Parlamentarismo nos livraria de falsos heróis?
Redação Publicado em 13/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h22
Parlamentarismo nos livraria de falsos heróis?
O bom malandro é quem não elege heróis para cuidar das suas escolhas e segue zelando a própria vida, eu mesmo sou assim, faço a minha própria sorte porque sou um buscador. E como cantava Bezerra da Silva “Malandro é o cara que sabe das coisas, malandro é aquele que sabe o que quer”.
Não devemos terceirizar culpas e responsabilidades por nós mesmo cativadas, muito menos nos iludirmos que só uma andorinha faz verão. Líderes podem nos inspirar, os que se confundem como heróis, para nos salvar, bagunçam o coreto.
Vários exemplos na história mostram diversos “líderes” se perdendo na soberba de, ao se notarem relevantes influenciadores, se ver como um herói. O engraçado é que muitos ainda dizem em suas narrativas que são a favor das liberdades. Aham, sei…
Há os “salvadores da Pátria” que, em regimes presidencialistas, são sempre muito frequentes. Em regimes parlamentaristas, como a troca do primeiro-ministro é menos traumática que um impeachment, não tem essa, errou, tá fora. O povo não tem tempo para esperar que nossos gestores “acertem”. Errou uma vez, errou feio, tá fora. Simples assim. Dessa forma, todo o sistema político se beneficia, fica mais ágil e, por consequência, beneficia-se mais a população. Isso, sem falar que os primeiros-ministros ficam mais espertos, já que não possuem a mesma estabilidade profissional de um presidente.
No Brasil, já fomos parlamentaristas por duas vezes. A primeira, durante o Segundo Reinado, em 1847, ficou conhecida como “Parlamentarismo às avessas”, por não seguir os moldes estabelecidos em outras nações, como o Reino Unido, e durou 40 anos, até 1889. A segunda experiência parlamentarista foi ainda menor, entre 1961 e 1963. Nossos primeiros-ministros foram Tancredo Neves, Francisco Brochado da Rocha e Hermes Lima. Nomes que hoje fariam inveja a muitos dos nossos presidentes pelo caráter e formação que tinham.
Tancredo dispensa apresentações. Já Brochado da Rocha, foi advogado, professor do nível médio e superior. Certamente, uma figura que valorizava a Educação como muitos dos nossos presidentes não fizeram. Já o baiano Hermes Lima foi jurista, jornalista, professor e ensaísta brasileiro. Só sua formação acadêmica já mostra o seu preparo para ocupar o cargo. Lima foi membro da Academia Brasileira de Letras, que lhe conferiu o Prêmio Machado de Assis em 1975.
Em tempo de liberdade e democracia, uma reforma política estrutural urge, com discussões profundas e amplas. O ciclo que está aí se encerrou, não dá mais. Pronto, falei.
Por fim, deixo aqui mais um trecho do pensamento da Filosofia Guaracyana que me guia: “Não falo com imprudência nem me calo por covardia…”. Então é tempo.
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