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Ex-presidiário vira professor da USP e cria projeto para melhorar o ensino nas penitenciárias e capacitar egressos

Um ex-presidiário se tornou professor da Universidade de São Paulo (USP) e criou um projeto para melhorar o ensino nas penitenciárias e permitir que outros

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Redação Publicado em 02/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h43


Em São Paulo, entidades atuam pela inclusão social de egressos, como o Instituto Recomeçar, da rede Gerando Falcões, que também promove acesso à educação e à qualificação profissional.

Um ex-presidiário se tornou professor da Universidade de São Paulo (USP) e criou um projeto para melhorar o ensino nas penitenciárias e permitir que outros egressos do sistema prisional consigam inserção no mercado de trabalho.

Roberto da Silva, professor da Faculdade de Educação da universidade foi criado em abrigos desde os dois anos de idade. Foi preso, cumpriu sua pena, estudou, formou-se professor e hoje se dedica a melhorar o ensino dentro dos presídios.

Ele coordena um grupo de pesquisas chamado Privação, que se dedica a estudar a educação em regimes de privação de liberdade e a formar professores.

“Foi aprovada uma lei no estado de São Paulo que obriga todas as empresas que vencem licitações públicas a ter uma cota de emprego para egressos. No serviço público também existe esta obrigatoriedade. Então, vagas existem, o que não existem são presos qualificados para ocupar as vagas. Tem que elevar a escolaridade e tem que fazer a profissionalização deles”, disse o professor Roberto da Silva.

O professor também arrecada livros para montar bibliotecas nos presídios de São Paulo e de Angola, na África, onde faz o mesmo trabalho de inclusão.

“Logo que saí da cadeia, eu tinha três opções – ou voltava às drogas, ou seguia no crime ou tentava ser uma pessoa de bem e honesta. Fiquei com a terceira opção. Na cadeia tem a escola, mas na minha época, nem todo mundo tinha trabalho. Esse serviço servia para adquirir itens básicos ou para ajudar no sustento da família”, disse Camila Fortunato, que trabalha participa do grupo de estudos do professor.

Ela ganhou uma bolsa de 50% para estudar Serviço Social, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e trabalha como manicure. “Você precisa se formar, se emancipar com conhecimento para trabalhar. Pra fazer unha eu também tive que estudar. Então, tudo envolve conhecimento, tudo envolve educação”, continuou.

Outras iniciativas

Lucas Carlos da Fonseca mora em Guarulhos, na Grande São Paulo, ainda cumpre pena, em regime aberto, mas trabalha aqui em uma empresa de logística hospitalar como auxiliar.

Ele conseguiu o emprego com a ajuda do Instituo Recomeçar, que, desde 2015, promove acesso à educação e à qualificação profissional para este público específico.

“Eu já não aguentava mais eu queria mudar de vida. Ainda dentro do sistema prisional eu comecei a estudar. Eu podia trabalhar e ganhar dinheiro, mas preferi estudar porque eu queria viver outra vida. E foi a partir daí que eu comecei a mudar meu caminho”, afirmou.

“Eu acho que a gente tem que acreditar na gente mesmo e ter fé que a gente pode mudar. Eu sou um exemplo disso. Olha onde eu estou hoje – trabalho registrado, vivo a minha vida em paz, deito no meu travesseiro tranquilo. Se eu pudesse viver essa vida tudo de novo, eu teria feito tudo ao contrário”, completou.

Outras ONGs têm iniciativas independentes para inclusão de pessoas na educação e no trabalho:

  • Instituto Responsa
  • Projeto Nova Rota
  • Libertas
  • Amparar

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Fonte: Ge – Globo Esporte.

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