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Em três anos, Bolsonaro leva menos médicos ao povo brasileiro

Por Alexandre Padilha

Em três anos, Bolsonaro leva menos médicos ao povo brasileiro
Em três anos, Bolsonaro leva menos médicos ao povo brasileiro

Redação Publicado em 23/04/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h43


Por Alexandre Padilha

Em três anos, Bolsonaro leva menos médicos ao povo brasileiro

Após três anos do lançamento do “Médicos pelo Brasil”, o governo Bolsonaro anunciou a contratação de 529 médicos que irão atender em 24 estados do Brasil. Para a lembrança de todos, esse programa foi apresentado em 2019 como substituto do programa Mais Médicos, criado em minha gestão no Ministério da Saúde e que proporcionou acesso à saúde a 63 milhões de brasileiros com 18.240 médicos espalhados por 4.058 municípios, sendo 34 distritos indígenas.

A falta de médicos para atendimento nos rincões do país é realidade, mais médicos precisam ser levados para cada canto deste país para as pessoas que mais precisam.

A intenção nunca foi destruir ou criar obstáculos no novo programa, como faz Bolsonaro com o Mais Médicos. Mas queremos que médicos sejam levados para todos os municípios que precisam. O propósito é desmascarar as mentiras anunciadas pelo governo e construir o melhor para o povo, bem diferente do que faz  Bolsonaro.

A decepção é que após três anos do anúncio do programa, ainda na maior tragédia humana que tirou a vida de milhares de brasileiros que é a pandemia da Covid-19, o governo brasileiro anuncia a contratação de apenas 529 médicos e ainda cria mentiras absurdas anulando o Mais Médicos, que de acordo com pesquisas tinha 95% de satisfação dos usuários.

Só para vocês terem ideia: o Mais Médicos levou mais de 2,6 mil profissionais médicos para atendimento em diversos municípios do estado de São Paulo. O Médicos pelo Brasil está levando apenas 41.Ou seja, ao invés de trabalhar para levar mais profissionais para quem mais precisa, o governo inventa mentiras, espalha fake news e desqualifica os médicos cubanos.

Uma parte desses médicos já atuam nos municípios e vão deixar apenas de ser vinculados às prefeituras e passarão a ser totalmente ligados ao governo federal.

Bolsonaro mente ao dizer que o Mais Médicos não foi amplamente debatido nas instâncias constitucionais. A lei do programa foi aprovada pelo Congresso Nacional, Superior Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, além de ser bem avaliado pela sociedade, foi aprovado pelos órgãos de controle e pelo poder judiciário.

O presidente diz que os médicos serão melhor remunerados, mas mentiu quando disse que eles teriam uma carreira de estado, com estabilidade permanente, depois disse que iria contratá-los por CLT, mas na verdade esses médicos irão receber uma bolsa federal por dois anos e só depois serão contratados.

Outra inverdade dita por Bolsonaro é quando ataca os médicos cubanos que atuavam no Mais Médicos. Ele não só ataca os profissionais que abriram mão das suas vidas e convívio com suas famílias para dar dignidade e saúde aos brasileiros, mas também desmerece o profissionalismo alegando que “não sabiam nada de medicina”.

Os médicos cubanos do Mais Médicos eram contratados em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que realizava o pagamento desses profissionais. Bolsonaro mente ao dizer que 80% do salário dos médicos era destinado a Fidel Castro.

Bolsonaro mente ao lançar um programa que contrata 529 médicos mais que na verdade substitui o vínculo dos profissionais que já atuam e cria o programa menos médicos, reduzindo a contratação de médicos, a atenção básica em saúde e a qualidade de vida do povo brasileiro.

*Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política de Lula e da Saúde de Dilma e Secretário de Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.

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