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Família enterra parente com suspeita de Covid-19 sem certeza se corpo era dele

Uma família está sofrendo com a falta de informações diante da morte de dois irmãos, Sandro Eduardo Nascimento da Silva, representante comercial de 46 anos, e

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Redação Publicado em 19/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 21h45


Segundo filha da vítima, pai dela foi enterrado com caixão lacrado e não houve reconhecimento do corpo nem confirmação da causa da morte

Uma família está sofrendo com a falta de informações diante da morte de dois irmãos, Sandro Eduardo Nascimento da Silva, representante comercial de 46 anos, e Claudio José da Silva, funcionário da Secretaria de Obras de Mesquita, de 57 anos, nesta última semana, ambos com suspeita de infecção do novo coronavírus. Os familiares apontam falta de comunicação por parte dos hospitais que cuidaram dos casos.

Sandro, que morreu na terça-feira (13) após ser transferido do Hospital da Posse, de Nova Iguaçu, para o Hospital Regional Doutora Zilda Arns, em Volta Redonda, nem chegou a fazer o teste para Covid-19 e teve seu prontuário negado à família pelo hospital. Claudio, seu irmão mais velho, fez o teste na segunda-feira no polo montado em Mesquita para pacientes com o novo coronavírus (Sars-CoV-2), e, até este domingo, dois dias após sua morte na sexta-feira, a família ainda desconhece o resultado.

As causas das mortes nos atestados de óbitos de Sandro e de Claudio são as mesmas: insuficiência respiratória aguda e pneumonia viral. Não há qualquer menção ao novo coronavírus. Segundo Daiana Padilha da Silva, 34 anos, filha de Claudio e sobrinha de Sandro, a família também está apreensiva porque existe a possibilidade de mais gente estar contaminada. Cinco adultos e duas crianças estiveram em contato com os irmãos, diz ela, e os adultos já apresentam sintomas do novo coronavírus. Seu irmão, inclusive, chegou a ir para o hospital junto com o pai, mas apresentou melhora e também aguarda resultado do teste.

“Sobre o resultado, deram 72 horas e disseram que falariam por telefone, mas até agora nada. Como os dois não estavam contaminados se estavam sendo tratados no setor de Covid? Não pude enterrar meu pai, foi caixão lacrado. Não houve reconhecimento do corpo”, diz Daiana.

Ainda segundo Daiana, seu pai procurou atendimento no polo montado em Mesquita antes de ter seu quadro agravado, na segunda-feira (6), mas foi orientado a voltar para casa. Retornou ao Polo com febre alta na última segunda (13), fez o teste, mas também teve de voltar para casa.

“Na terça-feira (14), mesmo dia da morte do meu tio, seu irmão mais novo, levamos meu pai às 11h da manhã no Hospital da Posse e saímos à meia-noite com o médico dizendo que os pulmões estavam limpos. Na quarta (15), ele piorou e deu entrada na Posse às 23h. Meu pai, saudável, veio a falecer às 20h da sexta-feira. O que mais está me revoltando é que a doença não foi tratada no início. Os dois morreram porque já chegaram em estado crítico. Eles só mandam ir ao médico em caso de falta de ar, mas aí é tarde demais. Esse protocolo está matando o povo”, afirma Daiana.

Em nota, via assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado do Rio, a direção do Hospital Regional Doutora Zilda Arns, em Volta Redonda, esclareceu que o prontuário de Sandro Eduardo Nascimento da Silva não foi apresentado à família por uma questão de segurança, pois o mesmo pode estar infectado. A direção informa também que apresentará o documento em até 10 dias. Procurada por telefone, a Secretaria de Saúde de Mesquita não atendeu as ligações.

IG

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