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Em maior sequência na Seleção, Danilo diz viver “plenitude física, técnica e mental”

Titular da seleção brasileira nos últimos nove jogos, o lateral-direito Danilo diz viver o melhor momento da carreira em diversos aspectos.

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Redação Publicado em 16/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h05


Lateral-direito de 29 anos destaca solidez defensiva do Brasil, que enfrenta o Peru, nesta quinta

Titular da seleção brasileira nos últimos nove jogos, o lateral-direito Danilo diz viver o melhor momento da carreira em diversos aspectos.

Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, o jogador da Juventus, da Itália, lembrou sua trajetória na Seleção e destacou a concorrência enfrentada na lateral direita.

– Se você for meu histórico na seleção brasileira, eu perdi também a Copa América 2015 e 2016 por causa de lesão. Uma eu me lesionei no amistoso antes da competição, e na Copa América Centenário eu fiquei fora por operar o mesmo tornozelo. Então, realmente eu já poderia ter tido uma sequência maior, com muitos jogos e podendo estar desempenhando em todas as competições, mas tive esses contratempos. Nesse momento eu posso dizer que me encontro na minha plenitude física, técnica e mental da carreira, e isso reflete nas minhas atuações na Seleção e na Juventus – declarou Danilo, antes de prosseguir:

– Isso de falar sobre afirmação é muito difícil, porque a competição é muito grande (por vaga), e o futebol é muito dinâmico. As coisas mudam muito rápido, mas eu, certamente, me sinto muito mais preparado que em outras oportunidades para contribuir na seleção. Me sinto feliz e procuro aproveitar cada momento. Costumo dizer que a cada manhã, quando acordo e me vejo na seleção brasileira, é a realização de um sonho a cada dia. Procuro desfrutar e aproveitar aqui dentro, e isso vai refletindo dentro da minha sequência que venho tendo nos últimos tempos.

Após vitória na estreia na Copa América, sobre a Venezuela, o Brasil volta a campo nesta quinta-feira, diante do Peru, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.

A seleção brasileira vem de cinco partidas sem sofrer gols. A última vez que foi vazada foi justamente pelo Peru, em outubro do ano passado, pelas Eliminatórias.

– Se você analisar os dois gols que sofremos na partida, se me recordo bem o primeiro foi de uma rebatida onde o adversário acertou um chute muito bonito e tem que dar méritos também. A gente procura se defender e ser agressivo atrás, mas o adversário também trabalha para fazer bem. O segundo gol foi de média/longa distância, a bola rebateu no rodrigo Caio e traiu o Weverton. São eventos que podem acontecer, mesmo com a equipe sendo sólida e trabalhando concentrada atrás. São eventos que podem acontecer. Neste momento e neste jogo, acho que temos que valorizar como reagimos a isso. Foi um evento diferente, onde sofremos dois gols, mas tivemos equilíbrio para continuar jogando, continuar exercendo o que treinamos e trabalhamos. Conseguimos virar o jogo e vencemos até de forma confortável no final, apesar de ter sido um jogo disputado. Fomos fortes, mantivemos a concentração naquilo que a gente trabalha para vencer o jogo. Prefiro valorizar essa parte – comentou Danilo.

Na Copa América, Danilo teria de volta a concorrência de Daniel Alves, mas o veterano do São Paulo acabou cortado por lesão e foi substituído por Émerson Royal.

Aos 29 anos, o jogador da Juventus tem 52 convocações, 32 jogos e um gol pela Seleção, cartel que o deixa à vontade para também exercer uma função de liderança na Seleção:

– Isso é um papel que acontece naturalmente. Apesar de fazer 30 no próximo mês futebol, no futebol moderno essa idade é onde os jogadores se encontram em uma forma física boa e de potência muscular legal. Mas, pela minha trajetória no futebol, pelos clubes que passei e pelo que já vivi, é um papel que vem de forma natural. Aceito bem esse papel e procuro contribuir de forma positiva, fazendo com que os que têm menos tempo se sintam integrados o mais rápido possível e tentando direcionar, junto com os outros atletas, a equipe para um ambiente que seja cada vez mais agradável e propício para desenvolver um futebol bacana. Aceito bem esse papel. Cada um tem que aceitar essa parte de liderança ou de influenciador na equipe, e eu não vejo nenhum problema em aceitar isso e contribuir com o ambiente.

Veja outros trechos da entrevista de Danilo:

Defesa da Seleção

– O Tite bate muito na tecla sobre solidez defensiva. É um aspecto que a gente trabalha muito. Muito mais a parte técnica da situação, mas a parte da concentração, da importância de ser sólido defensivamente. Isso traz uma segurança muito grande para o pessoal do meio-campo e do ataque poder desenvolver o trabalho deles com mais tranquilidade e desenvoltura. É um assunto que damos muita importância, que a gente foca muito tempo da preparação no campo e extracampo, com vídeos e estudando os adversários, revendo atuações anteriores e buscando sincronizar aquilo que pode ser melhorado, para que a gente possa ser ainda mais sólido. Um bom ataque começa com uma boa defesa, e isso também funciona aqui na seleção brasileira. A gente procura ser sólido atrás, e a partir daí todo o resto fica mais fácil de ser desenvolvido.

Titularidade da lateral direita

– Se não me engano, minha primeira convocação foi em setembro de 2011, ou em agosto de 2011, então agora já completa dez anos que estou no ciclo da seleção. É bastante tempo, então já deu tempo de estar ambientado e ser um velho conhecido da casa. Claro que com muito respeito e admiração por todos que fizeram a história da camisa 2 da seleção brasileira, isso é inegável. Entre tantos nomes, eu disputei nesses dez anos o posto com o Daniel Alves e Maicon, então era uma disputa bem complicada, e eu levei sempre como motivação e como uma forma de melhorar. A respeito das lendas do passado, em cada posição tivemos lendas e nomes que foram grandes no futebol mundial. É uma responsabilidade que vem de forma natural, que cada jogador em sua posição tem que enfrentar e saber lidar com isso. Isso serve como motivação de poder representar nossa seleção e poder atuar em posição que tiveram ícones. Isso traz motivação e agradecimento pela oportunidade.

Lateral-direito Danilo agarrou chance como titular da Seleção — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Lateral-direito Danilo agarrou chance como titular da Seleção — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Sequência como titular

– Eu sempre deixei bem claro na minha carreira, principalmente nos clubes, que sou um jogador que me sinto melhor quanto mais minutos eu tenho. Muitas vezes há jogadores que preferem descansar um jogo ou outro, e eu prefiro jogar todos os jogos. Se não me engano, esse é meu jogo de número 54 na temporada, Junto com o Casemiro, acho que sou um dos líderes em minutagem entre os atletas que estão aqui na seleção. Isso corresponde bem àquilo que eu digo, de que preciso de uma sequência maior para estar em melhor forma. Não é uma torcida, o Tite sabe bem o planejamento que tem, o que precisa testar, mas a minha preferência é estar jogando sempre. Me sinto melhor, mais feliz, mais solto e posso corresponder melhor.

Falta de jogos contra europeus

– É uma pergunta muito pertinente, porque a maioria dos jogadores joga na Europa, joga há bastante tempo em ligas competitivas. É claro que quando junta e forma o conjunto, isso ne sempre é uma matemática. Ainda bem que temos um treinador experiente e que lida muito bem com isso, que sabe trabalhar e potencializar cada um, dentro das suas características. Mas eu não considero uma coisa superimportante você fazer jogos contra seleções europeias. Seria interessante fazer jogos contra todos os tipos de escolas para a gente evoluir sempre, mas a maioria dos jogadores está na Europa, têm sabedoria sobre o que pede o jogo contra equipes do futebol europeu. Realmente, se a gente pudesse ter jogos contra diferentes tipos de escola seria bom, mas não vejo como primordial para a gente chegar preparados para a Copa do Mundo ou outras competições.

Evolução tática

– É nostálgico falar um pouco sobre o América e minha passagem por Belo Horizonte. Por incrível que pareça, apesar de ter sido lançado pelo Enderson Moreira e, logo em seguida, o Givanildo ter acreditado bastante em mim, eu tive o momento de maior brilhantismo com o Mauro Fernandes, quando a gente jogava em um sistema que era basicamente um 3-6-1. Eu era um ala pela direita, mas ele me dava liberdade: “Danilo, faz o que quiser no campo”. Eu aparecia pela esquerda, no meio, pela lateral direita, então desde o começo foi um indício do que viria pela frente na carreira. Com a ida para a Europa, e agora estando lá há dez temporadas, tive experiência e atuei em diversas posições, com treinadores de escolas diferentes, e isso fez com que eu aprendesse e ficasse cada vez mais maduro sobre o entendimento tático do futebol. Acho que se eu não aprendesse ou não tivesse melhorado, seria exatamente por culpa minha, porque eu tive oportunidades que nem todos os jogadores têm, de trabalhar com diversos treinadores e escolas diferentes. Isso é um algo a mais, uma coisa que me ajuda a entender minhas capacidades físicas e técnicas, podendo potencializar a parte tática, para eu poder me empenhar e ter números ainda melhores.

Seleção equilibrada

– O Cristiano Ronaldo, que é meu companheiro na Juventus, falou que o importante são os resultados e os números, o resto é conversa fiada. Realmente, no futebol de hoje em dia, com tanto equilíbrio e uma preparação que é muito parecida de todas as equipes, onde todo mundo tem acesso a dados s informações, fica muito difícil surpreender, dar show, como muitas vezes a seleção brasileira e as outras favoritas são cobradas. Eu acredito, sim, no equilíbrio. Acredito nos números e uma leitura do futebol muito além de jogar bem ou jogar mal. Aqui na seleção brasileira a gente tem tido esse tempo de leitura, onde a gente observa cada processo e cada momento do jogo, mostrando números, o que foi eficaz e o que não foi eficaz. É assim que funciona: há quem vence e há quem não vence. O futebol é exatamente assim neste momento, em que ele é muito competitivo. Essa parte de dar show pode ser que alguma equipe possa dar, mas, sem dúvida nenhuma, são os processos de equilíbrio e solidez defensiva são os mais importantes.

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Fontes: Ge – Globo Esporte.

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