O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, anunciou nesta quinta-feira (22) a suspensão da importação de carne bovina fresca vinda do
Redação Publicado em 23/06/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h05
O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, anunciou nesta quinta-feira (22) a suspensão da importação de carne bovina fresca vinda do Brasil. A suspensão ocorreu após o país obter resultados negativos em testes de qualidade da carne brasileira que entra no país.
Os Estados Unidos eram um mercado novo para a carne bovina in natura brasileira. O Brasil só conseguiu autorização para exportar o produto para o país no fim de julho do ano passado, após 17 anos de negociações.
Em comunicado, o Departamento de Agricultura americano informou que está testando 100% da carne brasileira que entra nos EUA. Nesses testes, 11% dos produtos de carne fresca brasileira importados foram rejeitados.
“Esse resultado está substancialmente acima do que a taxa de rejeição de 1% das entregas vinda do resto do mundo”, disse o departamento de agricultura americano, em comunicado.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, disse à GloboNews que o problema se deve a uma reação da vacina de febre aftosa. Os componentes do medicamento provocaram abscessos na carne.
Alguns são visíveis e foram retirados pelos fiscais sanitários brasileiros. “Outros são abscessos internos, que não são visíveis, e que infelizmente foram detectados pelo governo americano”, explicou.
Desde que o regime de fiscalização foi ampliado, os fiscais americanos recusaram a entrada de 106 lotes de carne brasileira, que levavam 1,9 milhão de pounds (cerca de 860 toneladas) de produto. Segundo o órgão americano, esses produtos foram reprovados devido a problemas sanitários e de saúde animal.
“Apesar do comércio internacional ser uma parte importante do nosso departamento, e o Brasil é um de nossos parceiros, minha prioridade é proteger os consumidores americanos. É isso que fazemos suspendendo a importação de carne fresca do Brasil”, disse o secretário americano, em comunicado.
Segundo o comunicado, a suspensão vale “até que o ministério de Agricultura brasileiro tome medidas corretivas que os EUA achem satisfatórias”.
O G1 procurou o Ministério da Agricultura e aguarda posicionamento.
Em todo o ano passo, os Estados Unidos importaram US$ 3,35 milhões de carne bovina congelada, resfriada e fresca, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Ao todo, o Brasil exportou US$ 4,3 bilhões desse produto em 2016.
Atualmente, a Ásia é o maior mercado para a carne bovina brasileira. O maior importador é Hong Kong, que comprou US$ 718 milhões de carne bovina resfrigada, congelada e fresca do Brasil em 2016, seguido da China, que importou US$ 702 milhões, segundo dados do Mdic.
A importância dos Estados Unidos como comprador de carne brasileira vai além dos números. O país é uma referência para outros importadores de carne bovina in natura, explicaram as autoridades brasileiras quando conseguiram o aval para exportar o produto para o mercado americano.
Na solenidade oficial que formalizou o acordo, o presidente da República, Michel Temer, disse que o aval dos EUA abriria novos mercados ao Brasil.
Os Estados Unidos intensificaram os testes à carne brasileira em março, após a Polícia Federal deflagrar a operação Carne Fraca, que investigou irregularidades em frigoríficos brasileiros.
Após o escândalo, diversos países impuseram medidas restritivas à carne brasileira, como a suspensão de importações e o aumento dos testes de qualidade.
A União Europeia trouxe auditores ao Brasil em maio e enviou no início de junho uma carta ao ministro Blairo Maggi solicitando novas medidas para assegurar a qualidade da carne exportada. A UE ameaça impor novas restrições ao Brasil se seu pedido não for atendido.
Os Estados Unidos não chegaram a barrar a carne brasileira após a operação Carne Fraca. No entanto, o próprio ministério da Agricultura impôs medidas preventivas para tentar evitar sanções.
Na última quarta-feira (21), o órgão suspendeu a exportação de carne de cinco frigoríficos para os EUA, por reações adversas à vacina contra febre aftosa.
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