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Fabrício Oya explica saída do Corinthians e ida para Belarus: “Fui ficando para trás”

Quando Fabrício Oya entrou em campo pela primeira vez pelo Corinthians num jogo profissional, em março de 2019, substituindo Jadson na vitória por 1 a 0

Corinthians
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Redação Publicado em 10/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h55


Jogador de 21 anos rescindiu com o Timão para atuar pelo Torpedo Zhodino, no Leste Europeu

Quando Fabrício Oya entrou em campo pela primeira vez pelo Corinthians num jogo profissional, em março de 2019, substituindo Jadson na vitória por 1 a 0 contra o Ituano, em jogo no Paulistão, achou que estaria dando apenas o primeiro passo de seu sonho de menino.

O passo, de fato, foi dado, mas durou apenas 20 minutos e nunca mais se repetiu.

Dois anos depois, aos 21 anos, Oya rescindiu seu vínculo com o Timão após empréstimos frustrados e inicia sua caminhada no futebol europeu num destino curioso: no FC Torpedo Zhodino, da Bielorrússia, ou Belarus, um país no Leste Europeu cuja maior tradição no esporte é no hóquei no gelo.

Sem perspectivas para Oya no profissional, o Timão aceitou quebrar o contrato que ia até dezembro e manteve 35% dos dos direitos econômicos de olho numa negociação futura.

Em entrevista ao ge, ele tentou achar explicações para a sua falta de oportunidade no time principal e explicou a escolha pelo mercado alternativo.

– Espero que em alguns anos eu volte ao Corinthians, e volte bem melhor – projetou o meia.

Fabrício Oya, ex-Corinthians, hoje no Torpedo Zhodino — Foto: ge

Fabrício Oya, ex-Corinthians, hoje no Torpedo Zhodino — Foto: ge

Confira a entrevista:

ge: Como está o início de vida em Belarus?

Oya: – Estou me adaptando bem, eu falo inglês, mas aqui não usam muito no país. Tem uns estrangeiros que usam, então a adaptação está mais fácil. Não estou completamente sozinho, tem outro brasileiro também (Matheus Monteiro, ex-Inter). A única diferença é o clima, aqui está negativo e com neve. Mas rápido você se acostuma.

Qual foi a sua reação quando chegou a proposta? Correu para a internet para pesquisar o país?

– Eu já sabia do clube, pois tenho dois colegas que jogavam aqui (Gabriel Ramos e Lipe Veloso, hoje no Riga FC, da Letônia), já tinha visto no Instagram. Foi surpresa e animação. Fui olhar para saber como era o campeonato, o que disputavam, se era time de topo de tabela e fui perguntar aos dois colegas para saber sobre tudo. Fiquei bem contente.

Então apresente o clube para a gente…

– É um time que tem uma história em Belarus, nunca foi time de baixo de tabela, sempre terminou entre os seis primeiros. E no ano passado, com o investimento, terminou em terceiro e classificou para os playoffs da Liga Europa. Isso me chamou a atenção, essa oportunidade, esse investimento que estão fazendo. Esse ano estamos na semifinal da Copa de Belarus. Se a gente ganhar, eliminamos uma fase da Liga Europa, então estamos dando o máximo.

Fabrício Oya pelo Torpedo Zhodino — Foto: Victor Glushko - Torpedo Zhodino

Fabrício Oya pelo Torpedo Zhodino — Foto: Victor Glushko – Torpedo Zhodino

Sentiu que o clube pode te apresentar novos desafios?

– Ter a chance de disputar um playoff de Liga Europa pela primeira vez aos 21 anos me chamou a atenção. E aqui pode não ser um mercado muito conhecido, mas os grandes do Leste Europeu olham muito para cá, clubes de Rússia e Ucrânia, então vi isso como uma oportunidade.

Foram 11 anos de Corinthians, com 12 títulos na base. Por que não deu certo no profissional?

– Cara, essa foi uma pergunta que me fiz durante os dois anos em que fui emprestado (para São Bento e Oeste), até antes de eu subir, antes daquela Copinha, achava que poderia ter subido junto com Guilherme Mantuan e Pedrinho (em 2017). Mas acreditei no projeto deles, que eu deveria ter paciência, que era novo. E eu concordei, sempre fui avançado, jogava na categoria de cima, pediram paciência para o meu amadurecimento, mas o tempo foi passando. E até hoje não entendo muito o porquê, por tudo o que conquistei. Mas tudo tem um porquê e um propósito. Espero que um dia quem sabe eu volte e continue minha história linda e maravilhosa no clube.

Você foi para o São Bento em 2019 e o time foi rebaixado na Série B. Em 2020 você esteve no Oeste, que caiu no Paulistão e na Série B. Acha que fez escolhas erradas de carreira?

– Quando eu subi a primeira vez e fiz minha estreia em 2019 eu estava bem animado, eu não era a primeira escolha, mas brigava pelo meu espaço. Foi o que Andrés Sanchez e Fábio Carille me disseram. Mas aí trouxeram o Régis e fui ficando cada vez mais para trás.

Aí optou por sair?

– Naquela empolgação de querer jogar de qualquer jeito, não digo que me arrependo, mas aprendi, consegui amadurecer. Não me arrependo das minhas escolhas, mas elas me fizeram crescer. Eu saí do Corinthians e vi um mundo totalmente diferente no São Bento e Oeste.

– E agora que voltei neste ano de pandemia para o sub-23, recebi algumas propostas de alguns clubes menores, mas disse ao Corinthians que o que passei eu tinha que passar, que eu teria mais paciência. Sabia que podia vir coisa melhor tanto de fora ou mesmo no clube. Se eu tivesse tido essa cabeça no início, a história poderia ter sido outra. Mas passei pelo o que eu tinha que ter passado.

Oya em ação pelo Corinthians — Foto: Reprodução

Oya em ação pelo Corinthians — Foto: Reprodução

Em 2021, o Corinthians resolveu apostar em vários meninos da base. Você se frustrou ao não estar inserido neste contexto?

– Quando eu voltei do último empréstimo, acreditei que neste ano eu poderia até não ir para os jogos, mas que entraria no grupo do profissional, treinando com eles, buscando meu espaço. Quando não aconteceu, eu fiquei triste, decepcionado, mas falei: vou trabalhar firme no sub-23 para ter chance. Sei que não fiz dois anos muito bons. Todo mundo começou a subir, a ter chance e fui ficando para trás. Isso influenciou na minha escolha.

Tem falado com os meninos que subiram?

– Tenho bastante amizade com o Roni, que está comigo desde o sub-11, e com o Vitinho, também desde menor. Com eles construí muita amizade. Eu estava com o Vitinho quando ele foi convocado (para subir), a gente estava almoçando e ele falou que foi convocado, dei parabéns para ele e falei: “Futebol é assim, é rápido. Outro dia no amistoso você saiu bravo que estava mal e o Danilo te tirou, e hoje você está sendo convocado para o jogo no profissional. Tem que aproveitar quando a gente está bem. Você está indo pelo o que está fazendo, continue e dê um pouquinho mais, você sabe como é o Corinthians”. E o Roni é um exemplo de pessoa dentro e fora, é meu eterno capitão. Me ajuda muito, é um fenômeno, um exemplo a ser seguido.

Por fim, o que foi o Corinthians pra você?

– O Corinthians foi minha vida. Entrei com 11 anos. E meu pai já tem uma escolinha, um Chute Inicial, então vivo Corinthians desde os seis anos. Quando a gente estava fazendo o vídeo de despedida, foi difícil de escrever o texto. Meus pais se emocionaram. Por mais que eu tenha sido emprestado, não me desconectei do Corinthians, mas desta vez é definitivo. Eram 11 anos de casa. Por mais que seja basicamente só base, são 11 anos. O amor pelo clube é muito grande.

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Fonte: GE – Globo Esporte

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