto.

“Eles falam a mesma coisa: ‘entrei na comunidade, fui recebido a tiro e a criança tomou um tiro de bala perdida’. Isso já virou rotina, até as palavras deles já viraram rotina. Eu não tenho o que fazer, só cobrar”.

Kauê

Em 7 de setembro, Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, morreu após ser atingido na cabeça, no Complexo do Chapadão, na Zona Norte. A família diz que ele vendia balas e estava voltando pra casa. A PM contestou a versão e falou que o menino era suspeito e teria entrado em confronto com a polícia.

Kauã

Kauã Rozário, de 11 anos, foi atingido em Bangu — Foto: Reprodução/TV Globo

Kauã Rozário, de 11 anos, foi atingido em Bangu — Foto: Reprodução/TV Globo

Em maio, o menino Kauã Rozario, de 11 anos, foi atingido por um tiro durante confronto entre PMs e traficantes em Bangu. Ele chegou a ficar internado durante uma semana no Hospital Albert Schweitzer, mas não resistiu.

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