Diário de São Paulo
Siga-nos

Familiares de homens mortos pela PM negam versão de que houve socorro às vítimas

Familiares dos dois homens mortos pela Polícia Militar dentro de um carro em Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, negam a versão dos policiais de que houve

Familiares de homens mortos pela PM negam versão de que houve socorro às vítimas
Familiares de homens mortos pela PM negam versão de que houve socorro às vítimas

Redação Publicado em 15/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h45


Familiares dos dois homens mortos pela Polícia Militar dentro de um carro em Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo, negam a versão dos policiais de que houve pedido de socorro para eles quando ainda estavam feridos. A Procuradoria-Geral de Justiça do estado designou nesta segunda-feira (14) um promotor para acompanhar o caso.

No domingo (13), um vídeo circulou nas redes sociais mostrando quando dois policiais militares abriram a porta de um carro acidentado e efetuaram uma série de disparos. As imagens foram feitas na noite de quarta-feira (9), com câmera de celular, no fim de uma suposta perseguição policial.

Vinicius Alves Procópio, de 19 anos, e Felipe Barbosa da Silva, de 23 anos, eram suspeitos de um assalto e foram detidos pela polícia com um total de 50 ferimentos por tiros.

Os dois policiais responsáveis pela abordagem foram presos e, em, depoimento, disseram que acionaram uma ambulância para prestar socorro aos homens quando ainda apresentavam sinais vitais. A família nega.

“Assim que meu marido me ligou, eu corri pra lá. Eu estava longe do local, fui a pé, de chinelo, e ainda assim, quando cheguei, não tinha nenhuma ambulância. Éramos somente eu e muitos policiais. Das 19h40, quando cheguei, até a meia-noite, quando descobri que ele havia morrido, não houve qualquer atendimento médico”, disse ao G1 nesta segunda a viúva de Felipe, que preferiu não se identificar.

A mãe de Vinicius, que também teme por represálias e prefere não se identificar, confirmou o relato da jovem à reportagem, e acrescentou que chegou a ver atendimento médico apenas para a ocupante do outro veículo, com o qual o carro em que estava o filho dela colidiu.

“Chegaram a socorrer uma auxiliar de enfermagem, que estava no carro da frente, mas não teve socorro para eles. Não foram socorridos em momento nenhum”, disse ela.

Os dois policiais militares suspeitos de executar os homens foram presos neste domingo por decisão da Justiça Militar. Nesta segunda-feira, eles tiveram direito a uma audiência de custódia, em que puderam apresentar sua defesa para responder ao processo em liberdade, mas o Tribunal de Justiça Militar (TJM) manteve a prisão preventiva.

Também nesta segunda-feira um terceiro policial militar que participou da ação foi preso. Ele dirigia a viatura usada durante a perseguição e ficou no carro enquanto os dois colegas, o sargento André Chaves da Silva e o soldado Danilton Silveira da Silva cercavam os dois suspeitos.

O caso é investigado pela Corregedoria da PM e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Nesta segunda, a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do estado de São Paulo designou o promotor Thomas Mohyico Yabiki, do 3º Tribunal do Júri, para acompanhar o caso.

Para o ouvidor da Polícia, Elizeu Soares, as imagens têm fortes indícios de execução na ação policial contra os suspeitos devido à quantidade de tiros e à ausência de reação dos homens. “Não há justificativa plausível para aquele desfecho com tiros pelos policiais. Ao meu ver, pelas imagens, teve ilegalidade”, disse ele ao G1.

Sem histórico criminal

Nenhum dos dois homens mortos tinha passagem pela polícia e o assalto que realizaram surpreendeu as duas famílias pela conduta que sempre tiveram. Ambos trabalhavam, Vinicius como entregador para aplicativos, e o outro, como monitor de transporte escolar. De acordo com as famílias, eles se conheceram havia pouco tempo, e logo estabeleceram uma forte amizade.

O assalto que cometeram antes de serem mortos surpreendeu a todos, que relataram planos dos dois – Vinicius disse para mãe que queria fazer um curso técnico, e Felipe queria se mudar com a filha de 1 ano e abrir o próprio negócio com a esposa.

“Meu irmão nunca se envolveu com isso e é capaz de que tenha sido a primeira vez, já que acabou nesse desacerto todo. Talvez tenha sido justamente pela falta de experiência com isso”, disse um rapaz que preferiu não se identificar.

.

.

.

G1

Compartilhe  

últimas notícias