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Escolas de SP registraram 3,6 mil casos de Covid em agosto, primeiro mês de retorno ao ensino presencial

O primeiro mês de retorno às aulas presenciais no estado de São Paulo teve pelo menos 3.668 casos de Covid-19 nas escolas estaduais, municipais e privadas do

Escolas de SP registraram 3,6 mil casos de Covid em agosto, primeiro mês de retorno ao ensino presencial
Escolas de SP registraram 3,6 mil casos de Covid em agosto, primeiro mês de retorno ao ensino presencial

Redação Publicado em 02/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h17


O primeiro mês de retorno às aulas presenciais no estado de São Paulo teve pelo menos 3.668 casos de Covid-19 nas escolas estaduais, municipais e privadas do estado. No total, o estado possui 3,5 milhões de alunos apenas na rede estadual.

Os dados foram obtidos pela produção do SP1, que também teve acesso ao balanço da presença dos alunos da rede estadual no período (leia mais abaixo).

Entre 2 e 31 de agosto, pelo menos 3.668 casos suspeitos notificados no Sistema de Informação e de Monitoramento da Educação para Covid-19 (Simed) tiveram resultado positivo para a Covid-19 no teste RT-PCR, e outros 2.239 casos ainda estão em investigação.

Entre os 3.668 casos positivos, 2.873 são estudantes, 735 são funcionários e 60 são trabalhadores terceirizados das escolas.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação, os casos com RT-PCR positivo são considerados “prováveis” e informados verbalmente às escolas, e ainda é preciso cruzar as informações com as bases de dados da área da saúde para confirmar o resultado do exame.

Ainda de acordo com a pasta, uma terceira edição do boletim do Simed começou a ser preparada em junho, e será divulgada “em momento oportuno”. A edição mais recente do documento foi divulgada em maio.

Notificações de escolas públicas e privadas do Estado de São Paulo entre 2 e 31 de agosto. A secretaria diz que ainda vai cruzar os casos com teste positivo com as bases da saúde. — Foto: Ana Carolina Moreno/TV Globo

Notificações de escolas públicas e privadas do Estado de São Paulo entre 2 e 31 de agosto. A secretaria diz que ainda vai cruzar os casos com teste positivo com as bases da saúde. — Foto: Ana Carolina Moreno/TV Globo

Presença nas aulas

Agosto terminou com cerca de 60% dos 3,5 milhões de alunos comparecendo à escola, ainda que não diariamente, o que representa um universo de mais de 2 milhões de estudantes.

Na rede municipal da capital, dos mais de 1 milhão de estudantes, 64% frequentaram a escola em agosto, 34% fizeram apenas atividades pela internet, e 2% estão dentro do sistema de busca ativa, que é colocada em prática quando o aluno não fez nenhuma das atividades.

Na rede estadual, os dados centralizados de agosto dos “diários de classe” das escolas, que indicam se o aluno esteve presente ou não nas atividades presenciais ou remotas, só serão divulgados em outubro, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação.

A nova realidade das escolas

Em agosto, a realidade de muitas famílias com crianças e adolescente em idade escolar voltou a ficar um pouco parecida com a de antes da pandemia. O retorno às aulas presenciais, mesmo com 100% da capacidade máxima, ainda é feito com revezamento na maioria dos casos. O principal obstáculo ainda é garantir o distanciamento de pelo menos um metro entre as pessoas.

Gabriel Antunes, de 9 anos, estuda na Escola Estadual Dom Agnelo Cardeal Rossi, no Jardim Ângela, e finalmente conseguiu ver sua professora em carne e osso pela primeira vez.

Até julho, o contato era só pela tela do celular. “Tô muito feliz porque eu estava com muita saudade dos meus amigos e também com muita saudade da professora”, afirmou ele ao SP1 na manhã desta quinta-feira (2). “Tô aprendendo ainda um pouco, né, os verbos, eu também tô aprendendo, comprei o caderno de caligrafia, a escrever de letra de mão…”

Para a professora do Gabriel, Ana Paula Cruz, o conteúdo e o currículo das aulas não mudaram com o retorno presencial às escolas, mas o acompanhamento da aprendizagem ficou mais fácil. “Essa questão curricular na verdade não mudou, ela se manteve. É uma forma real, mais próxima, de acompanhar em que nível eles estão, planejar e replanejar e retomar esses conteúdos.”

Mais de um terço das famílias manteve o ensino remoto

Mas, para cerca de 40% dos alunos matriculados na rede estadual em todo o estado, e 34% dos que frequentam a rede municipal da capital, a situação em agosto se manteve praticamente igual à que vem sendo o “novo normal” desde o início da pandemia.

É o caso da Ana Maria, filha do cientista social Pedro Buccini, de 30 anos. Desde março de 2020, a menina, que completa sete anos na semana que vem, não perdeu uma aula remota, sempre acompanhada pelo pai. Nesse meio tempo, ela se formou na pré-escola e começou o primeiro ano do fundamental na Escola Estadual Professora Eliana Passuelo, que fica no mesmo quarteirão do prédio dela, no Parque Nações Unidas, na Zona Norte da cidade.

Mas ela nunca viu pessoalmente a professora com quem está aprendendo a ler e escrever. Em agosto, os pais da garota decidiram que, com a variante delta do novo coronavírus à espreita e sem definição sobre vacinas para crianças com menos de 12 anos, ainda não havia segurança suficiente para que ela voltasse a pisar na escola.

O que mudou no mês passado, porém, é que a turma de estudantes que voltou para as aulas presenciais saltou de seis para 15, e isso alterou a dinâmica escolar. “Então, um dia vai a turma 1, outro dia vai a turma 2. E aí a professora não tem mais esse período para dar a aula remota”, explicou Buccini.

Por isso, Ana Maria agora só tem aulas preparadas pelos docentes da escola na área de artes, já que a professora segue em trabalho remoto, e pelo Centro de Mídia, que são oferecidas a todas as crianças e adolescentes na rede por uma equipe centralizada da secretaria, e não por sua própria professora.

Seu pai assinou um termo junto à secretaria e se responsabilizou a aplicar o conteúdo previsto no roteiro enviado pela professora, e ir à escola toda semana para entregar o trabalho feito pela filha, que é corrigido na escola.

“O acesso ao conteúdo nós temos”, diz ele. “A aula de integração, de didática, de aprendizagem, seria com a escola, que no momento não está acontecendo.”

Em entrevista ao SP1, Henrique Pimentel, chefe de gabinete da secretaria, disse que, além do Centro de Mídia, o governo entregou equipamentos para as escolas transmitirem as aulas online, mas que em alguns casos houve problemas.

“A escola já está com o dinheiro para fazer a instalação, tem os equipamentos. Mas não conseguiu instalar porque não achou o fornecedor da região para poder atender e instalar. A previsão deles é que faça isso na primeira quinzena de setembro.” Segundo Pimentel, “a maioria das escolas conseguiu instalar [os equipamentos]”.

Sem vaga para o retorno

O caso do pequeno Jorge, de três anos, é diferente. Em agosto, ele viu seu irmão mais velho, o Pedro, retornar às aulas do segundo ano do fundamental. Mas ainda passa os dias em casa, agora sem o parceiro de brincadeiras, porque as creches da rede municipal ainda estão com 60% de capacidade máxima. Por isso, no CEI Suzana Campos Tauil, na Vila Clementino, Zona Sul da capital, nem todas as famílias que optaram pelo retorno presencial conseguiram vaga, mesmo que já estejam matriculados.

A mãe de Jorge, Maia Gonçalves Fortes, de 33 anos, explicou que, na primeira semana de agosto, o Conselho Escolar da creche, composto por mães, pais e representantes da escola, fez uma série de discussões e consultas sobre como seria possível garantir o atendimento a todas as crianças que tinham optado pelo retorno presencial. Chegaram a um formato de atendimento de meio período, onde apenas as crianças em situação de vulnerabilidade teriam o atendimento em tempo integral.

A proposta foi protocolada pela diretoria da escola junto à diretoria regional em 9 de agosto. Mas, na segunda passada (30), Maia recebeu um e-mail da coordenadoria responsável por analisar a proposta afirmando que não tinha recebido o documento. Procurada pelo SP1, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que “a proposta para atendimento diferenciado dos bebês está em análise pelo setor responsável”.

Maia agora teme que o filho não consiga fazer a transição da creche para a pré-escola de forma adequada, já que em 2022 ele vai mudar de escola. “Eu passei muito tempo, durante um ano e meio, brigando para as escolas municipais terem investimento e cumprir os protocolos. Me doeu muito o fato de que eu, no momento que eu queria garantir o direito do meu filho, eu não consegui”, afirmou ela.

A prefeitura já anunciou que vai retomar o atendimento a 100% dos alunos nas creches a partir da quarta que vem. Mas, de acordo com Maia, ainda não foi divulgado um protocolo específico para garantir a segurança dos bebês, para quem as regras de uso de máscara e distanciamento de um metro não se aplicam. Em nota ao SP1, a SME afirmou que “para ampliação do atendimento nas creches serão mantidas todas as medidas sanitárias que têm sido adotadas na rede, como o distanciamento, uso de máscaras, álcool em gel e higienização dos ambientes”.

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G1

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